Com a chegada das festas de fim de ano e a oportunidade de presentear a criança ou o adolescente com um smartphone, um tablet e até mesmo um iphone, esquecemos de considerar os limites quanto ao uso dessas mídias e o acesso a jogos eletrônicos, às redes sociais e a sites com conteúdo impróprio. Os efeitos do uso contínuo, descontrolado e como estabelecer efetivamente os limites ainda geram discussões e dúvidas em muitos pais. Em 2013, a Academia Americana de Pediatria  e a Sociedade Canadense de Pediatria foram taxativas e chegaram a afirmar que crianças de 0 a 2 anos não devem ter nenhuma exposição a essas mídias; que crianças de 3 a 5 anos devem ser limitadas a uma hora de exposição por dia, e crianças e adolescentes de 6 a 18 anos devem ser restritas a duas horas por dia.
Por quanto tempo meu filho pode ficar conectado ao iphone, ao ipad?
Por quanto tempo meu filho pode ficar conectado ao iphone, ao ipad? Prejudica a visão? A dor de cabeça dele pode estar associada ao uso? Está dormindo pouco, pode ser por conta disso? São perguntas frequentes no consultório, de acordo com o pediatra, chefe de serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento, Dr. João Krauzer. “Os pais, de uma maneira geral, sabem que o uso abusivo dessas mídias não é adequado, mas preocupam-se mais quando os filhos são crianças maiores que já têm, de certa forma, vontade própria, geralmente em torno dos cinco, seis anos. Já na fase da adolescência, a preocupação está ligada à possibilidade de acesso a sites violentos ou associados à pornografia”, explica. Pesquisas mostram que, entre zero e dois anos de idade, o cérebro da criança triplica de tamanho e continua em estado de desenvolvimento acelerado até os 21 anos de idade, determinado pelos estímulos do ambiente ou pela ausência deles. Também já foi comprovado que o estímulo a um cérebro em desenvolvimento causado por superexposição a celulares, a iPads, a tablets e também à televisão, é associado ao déficit de funcionamento executivo e atenção, atrasos cognitivos, prejuízo da aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição da capacidade de se autorregular, por exemplo, os acessos de raiva. “A maior parte dos pais esquece que, quando são bebês, há o uso abusivo por eles mesmos para distração e entretenimento, sem perceberem que já estão estimulando de forma errônea o uso e facilitando o acesso a essas mídias”, ressalta Dr. Krauzer. Ao falar sobre alguns sintomas relacionados ao uso excessivo, o pediatra destaca que, dependendo da faixa etária, observa nos relatos um certo isolamento social, tendendo a manifestações depressivas, ansiedade, insônia, stress e a chamada nomofobia que é o medo de estar sem o aparelho celular e ficar verificando respostas e comentários a respeito do que foi publicado, quantas curtidas determinada foto recebeu, gerando certa dependência. “Tensão muscular, dores na coluna, principalmente na região cervical, podendo levar ao processo inflamatório dessa região, à nevralgia occipital. Dores nas articulações das mãos, devido aos movimentos repetitivos. Obesidade também costuma estar presente, pois cada vez menos praticam esportes. Limitação do campo visual pelo uso reiterado e prolongado são os sintomas físicos mais comuns”, acrescenta.
“Os pais devem ficar atentos principalmente à mudança de comportamento”
“Os pais devem ficar atentos principalmente à mudança de comportamento, às respostas agressivas, ao desinteresse pelos assuntos da família, tendência ao isolamento. Uso repetido de analgésicos para dor nas costas e dor de cabeça. No caso das crianças pequenas observar os marcos importantes no seu desenvolvimento: sentar, engatinhar, andar, falar. As dificuldades de aprendizado, déficit de atenção, impulsividade e agressividade aspectos que não são esperados numa faixa etária menor de dois anos. A limitação de tempo de uso pode ser combinada previamente com os filhos, obedecendo uma regra pré-estabelecida, e que deve ser seguida à risca. Revisão com seu pediatra para discutir esse assunto, podendo o profissional pactuar com os pais e a criança quanto ao tempo de uso. Vigiar os sites e vídeos que estão sendo acessados e estimular uma alimentação adequada, diminuindo o consumo de açúcares e farináceos, priorizando sempre o consumo de frutas e de água. Estabelecer horário de sono, retirar do ambiente do quarto da criança o celular, principalmente na hora de dormir. Corrigir postura viciadas durante o uso. Estimular a prática de exercícios físicos de forma regular. Mas, sobretudo, penso que uma das melhores formas de educar é dando exemplos positivos e que talvez esteja na hora das famílias desenvolverem mais atividades em conjunto”, finaliza.
Fonte: Dr. João Ronaldo Mafalda Krauzer (CRM 17262), chefe de serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1