Vários mitos sempre cercaram a prática sexual, incluindo os supostos riscos e vantagens para a saúde do coração, principalmente nas pessoas que já sofreram um evento cardíaco e têm medo da tão falada morte súbita durante o ato sexual. Na última edição do ano do Grand Round promovido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com a Johns Hopkins International Medicine, no dia 16 de dezembro de 2014, ocorreu a palestra do professor adjunto de Clínica Médica e Cardiologia da Faculdade de Medicinada UFRGS, Dr. Ricardo Stein que aprofundou o tema: sexo, coração e exercício. A palestra teve a mediação da Chefe do Serviço Médico de Cardiologia, Dra. Carisi Polanczyk, do Chefe do Centro de Arritmias do Serviço Médico de Cardiologia, Dr. Leandro Zimerman e do Gerente Médico do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Gabriel Dalla Costa, especialista em Medicina Perioperatória pela Cleveland Clinic Foundation. Ao contrário do que muitas pessoas pensam a frequência cardíaca não se modifica muito durante o sexo. Dr. Stein, que é pós-doutor em Cardiologia do Exercício e do Esporte pela Stanford University, explica que assim como durante o exercício, na atividade sexual ocorre sudorese, taquicardia e há maior ou menor gasto energético. De acordo com o especialista, na maioria das vezes, as exigências físicas do sexo variam de leve à moderada. “Elas são semelhantes a subir a pé dois lances de escadas com passo acelerado”, define. Sexo e cardiopatias Embora não seja comum as complicações durante ou após o ato sexual em cardiopatas, o Dr. Stein ressalta que sempre há uma apreensão por parte do médico, do paciente e do (a) parceiro (a). “É imprescindível que os profissionais da saúde abordem aspectos como as possíveis alterações no desejo sexual e os sentimentos que podem surgir como culpa e medo de se tornar impotente. Se o agente de saúde não fala e o paciente não pergunta firmam-se dogmas e tabus”, justifica. O especialista faz referência a um estudo publicado em 2003, em Israel, realizado com 364 cardiologistas, que mostrou que 74% dos médicos subestimavam as taxas de disfunção erétil tanto em indivíduos saudáveis quanto em cardiopatas. Com base nesse estudo, Dr. Stein, publicou no Arquivo Brasileiro de Cardiologia junto à equipe de enfermagem um pequeno estudo a respeito da atividade sexual após infarto do miocárdio: Tabu ou desinformação? A pesquisa mostrou que dos 96 pacientes enfartados entrevistados num grande hospital de Porto Alegre, apenas quatro receberam orientação sobre atividade sexual. Sendo que a informação foi oriunda da equipe de enfermagem e não dos médicos. “As pessoas saem para vida depois do enfarto com inúmeras duvidas: se irão morrer durante o ato sexual ou se as medicações para o coração podem estar prejudicando o desempenho sexual”, diz o especialista. São perguntas que fazem parte do arsenal de questionamentos que os pacientes fazem ou gostariam de fazer. Dados insuficientes Ele lembra que o sexo baseado em evidencias ainda apresenta muitas limitações, pois as evidências científicas são restritas. “Durante a relação sexual marital o que ocorre é que a frequência cardíaca raramente se eleva a cifras superiores aos 130 batimentos por minuto. Quanto ao consumo de oxigênio, o gasto energético tende a ser baixo”, afirma Dr. Stein. Em cardiopatas, a estratificação do risco para o sexo é muito semelhante aquela a ser realizada para a prática do exercício. Nesse cenário deve-se levar em consideração se o paciente tem menor ou maior risco e, assim, definir se há necessidade de se realizar exames antes da atividade sexual ou não. Um mito é dizer que não há qualquer relação entre as doenças cardiovasculares e a disfunção erétil (impotência sexual). O médico explica que os fatores de risco que causam as doenças cardiovasculares são os mesmos que podem provocar a disfunção erétil, tais como o sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial, colesterol elevado, obesidade e diabetes. Por isso um doente com disfunção erétil deverá ser investigado quanto à presença de fatores de risco cardiovasculares, ou mesmo, se já há uma doença cardíaca preexistente. Fazer a prevenção cardiovascular é assegurar ao mesmo tempo uma boa saúde sexual. “Se cuidando, sexo só pode fazer bem” lembra Dr.Stein. O sexo pode ser gatilho para o infarto? O cardiologista faz questão de frisar que a atividade sexual pode sim ser de risco para o cardiopata em situações na qual a pessoa apresenta uma doença que é instável. O risco relativo para um primeiro infarto durante a atividade sexual é maior nas duas primeiras horas e pode ser um gatilho, assim como para qualquer atividade física. O médico acrescenta que o exercício físico (com uma intensidade razoável) também pode ser um fator de proteção cardíaca. Assim sendo, pode-se dizer que aqueles indivíduos que praticam exercícios três vezes por semana ou mais têm um risco relativo muito menor de desencadeamento de um primeiro infarto do que aqueles que são sedentários. Isso também se aplica para a reabilitação cardíaca e para a prescrição do exercício como um todo. Disfunção erétil Um grande problema levantado pelo médico são outros dados considerados por ele estarrecedores: 10% dos homens jovens têm disfunção erétil, 50% dos homens entre 60 e 70 anos apresentam disfunção erétil e nos pacientes com insuficiência cardíaca esse número pode ser maior. No ano de 2012, a American Heart Association (AHA) publicou uma versão mais recente de uma diretriz sobre atividade sexual no cardiopata. Segundo Dr. Stein, a AHA preconiza a realização da história com anamnese sexual, exame físico e exames de sangue como parte do manejo inicial, pós evento cardíaco. Se o individuo tem baixo risco e o sexo é assintomático, não é preciso fazer nada. O paciente classificado com risco intermediário deve ser avaliado por especialista e aquele de alto risco o sexo não é indicado. O médico conclui sua conferência dizendo, que assim como o exercício pode ser algo muito prazeroso, o sexo também pode ser uma atividade física de grande satisfação. “Riscos existem em todas as coisas da vida, mas se tratando de sexo e adotando os devidos cuidados, mesmo em cardiopatas, o benefício certamente suplanta o risco. Fonte: Dr. Ricardo Stein, cardiologista e professor adjunto de Clínica Médica e Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFRGS.

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