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November 19, 2020 |Institucional
A Semana Mundial de Uso Consciente de Antibióticos ocorre no mês de novembro e tem como objetivo alertar para o uso adequado e seguindo as recomendações médicas. Os antibióticos, ou antimicrobianos, são usados principalmente para prevenir e tratar infecções bacterianas. A utilização indevida desses medicamentos pode acarretar na resistência da bactéria.
Apesar de ocorrer naturalmente, o uso da medicação por um período inadequado ou para combater o tipo de enfermidade que não é a recomendada, acaba por agravar a resistência dos microorganismos. Por isso, é necessário ter um controle maior, para evitar que a banalização desses medicamentos deixe médicos e pacientes sem opção de tratamento.
Para orientar sobre o uso adequado dos antibióticos, convidamos o Dr. Alexandre Zavascki, infectologista do Hospital Moinhos de Vento.
Tratamento com antibiótico
Não existe idade mínima e nem máxima para realizar o tratamento com antibióticos, o que pode variar em cada caso é a dose e período. Alguns antimicrobianos já possuem uma dose fixa, em outros casos é preciso ajustar conforme peso, idade e outros fatores. Nas infecções virais eles não têm efeito.
Alguns medicamentos possuem efeitos colaterais que podem variar como alergias, náusea e diarreia, mas depende do tipo utilizado. Entre os mais sérios, mas menos comuns, estão os choques anafiláticos e as infecções pela bactéria Clostridioides difficile, que é uma inflamação do intestino grosso (cólon), e que costumam acontecer com o uso prolongado.
Já o uso repetido do antibiótico também pode trazer complicações, por isso é importante informar o seu médico, caso tenha consultado com outro especialista. O mais comum é acometer a microbiota, ou flora intestinal, causando a disbiose (desequilíbrio entre as bactérias boas e ruins residentes no intestino), além da resistência ao medicamento.
Isso não quer dizer, de modo algum, que se deva deixar de utilizar os antibióticos – estes são tratamentos fundamentais para eliminar bactérias e lidar com as doenças provocadas por elas. O que é crucial é que se faça o uso desse recurso de modo adequado, a fim de não gerar impactos negativos em nossa saúde e de não agravar o problema da resistência aos antibióticos, uma das maiores preocupações mundiais para a saúde pública.
Cuidados e orientações
Entre os principais alertas estão a automedicação e a interrupção do tratamento. No primeiro caso, os riscos são muitos, pois a pessoa pode estar ingerindo um medicamento que não vai ajudar, ter efeitos colaterais adversos e ainda não terá a solução para o problema. Conforme a Anvisa, entre os principais erros estão:
Aceitar a recomendação de qualquer pessoa que não seja médico, dentista ou enfermeiro (caso dos programas do SUS).
Tomar antibióticos quando estiver gripado ou com a garganta inflamada.
Usar um medicamento que foi recomendado para outra pessoa. Os sintomas podem ser parecidos, mas a doença e necessidade de tratamento podem ser outras.
Tomar os antibióticos que sobraram de um tratamento anterior, sem passar por avaliação profissional.
No caso de interromper com o tratamento, é difícil saber se a medicação já conseguiu combater a bactéria, por isso é recomendado que siga as orientações do especialista que receitou o medicamento. Em muitos casos, a infecção não foi completamente tratada e pode retornar.
Inclusive, também é preciso avaliar se o paciente está tomando alguma medicação que não pode ser ministrada junto com o antibiótico, uma vez que acaba prejudicando o efeito.
Resistência aos antibióticos
O Hospital Moinhos de Vento, juntamente com os cinco Hospitais de Excelência, através do PROADI-SUS, participa do estudo observacional intitulado IMPACTO MR – PERFIL. O Moinhos atua na coleta de informações para a plataforma, além de avaliar o perfil e os processos das CCIH e laboratórios de microbiologia dos hospitais participantes.
O objetivo é apoiar o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos, organizado pela organização Mundial da Saúde (OMS), sob responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O IMPACTO MR visa registrar informações clínicas, microbiológicas e de custos, no âmbito de UTI, em uma plataforma de pesquisa colaborativa.
A partir das informações coletadas nesse processo, serão realizados estudos para avaliar a estrutura e processos de CCIH e laboratórios de microbiologia, os fatores de risco para aquisição de Microrganismos resistentes (MR), o impacto clínico e econômico da aquisição de MR e a acurácia dos dados de IRAS e MR reportados à ANVISA.
Fonte: Dr. Alexandre Zavascki, chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento.