A anemia é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal. Mas você sabia que existem vários tipos de anemias e que elas podem ser causadas pela deficiência de vários nutrientes, como zinco, vitamina B12, proteínas e ferro? Para compreender o assunto, esclarecemos algumas dúvidas com o Dr. Antônio Carlos Campos Dalmeida, hematologista do Hospital Moinhos de Vento. Confira, abaixo, a entrevista completa e exclusiva:

 

1. Quais são os tipos principais de anemia e suas causas?

As anemias são definidas pela redução dos índices do hemograma (como eritrócitos, hematócrito e, principalmente, a hemoglobina). O curioso é que existem valores de referência para cada população, que podem variar de acordo com o sexo, idade e região estudada. Em áreas que ficam acima do nível do mar, como montanhas, por exemplo, os índices são mais elevados devido ao ar rarefeito (que tem menos concentração do oxigênio).

 

As anemias mais comuns são as causadas por:

- deficiência de ferro;

- doenças crônicas (como inflamação aguda e crônica, incluindo muitos tumores malignos);

- problemas decorrentes da insuficiência renal;

- estados hipometabólicos, como desnutrição proteica;

- deficiências endócrinas (como hipotireoidismo);

- lesões da medula óssea causadas por infecções ou agentes tóxicos (como o benzeno);

- medicamentos (anti-inflamatórios; antibióticos; antitireoideanos; anticonvulsivantes, etc.)

- doenças hematológicas malignas, como as leucemias e linfomas, por exemplo.

 

Ainda existe um grupo de anemias associadas a causas congênitas como a anemia falciforme e as talassemias, que podem expressar-se precocemente ou tardiamente, de acordo com a expressão herdada (homozigose ou heterozigose).

 

2. Como identificá-las?

As anemias são quadros clínicos definidos pela redução da oxigenação tecidual e suas manifestações. Os órgãos que precocemente apresentam os sintomas são do sistema nervoso.

 

Os principais sinais são dor de cabeça, desânimo, cansaço, irritabilidade, sonolência ou insônia, problemas cardiovasculares com falta de ar progressiva, palpitações e frequência cardíaca aumentada, de acordo com a instalação da anemia. O aparelho osteomuscular também apresenta alterações, como dores nas pernas.

 

A visualização das perdas sanguíneas pode dar uma ideia da causa desencadeante da anemia, como, por exemplo, um fluxo menstrual excessivo, com múltiplas trocas de absorventes e coágulos. Também pode haver a presença de sangue no vaso sanitário, no papel higiênico ou nas fezes após a evacuação. Isto pode estar associado a uma doença do trato gastrointestinal.

 

3. A que especialista recorrer em casos de anemia?

Via de regra, o diagnóstico inicial é realizado em crianças pelo pediatra. Nos pacientes adultos, pode ser feito pelo clínico geral, ginecologista ou urologista. Já o hematologista, especificamente, costuma ser procurado quando as terapias iniciais não produzem a resposta esperada ou a causa da anemia é decorrente de uma doença hematológica específica (como mielodisplasias e leucemias, por exemplo).

 

4. Existe alguma estimativa de quantas pessoas convivem com este problema no país ou no mundo?

De acordo com a 19ª edição da clássica coleção de livros sobre a Medicina Interna, “Harrison’s Principles of Internal Medicine”, a deficiência de ferro é uma das formas mais prevalentes de má nutrição. Globalmente, 50% das anemias são atribuíveis a esta carência, sendo responsáveis por cerca de 841 mil mortes anuais. A África e partes da Ásia são as regiões mais vulneráveis e registram 71% destes óbitos. Já a América do Norte representa apenas 1,4% da morbidade e da mortalidade associadas à falta de ferro.

 

Já as anemias decorrentes de doenças crônicas estão entre a segunda causa com maior número de casos. Entretanto, à medida que a população envelhece, esta incidência aumenta em função de doenças crônico-degenerativas, como as autoimunes e os cânceres.

 

5. Que conselho o senhor daria aos pacientes, neste sentido?

Sugiro fazer as consultas com a periodicidade recomendada pelo seu médico assistente e realizar os exames laboratoriais periódicos solicitados por ele, pois nosso papel é evitar as doenças ou tratá-las precocemente, pois os resultados serão melhores, com menos complicações e insucesso.

 

Parafraseando um trecho do “Harrison’s Principles of Internal Medicine”: “Como os médicos de hoje lutam para integrar quantidades grandes de conhecimento científico à prática cotidiana, é crucialmente importante que eles se lembrem de duas coisas: primeiro, que a meta final da medicina é evitar a doença e tratar os pacientes; e segundo, que, apesar de avanços científicos, o cultivo da relação íntima entre o médico e o paciente ainda reside no coração do cuidado bem-sucedido do paciente”.

 

Fonte: Dr. Antônio Carlos Campos D Almeida (CRM 12372), hematologista do Hospital Moinhos de Vento.

 

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