O câncer infantojuvenil abrange um conjunto de diferentes enfermidades, a manifestação varia de acordo com a localização primária do tumor, tipo histológico, sexo e idade da criança, entre outros fatores. Depois da leucemia, os tumores cerebrais são os mais frequentes na infância, correspondendo a quase 50% dos casos de tumores sólidos nesta faixa etária. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) publicados no A.C Camargo Cancer Center a expectativa é de que 12 mil novos casos de tumores cerebrais infantis sejam registrados até o fim de 2020, ou 35 novos casos a cada 100 mil crianças.

O tumor cerebral na infância é uma doença séria que, se diagnosticada precocemente, tem altas chances de cura. Conversamos com o médico neurologista do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Jorge Wladimir Junqueira Bizzi, a fim de destacar algumas características da doença e entender como têm sido os tratamentos nos últimos anos.

Tipos e sintomas

De maneira geral, existem formas distintas de tumor cerebral - que podem ser benignos ou malignos. A maioria deles são chamados de gliomas. Segundo a American Cancer Society, os gliomas compreendem quase metade de todos os casos de tumor cerebral infantil. Eles podem se formar praticamente em qualquer parte do cérebro e da medula, mas em casos infantojuvenis a maior parte das ocorrências acontece na parte inferior do sistema nervoso central (SNC), como cerebelo e tronco cerebral.

A origem é diversa, e fatores como genética e predisposição hereditária não determinam o surgimento da doença. Mesmo assim, existem algumas síndromes genéticas que possuem tendência em causar tumores cerebrais e podem ser passadas de pai para filho, como no caso da neurofibromatose e esclerose tuberosa.

Na maioria das vezes, os sintomas incluem dor de cabeça e vômitos com intensidade e frequência progressiva, crises convulsivas, diminuição de força em algum membro e alterações visuais. Mas crianças em fase de desenvolvimento da linguagem e comunicação costumam apresentar queixas pouco claras. Nesses casos os sinais mais recorrentes são dor ao se movimentar, mudanças na maneira de brincar e segurar objetos, alterações na maneira de caminhar ou engatinhar e mudanças na posição dos olhos (estrabismo).

Por isso, é importante que os pais estejam atentos à manifestação de sintomas e anormalidades para encaminhar seus filhos ao pediatra nos primeiros sinais.

O diagnóstico e o tratamento

Assim como em adultos, o diagnóstico da doença geralmente é feito com um exame de imagem cerebral como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que permite localizar e determinar o tamanho de um tumor, bem como a presença de metástases.

Tumores benignos podem ser curados somente com cirurgia, caso seja possível retirá-los completamente. Em algumas situações, tratamentos complementares podem ser necessários. Já os tumores malignos, além da cirurgia, precisam de terapias adicionais como quimioterapia e radioterapia, a depender do caso. De qualquer maneira, atualmente mesmo tumores malignos em crianças podem ser totalmente curados.

Graças aos avanços tecnológicos, os procedimentos estão cada vez mais seguros, deixando mínimas ou nenhuma sequela na maioria dos casos. As técnicas de radioterapia, por exemplo, evoluíram muito e contam com modernos aparelhos que dispensam radiação na lesão, poupando as áreas normais. Na mesma proporção, novas medicações de quimioterapia têm surgido com uma ação muito mais eficaz e menos lesiva ao paciente, como a produção de anticorpos específicos contra o tumor poupando as  células normais, e causando menos efeitos colaterais.

Chances de cura

Em geral, o câncer em crianças e adolescentes costuma crescer rapidamente por questões celulares, porém respondem melhor à quimioterapia com chances de cura de 80%. Na maior parte dos casos, os tumores cerebrais infantis são benignos e podem ser completamente ressecados com uma cirurgia apropriada.

O cérebro infantil possui uma grande capacidade de adaptação às mudanças. Muitas vezes, ocorre o fenômeno da neuroplasticidade, quando outras áreas do órgão ‘aprendem’ funções que uma certa área perdeu por estar acometida por um tumor. Isso colabora com uma recuperação rápida e quase sem sequelas.

Não há prevenção para o tumor cerebral infantil, por isso é sempre importante estar atento aos comportamentos dos pequenos. O site do INCA (Instituto Nacional do Câncer) possui um espaço dedicado a informações e orientações aos pais quando há suspeita de câncer nas crianças. 

Fonte: Dr. Jorge Wladimir Junqueira Bizzi, neurologista do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento

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