Integrating Artificial and Human Intelligence: a partnership in search of responsible innovation

Data March 26, 2021

Por: Felipe Cezar Cabral*

 

Vamos falar um pouquinho de Inteligência Artificial? Ela tem uma enorme inserção na #saudedigital.

 

Desde que o termo “inteligência artificial” foi usado pela primeira vez em 1956 em uma conferência no Dartmouth College, nos Estados Unidos, o desenvolvimento da I.A. foi em parte modelado pelo campo da neurociência. Buscando compreender o cérebro humano, os cientistas tentam construir novas máquinas inteligentes capazes de realizar tarefas complexas semelhantes às dos humanos - certamente as futuras pesquisas em inteligência artificial também vão continuar a se beneficiar do estudo do cérebro humano (1).

 

Ainda que o desenvolvimento da inteligência artificial siga em ritmo acelerado, o uso real da maioria dos algoritmos em engenharia biomédica e na prática clínica está nitidamente abaixo dos seus potenciais mais amplos. Um dos motivos para isso acontecer é o fato de que essas aplicações precisam resistir a testes de validação científica. Por isso, tenha cuidado com app ou software, principalmente na área da saúde, que te entregue "milagre"!

 

No entanto, ao analisar esse contexto, ainda há muito a ganhar combinando Inteligência Artificial com a Inteligência Humana!

 

É o que o artigo publicado no Omics: a journal of integrative biology (1) revela: juntas, a Inteligência Artificial e a Inteligência Humana oferecem a sinergia necessária para que a inovação responsável aconteça, bem como perspectivas para melhorar os cuidados com a saúde, desde a prevenção até o diagnóstico.

 

Não existe inteligência artificial sem uma inteligência humana por trás!

 

A Inteligência Artificial e a transformação digital estão revolucionando quase todos os setores, mas um setor que pode, e já está se beneficiando muito, com os avanços tecnológicos é o da saúde.

 

Conheço algumas startups aqui do Brasil que estão aproveitando muito bem essa dupla inteligência (humana e artificial) para desenvolver produtos interessantes como a Mindify do meu amigo Andre Ramos, Predict Vision do meu amigo Gilberto Takata e Medroom que está sendo acelerada pela GROW+ dos meus grandes amigos Cristiano Englert e Paulo Beck. Só para citar algumas.

 

Pensando nisso, achei interessante compartilhar aqui algumas análises que o artigo publicado no Omics (1) aborda, principalmente as oportunidades e desafios que os médicos e cientistas enfrentam na tentativa de incorporar I.A na engenharia biomédica e na prática clínica.

 

A Inteligência Artificial vai substituir a Inteligência Humana?

 

Estamos interagindo cada vez mais com robôs e inúmeras decisões do nosso dia a dia são tomadas por sistemas inteligentes. Essa interação já faz parte de um caminho sem volta. Mas é importante ter em mente que cada tipo de inteligência possui suas próprias características, o que aponta para o fato de que humanos e máquinas precisam uns dos outros para aumentar a eficiência, inclusive no sistema de saúde.

O futuro da medicina e da engenharia biomédica envolverá a Inteligência Artificial de uma forma ou de outra (1). As redes neurais - sistemas de computação que funcionam como os neurônios do cérebro humano - já estão envolvidas no que chamamos de reconhecimento de padrões, ou seja, os algoritmos conseguem reconhecer padrões, agrupá-los e classificá-los, e, com o tempo, aprendem como melhorar.

 

Varreduras médicas, imagens retinais, eletrocardiogramas, reconhecimento facial e slides patológicos estão agora sendo analisados por meio do uso de redes neurais, por exemplo (1). Os usos atuais da I.A incluem também o monitoramento das taxas de batimento cardíaco, medição constante das funções corporais e metabólitos, diagnóstico de derrame e outros problemas cardíacos, classificação de várias condições patológicas, incluindo câncer e previsão de morte em clínicas (1). Esses são alguns exemplos do que já está acontecendo e que podem nos dar uma noção melhor de que muito ainda está por vir.

 

Assim, devido ao aprendizado contínuo, as redes neurais podem superar os humanos de muitas maneiras no futuro. Isso não significa ainda que seremos substituídos. Pelo contrário: os profissionais da saúde precisam estar preparados para essas mudanças e precisam enxergar a Inteligência Artificial como uma forte aliada, que ao ser trabalhada em conjunto com especialistas, pode fornecer o tratamento ideal para os pacientes (1).

 

Limitações e perspectivas futuras

 

Ao integrarmos Inteligência Artificial com Inteligência Humana, podemos dizer que a humanidade estará bem “servida”. Olhando para o futuro, com a I.A trabalhando junto com cientistas e médicos, será possível fornecer o melhor atendimento aos pacientes sem substituir os especialistas. Isso porque é improvável que a Inteligência Artificial aborde tudo, desde a admissão de pacientes e diagnóstico até a escolha do tratamento. Sem falar que os algoritmos de I.A não têm empatia, emoções e responsabilidades humanas (1). Precisamos levar em consideração também que a saúde humana está interligada com o bem-estar total do indivíduo, ou seja, ser saudável não significa ausência de doenças (1). Assim, aspectos como bem-estar espiritual e social do paciente, que também devem ser cuidados, dificilmente terão tratamentos ou atenção fornecidos por máquinas. Com isso em mente, gosto de pensar que o trabalho em equipe entre Inteligência Artificial e Humana será muito mais vantajoso e eficiente.

 

Ainda há muito o que fazer em termos de validação e implementação no uso da I.A na medicina, mas no momento essa tecnologia requer governança crítica e inovação de supervisão regulatória para torná-la segura e eticamente compatível (1).

 

O uso e o compartilhamento de dados também é um desafio a ser enfrentado - assim como na telemedicina e no uso dos wearables. Todos os algoritmos de Inteligência Artificial requerem algum tipo de treinamento antes de serem validados no ambiente clínico. Isso significa que os dados dos pacientes terão que ser compartilhados entre instituições de saúde e às vezes até entre países (1). É aí que está o desafio: as infraestruturas de saúde e os padrões de privacidade podem ser diferentes entre os países, colocando uma restrição no compartilhamentos de dados. Além disso, questões de segurança, como hackers e divulgações acidentais, precisam ser prioridade máxima (1).

 

As possibilidades para aplicações de Inteligência Artificial na área médica são muito promissoras. Somando isso ao fato de que as aplicações de I.A na rotina da saúde são relativamente recentes, o ideal é que toda a equipe de saúde seja educada sobre Inteligência Artificial e seja capaz de usá-la (1). Os especialistas terão que entender os limites da I.A e, em alguns casos, desconsiderar as sugestões ou previsões baseadas nos algoritmos ao tomar uma decisão final. Isso só será possível se formos capazes de entender e conhecer essas tecnologias (1).

 

Essas decisões exigirão Inteligência Humana, empatia e governança crítica, buscando uma inovação constante e responsável. Estatística, informática e ciências da computação são algumas das novas disciplinas que os futuros alunos de biomédica e de medicina terão de ser ensinados, por exemplo (1). Já os profissionais formados, eventualmente precisarão passar por alguma forma de treinamento para entenderem e serem capazes de usar a tecnologia de I.A.

 

O que você acha dos avanços da Inteligência Artificial? Acha que os profissionais da saúde e os pacientes podem se beneficiar? Ou você possui certo receio de que seremos “substituídos”? Convido você a refletir comigo nos comentários!

 

*Coordenador Médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento

 

Referências Bibliográficas

 

1. Dzobo, Kevin & Adotey, Sampson & Thomford, Nicholas Ekow & Dzobo, Witness. (2019). Integrating Artificial and Human Intelligence: A Partnership for Responsible Innovation in Biomedical Engineering and Medicine. Omics: a journal of integrative biology. 24. 10.1089/omi.2019.0038. 

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