Quando se fala em cirurgia robótica, para alguns, pode parecer algo digno de ficção científica. No entanto, essa é uma tecnologia que já está ajudando a salvar vidas em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já há milhares de robôs cirúrgicos em operação. Essa tecnologia, que começou a dar seus primeiros passos ainda na década de 1980, apresenta inúmeras funções e facilidades, sendo reconhecida, sobretudo, em razão da precisão proporcionada e dos benefícios gerados ao paciente – incluindo menos dor e possibilidade de sangramento, menor tempo de internação e um melhor pós-operatório. Para esclarecer melhor essas questões, convidados o Dr. André Berger, Coordenador do Núcleo de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento. A seguir, tire suas dúvidas sobre o tema.

O que é a cirurgia robótica?

Antes de qualquer coisa, é preciso desfazer um mito: a cirurgia robótica não é feita exclusivamente ou conduzida por um robô. O Dr. André Berger esclarece que “o robô não faz nada sozinho: ele é uma ferramenta que é utilizada pelo cirurgião, ou seja, a experiência da equipe continua fundamental para que toda a potencialidade da tecnologia robótica possa ser utilizada. Assim, para que a cirurgia robótica apresente os benefícios esperados, é essencial que ela seja conduzida por um cirurgião experiente que conheça em profundidade a anatomia cirúrgica, o problema do paciente e que seja bem treinado em utilizar a tecnologia robótica”. Com isso, esses robôs cirúrgicos, entre outras coisas, possibilitam que o cirurgião tenha uma visão muito melhor da área a ser operada, o que proporciona maior precisão na manipulação dos órgãos e nos procedimentos realizados. O Dr. André esclarece que “a tecnologia robótica possibilita uma visão em alta definição, em três dimensões. A cirurgia com plataforma robótica também oferece instrumentos que são pequenos e com flexibilidade muito grande, o que permite que se chegue em áreas profundas do corpo (como a pelve onde está a próstata) de uma maneira segura e controlada. O médico consegue, com isso, uma visão superior em três dimensões, em alta definição, o que resulta em uma cirurgia muito precisa. As câmeras da plataforma robótica permitem que o médico veja os órgãos com um aumento de 20 vezes”, enfatiza. E essa tecnologia já está disponível para uma série de tratamentos, conforme destaca o Coordenador do Núcleo de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento: “Por exemplo, quase todas as cirurgias que são feitas no abdômen do paciente podem ser realizadas com a robótica – isso inclui cirurgias para câncer de rim; cirurgias benignas do rim; cirurgias para câncer de próstata; cirurgia para aumento sintomático da próstata; cirurgia para câncer de bexiga; cirurgia para situações de prolapso tanto de bexiga quanto de vagina, entre outras. Além disso, outras especialidades podem se beneficiar dessa tecnologia que pode ser empregada na cirurgia torácica (para câncer de pulmão, por exemplo), ginecológica (para câncer de ovário e de colo de útero, além de retirada parcial de útero), cirurgia colorretal (para câncer de reto, colo), digestiva (obesidade, vesícula, câncer de estômago e de pâncreas), também para problemas de apneia do sono e, até mesmo, para a reconstrução da mama.”

Vantagens da cirurgia robótica em relação à cirurgia tradicional: exemplos da área da urologia

Além da precisão e do alto nível de segurança proporcionados, essa tecnologia permite também que se executem procedimentos cirúrgicos menos invasivos e com melhor e mais rápida recuperação, conforme explica o Coordenador do Núcleo de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento. “A cirurgia tradicional da próstata é feita com um corte grande na barriga do paciente que, em geral, é acompanhado de um sangramento maior e de uma demanda de taxa de transfusão sanguínea significativa para os pacientes que se submetem a esse tipo de cirurgia. Além disso, como o corte é grande, o paciente demora mais tempo para se recuperar, ficando um período maior afastado de suas atividades laborais e físicas também. Já na cirurgia realizada via robótica, os cortes são muito pequenos, eles têm em torno de meio centímetro (são cinco cortes que se fazem no geral), as chances de o paciente ter sangramento significativo são muito baixas, assim como a probabilidade de ele precisar de transfusão sanguínea. Além disso, como os cortes são pequenos, os pacientes retornam muito mais rapidamente para suas atividades cotidianas, laborais e físicas – praticamente não há restrição para atividade física após uma cirurgia de câncer de próstata via robótica”, resume o especialista.

Cirurgia robótica para câncer de próstata no Hospital Moinhos de Vento: resultados já alcançados

O Dr. André, que acompanha como proctor ou realiza as cirurgias da urologia (incluindo os casos de câncer de próstata, de bexiga e rim), tem uma experiência que excede 3 mil casos de cirurgia robótica, todos em cirurgia urológica, a maioria para câncer de próstata. Essa expertise foi fundamental para posicionar os resultados da equipe do Moinhos entre os melhores do mundo nesse segmento. Os pacientes de prostatectomia radical por robôs (isso é, de cirurgia robótica para retirada da próstata) do Hospital Moinhos de Vento têm uma taxa de margem negativa, ou seja, de retirada completa do tumor, em 94% das vezes, percentual que é superior até mesmo aos dos melhores centros do mundo. No caso do câncer de próstata, uma preocupação recorrente é com o controle da urina após o procedimento. Na cirurgia convencional, isso pode ser bastante problemático. No entanto, os resultados alcançados pela equipe do HMV são bastante positivos: “Em 70% dos casos, os pacientes submetidos à cirurgia robótica já realizam o controle da urina logo após a retirada da sonda do pênis do paciente, sem apresentar incontinência urinária em 24 horas. Em duas semanas, mais de 85% dos pacientes controlam a urina completamente e, em 3 meses, mais de 95% dos pacientes têm esse controle”, esclarece o especialista. Outro ponto que comumente gera preocupações diz respeito à preservação da função sexual, já que os nervos responsáveis pela ereção estão em íntima relação com a próstata. “Então, para fazer uma preservação máxima da função sexual do paciente, é preciso uma equipe experiente, que consiga retirar a próstata com margens negativas e preservar ao máximo os nervos responsáveis pelas ereções. Nos procedimentos realizados no Hospital Moinhos de Vento, em um período de três meses, 83% dos pacientes recuperam a capacidade de ereção de modo satisfatório para terem relações sexuais”, esclarece o Dr. André. Para saber mais sobre essa tecnologia, leia também o artigo que preparamos sobre como a cirurgia robótica está revolucionando o tratamento de câncer de próstata.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1