“Sem diálogo e convivência genuína, não há como um adolescente fazer boas escolhas”, alerta especialista.
As últimas notícias acerca do “jogo” Baleia Azul têm chamado atenção sobretudo dos pais, das autoridades e também de muitos adolescentes em todo o país, devido ao número de casos de automutilação e tentativas de suicídios registrados nos últimos dias relacionados de alguma forma ao fenômeno. Até o momento, pelo menos oito estados brasileiros já emitiram alertas policiais e de saúde relacionados ao tema. A fim de expandir as reflexões e a atenção a respeito do assunto, a psiquiatra do Hospital Moinhos de Vento, Claudia Hilgert Gewehr, respondeu algumas questões para o Blog Saúde e Você.

Quando este assunto chegou aos consultórios?

Sempre houve casos de adolescentes que se automutilam ou falam que pensam em morrer, sumir, acabar com tudo, mas, desde o final de março, tem chamado atenção os casos de tentativas de suicídio e parassuicídio basicamente pelo número de ocorrências em um curto espaço de tempo. Geralmente esses casos ocorrem ao longo de um período de tempo maior, dois, três meses.  

Quais as principais dúvidas dos adolescentes e dos pais?

Os adolescentes estão vivendo um estresse emocional grande, sentem-se sozinhos e sem esperança. Mencionam problemas com a família, a escola, os amigos e não veem solução, pensam em sumir, agem muito por impulso. Se angustiam por não terem perspectiva de melhora. Já os pais, ficam em choque por não terem percebido nada de alterado antes, se culpam muito por não estarem mais presentes e perguntam onde erraram e o que deveriam ter feito pra evitar.  

Quais os sintomas relacionados?

É muito comum sentirem-se tristes, desvalorizados, sem esperança. Há casos de auto lesão com cortes em pulsos, pernas, arranhões… Passam a maior parte do tempo sozinhos, sem contato físico com amigos ou familiares, imersos no meio digital, falam em morte, sumir, desaparecer, perda do interesse por atividades que antes gostavam, irritabilidade, mudança de hábitos alimentares e sono, recusa escolar.

A que se deve a adesão a este tipo de dinâmica entre os adolescentes?

Um pouco pela curiosidade natural dessa fase, com estímulo para testar os próprios limites, do corpo e da sociedade, e, parte, por não sentirem que tem alguém responsável por perto com quem possam contar, desabafar. Também pode ser uma tentativa de se encaixar em algum grupo, fazer parte de algo, já que estão formando suas personalidades e precisam de experiências pra dizer do que gostam ou não. Sem alguém pra colocar limites e falar sobre as consequências dessas e outras experiências, sem diálogo e convivência genuína, não há como um adolescente fazer boas escolhas.  

Como os pais podem abordar este assunto com os filhos sem assustá-los e gerar um pânico generalizado?

Estar atento aos gostos e hábitos do filho, ter tempo pra conversar sobre como foi o dia, estar disponível pra falar sobre qualquer assunto que angustia os filhos e não só pra cobrar, dar bronca quando erram. Precisam sempre saber com quem estão os filhos, o que estão fazendo e onde, é uma forma de demonstrar que se importam com eles estão disponíveis pro que for necessário. A adolescência é uma fase muito rica que pais e filhos podem viver de uma forma plena, agregando experiências importantes a ambos. Como pais e cuidadores precisamos estar próximos deles sem invadir esse espaço, mostrando atenção e cuidado genuíno. Em movimento contrário foi criado o Baleia Rosa com a mesma dinâmica de propor desafios visando à autoestima e o amor à vida. Acesse: www.facebook.com/eusoubaleiarosa
Fonte: Claudia Hilgert Gewehr (CRM: 30896), psiquiatra do Hospital Moinhos de Vento

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1