A Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) explica que uma a cada dez mulheres sofre com esta doença no Brasil. Cerca de 57% das pacientes têm dores crônicas e mais de 30% dos casos levam à infertilidade. De acordo com o Dr. Pablo Wesz Nascimento, médico ginecologista do Hospital Moinhos de Vento, estes números reforçam a importância do diagnóstico e a necessidade de ampliar a divulgação de informações sobre este distúrbio.
A cirurgia é sempre indicada para o tratamento da endometriose?
Conforme o especialista, que também integra o Centro da Mulher do Moinhos, a cirurgia será um recurso utilizado em alguns casos, mas não em todos. “Independente (da endometriose) ser profunda ou superficial, a definição do tratamento cirúrgico passa, principalmente, pelos sintomas sem resposta a tratamentos medicamentosos, com acometimento em estruturas ou órgãos que tragam prejuízo à saúde da mulher”, revela. “Então, sempre reforço que o diagnóstico de endometriose não é uma sentença de cirurgia”, afirma.
O que caracteriza a endometriose? E quando é considerada profunda?
Segundo o Dr. Pablo Wesz Nascimento, a endometriose é o crescimento de tecido similar ao encontrado dentro do útero (chamado de endométrio) fora deste órgão; usualmente na pelve. É considerada profunda quando acomete uma invasão no tecido superior a 5 mm de extensão, apesar do grau de dor ou local de implantação.
Quais são os sintomas mais comuns da endometriose?
O especialista observa que os sintomas mais comuns são os chamados “6Ds”:
1. Dor pélvica/distensão;
2. Dismenorreia (dor período menstrual);
3. Dor ao evacuar;
4. Dor ao urinar;
5. Dispareunia (dor na relação sexual);
6. Dificuldade em gestar.
Na média, qual é o percentual de pacientes que chegam ao seu consultório em estágios mais avançados da doença?
“Devido à minha área de atuação, a maioria das pacientes chega até o meu consultório em estágios mais avançados da endometriose. Diria mais de 90% delas”, analisa o Dr. Pablo, que também é responsável por cirurgias robóticas neste segmento.
As cirurgias robóticas são mais procuradas, atualmente?
“Sim, percebo uma procura crescente pela robótica, pela tecnologia na saúde e nas cirurgias, em especial”, avalia. “A evolução tecnológica é uma realidade, sempre buscando unir a melhor tecnologia à melhor técnica em benefício das nossas pacientes”, ressalta.
Quando o Hospital Moinhos de Vento começou a utilizar a cirurgia robótica como ferramenta para procedimentos mais complexos, como o tratamento da endometriose profunda?
Desde 2019, este tipo de procedimento está disponível no Hospital. “As vantagens para as pacientes são referentes a técnica minimamente invasiva, que possibilita ao cirurgião realizar cirurgias complexas em regiões da pelve de difícil acesso, com menor trauma cirúrgico, melhor precisão e excelência na síntese dos tecidos, possibilitando um pós-operatório de mais rápida recuperação, sem a necessidade de internação em vários casos, o que possibilita um retorno ágil às atividades usuais”, garante.
Após a cirurgia, a paciente ainda corre o risco de voltar a ter endometriose?
O Dr. Pablo Nascimento relata que a endometriose pode ter comportamentos distintos em cada mulher. “De maneira geral, uma cirurgia bem executada com excisão (ou retirada) dos focos minimiza a recorrência. Entretanto, é importante entender a diferença entre persistência e recorrência da doença”, salienta.
O que o senhor recomenda às leitoras, que sentem algum sintoma ou têm grandes sangramentos no período menstrual?
De maneira objetiva, ele aconselha:
- Não normalize sintomas ou sinais que atrapalhem sua condição de saúde;
- Busque informações em fontes sérias;
- Questione seu médico;
- Discuta com o especialista opções de tratamento e, assim, ganhe tempo para escolher a melhor opção no seu caso.
Fonte: Dr. Pablo Wesz Nascimento (CRM 30613) é médico ginecologista e integra o Centro da Mulher do Hospital Moinhos de Vento.