A cada 40 segundos, uma morte por suicídio acontece ao redor do mundo. Com mais de 800 mil suicídios por ano, sendo mais de 100 mil em pessoas abaixo de 19 anos, o suicídio é hoje a segunda maior causa de morte em pessoas entre 10 e 24 anos de idade. No Brasil, o suicídio é a terceira maior causa de morte nessa faixa etária, perdendo apenas para violência e acidentes de trânsito. Dados da Organização Mundial da Saúde sugerem que cerca de 90% dos casos de suicídio têm como causas os transtornos psiquiátricos, principalmente os transtornos depressivos. A adolescência é um período de muitas mudanças, tanto biológicas como sociais. Essa combinação parece ser particularmente explosiva nessa fase da vida, quando os transtornos depressivos têm um aumento agudo em sua ocorrência, com um a cada 10 adolescentes apresentando sintomas compatíveis com esse diagnóstico. Apesar de grave e perigosa, a depressão em adolescentes pode não ser identificada. Diferentemente da depressão em outros momentos da vida, durante a adolescência, muitas vezes, os indivíduos com depressão conseguem ter momentos em que ficam animados e até felizes com algumas situações, o que faz familiares e amigos entenderem que não há um problema e que não há razão para preocupação. No entanto, esses momentos de reação positiva do humor acabam sendo pouco duradouros, e logo a sensação é substituída por sentimentos de tristeza, irritabilidade ou perda do interesse e prazer nas atividades. Em função do desenvolvimento cerebral ainda incompleto nessa fase, adolescentes tendem a ser mais impulsivos, o que os coloca em maior risco de tentativas de suicídio secundárias a frustrações e decepções, fatos muito comuns nessa faixa etária. Adicionalmente a isso, a experimentação de substâncias como o álcool, maconha e outras drogas, comportamento bastante frequente nesse período da vida, pode aumentar ainda mais esse risco. Outro comportamento muito frequentemente identificado nos dias de hoje é o que é chamado de autolesão não suicida, quando os adolescentes provocam machucados em seu corpo, como cortes, arranhões ou queimaduras, com o intuito de buscar alívio de seu sofrimento emocional, mesmo não havendo nenhuma ideia de morte ou suicídio associada. Pode ser bastante difícil para um pai ou uma mãe diferenciar o que é normal para a idade ou o que é sinal de que algo está errado com seus filhos. Muitos pais, ao se depararem com alterações de comportamento de seus filhos, buscam orientação, na internet ou com profissionais da área, sobre como identificar o que está ocorrendo e o que fazer para evitar que os filhos sofram.
Um dos mitos é que “quem fala em suicídio não se mata de verdade, só quer chamar atenção”
Diversos mitos em relação ao suicídio ainda fazem com que esse tema seja tabu entre as famílias. Um dos mitos é que “quem fala em suicídio não se mata de verdade, só quer chamar atenção”. Esse pensamento é equivocado, já que a grande maioria das pessoas que morreram por suicídio informa sobre seus pensamentos e intenções antes de tentar se suicidar. Outro mito é que “crianças não se matam”. O suicídio já figura entre as 15 maiores causas de morte em crianças entre 5 e 14 anos no Brasil, e os dados em adolescentes apontam que o suicídio é uma das principais causas de morte no mundo todo. Mas o mito mais perigoso é aquele que “perguntar para alguém que está deprimido sobre suicídio pode dar ideias e aumentar o risco dela se matar”. Os dados científicos mostram exatamente o contrário – os adolescentes se sentem aliviados em poder conversar sobre suas angústias e sofrimentos, REDUZINDO o risco de cometer algum dano contra si.  

Mas como identificar, como saber se meu(minha) filho(a) está passando por problemas?

Modificações de comportamento podem ser indícios de que algo não está bem. Retraimento ou maior isolamento social, perda de interesse nas atividades que costumava gostar, oscilações abruptas do humor, com crises de tristeza, choro ou raiva, além de alterações no padrão de sono ou apetite podem ser sinais de que alguma coisa possa estar ocorrendo.

Eu acho que meu filho está deprimido e tenho medo que ele faça alguma coisa contra ele. O que posso fazer para tirar isso da cabeça dele?

A experiência clínica sugere que, mais importante do que falar algo para alguém que está deprimido ou com ideias de morte ou suicídio, oferecer um momento de escuta compreensiva, sincera, respeitosa, atenta e não julgadora pode ter um efeito de importante alívio. Colocar-se à disposição do adolescente para que esse se sinta autorizado a falar sobre tudo o que sente e pensa pode, muitas vezes, abrir espaço aos pais ou responsáveis para compreender o que está ocorrendo e pensar juntamente com o adolescente em formas de obter ajuda. Uma vez suspeitado ou eventualmente identificado um quadro depressivo ou de risco de suicídio, é fundamental a avaliação do quadro clínico por profissional especialista em saúde mental de crianças e adolescentes, para que seja definido um plano terapêutico conforme os riscos e a gravidade dos sintomas, que pode passar por orientação, psicoterapia, uso de medicações, ou a combinação dessas diferentes abordagens.  
Fontes: http://www.who.int/gho/mental_health/suicide_rates/en/ https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/ Validação: Dr. Thiago Botter Maio Rocha – CREMERS 31966, Psiquiatra do Corpo Clínico do Hospital Moinhos de Vento

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