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March 9, 2018 |Institucional
Atualmente, o Brasil está enfrentando um surto de febre amarela. Conforme último levantamento feito pelo Ministério da Saúde*, de 1º de julho/2017 a 20 de fevereiro de 2018, já foram confirmados 545 casos da doença, sendo 264 em Minas Gerais, 208 em São Paulo, 72 no Rio de Janeiro, e um no Distrito Federal.
No Rio Grande do Sul, após oito anos, o primeiro caso de febre amarela foi registrado e divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde. Trata-se de um homem, de 27 anos, que viajou a trabalho, em janeiro deste ano, para São Tomé das Letras, em Minas Gerais. Conforme comunicado oficial do órgão, ele mora em Jaguarão e não possuía histórico de vacina contra a doença.
No retorno da viagem, é essencial estar atendo para o tempo de incubação do vírus, destaca o Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico Infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas da Unidade Iguatemi do Hospital Moinhos de Vento. “A febre amarela possui período de incubação que pode variar de 03 a 06 dias, podendo o indivíduo retornar a sua residência e só apresentar sintomas algum tempo depois. Essa mesma pessoa, portadora do vírus, corre o risco de contaminar alguns mosquitos na sua região e, por consequência, colocar em risco a população local”.
Os sintomas da febre amarela incluem o início súbito de febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas e no corpo em geral, perda do apetite, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após esse quadro.
Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal), choque e insuficiência de múltiplos órgãos, principalmente rins e fígado, levando a morte de 40 a 60% dos casos.
O Ministério da Saúde adverte que não só moradores como as pessoas que irão viajar para as áreas de risco estejam devidamente protegidas contra o vírus da febre amarela, sendo a vacina a principal ferramenta de prevenção e controle da doença. No caso de turistas, deve ser ministrada no mínimo 10 dias antes da viagem, idealmente 30 dias antes, levando-se em conta que pode provocar reações, sendo as mais frequentes no local da aplicação, como dor, inchaço e vermelhidão, que desaparecem em até 48h. Existem também as consideradas muito raras de ocorrer, como encefalite (infecção do cérebro) e doença em múltiplos órgãos (infecção generalizada).
No momento, a vacina está disponível na rede pública. Consulte profissionais da saúde para informações sobre as áreas atendidas pelo Ministério da Saúde. Em menor quantidade encontra-se através da rede privada.
Mais detalhes:
A imunização é recomendada para pessoas que residem ou irão viajar para áreas de risco, a partir dos 9 meses até 59 anos de idade para aqueles que não apresentem contraindicações ao seu uso.
Pessoas pertencentes aos grupos abaixo, o médico deverá avaliar o risco/benefício da vacinação, levando em conta os possíveis eventos adversos pós-vacinação. Entretanto, aqueles que não podem se vacinar devem avaliar viagens para áreas onde o risco de contrair febre amarela é alto.
Pessoas portadoras de doenças que alteram o funcionamento do sistema imunológico (ex. doenças autoimunes, câncer e imunodeficiências primárias) bem como tratamentos que diminuem o funcionamento do sistema de defesa (ex. quimioterapia, radioterapia, imunossupressores – corticoides, agentes biológicos e outros medicamentos utilizados para o tratamento de doenças autoimunes);
crianças de 6 à 8 meses;
gestantes,
mulheres que estão amamentando crianças menores de 6 meses;
pessoas com alergia grave (anafilaxia) a proteína do ovo ou algum componente da vacina;
pacientes portadores de HIV;
pacientes com doenças do timo como miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica;
No Brasil existem dois tipos de vacina contra a febre amarela, ambas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A primeira é a dose padrão (0,5 Ml), que oferece proteção durante várias décadas, e a segunda é a dose fracionada (0,1 Ml), que protege por pelo menos 2 anos.
Conforme estudo publicado pela revista científica New England Journal of Medicine, as doses fracionadas da vacina contra a febre amarela geram anticorpos contra a doença em 98% dos casos. A pesquisa avaliou a mesma vacina utilizada no Brasil e os resultados comprovaram a sua eficácia no combate da epidemia.
Para Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, o fraccionamento é uma estratégia que visa otimizar o uso da vacina disponível, possibilitando imunizar o maior número de pessoas em um curto espaço de tempo, evitando que a doença se alastre causando uma epidemia.
Além da vacinação, o especialista destaca a importância de seguir as demais medidas de prevenção contra picadas de mosquitos, como uso de repelentes, de roupas claras com mangas longas, de calças compridas e de mosquiteiros e telas em portas e janelas.
A febre amarela é chamada de urbana quando transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e de silvestre quando transmitida pelos mosquitos do gênero Haemagogus e Sabethes. Apesar dos mosquitos transmissores serem diferentes em cada ciclo, as características da doença são as mesmas.
*Consulta realizada no dia 02 de março.
Fonte: Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho (CRM: 29512), médico Infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas da Unidade Iguatemi do Hospital Moinhos de Vento.