A pandemia de Covid-19 obrigou o mundo a se adaptar a uma série de circunstâncias e trouxe restrições a atividades presenciais, evitando que muitas pessoas permanecessem em um mesmo ambiente. Assim, a necessidade do trabalho remoto foi ampliada. No Brasil, por exemplo, 8,2 milhões de profissionais ativos passaram a executar suas tarefas de casa; de maio a novembro de 2020. Destes, 43,9% eram homens.

Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado recentemente. Entretanto, será que este público sabe que o uso de equipamentos eletrônicos, durante muitas horas, pode prejudicar o sonho de ser pai? Será que os homens imaginam que usar o notebook sobre o colo, em tempo demasiado, pode causar a infertilidade masculina?

Infertilidade Masculina?

Sim, este parece ser um tema abstrato, porém, já se sabe que para a espermatogênese acontecer, ou seja, para a produção dos espermatozoides acontecer dentro do testículo a temperatura deve estar, no mínimo, dois graus abaixo da temperatura corporal. A explicação é da Dra. Isabel de Almeida, coordenadora do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento.

A ginecologista observa que, ficar muitas horas sentado com um equipamento que gera calor, como um laptop, faz com que a temperatura dentro da bolsa escrotal aumente. “Isso vai ter um impacto sobre a produção dos espermatozoides e causar uma alteração em sua quantidade. Também deve gerar uma série de danos no seu DNA e fazer com que ele tenha uma piora na qualidade”, afirma.

Cuidado com o calor excessivo

Mas essa não é a única situação em que o aumento da temperatura pode alterar a qualidade dos espermatozoides. Saunas ou banheiras superaquecidas também podem prejudicá-los. Ciclistas, pilotos de aeronave e outras atividades onde existe um aumento de temperatura na bolsa escrotal também podem provocar danos na produção dos espermatozoides.  

Dra. Isabel recomenda que as pessoas não fiquem tanto tempo sentadas, mesmo que não saiam de casa. “Indico que elas se levantem e se exercitem, para que não fiquem tantas horas numa mesma posição. Especialmente, para que evitem a exposição a temperaturas mais elevadas e que o notebook não seja usado no colo, até porque esta não é uma posição ergonômica para trabalhar ”, adverte. Ela defende a necessidade de organizar um local de trabalho adequado em que os dispositivos que geram calor fiquem sobre a mesa e que as pessoas fiquem sentadas, distantes destes equipamentos.  

Segundo a coordenadora, muitos estudos atuais sugerem um decréscimo na qualidade do sêmen, nas últimas décadas, e este é um fenômeno que vem ocorrendo globalmente. “No mundo inteiro isso vem sendo verificado e se acredita que uma série de fatores ambientais, relacionados ao estilo de vida, estejam associados a essa diminuição na qualidade e na quantidade dos espermatozoides”, elucida.

Ginecologista aponta que ficar muitas horas sentado com um equipamento que gera calor, como um laptop, faz com que a temperatura dentro da bolsa escrotal aumente.

Estilo de Vida

Questões como obesidade, sedentarismo, alimentação, uso de álcool e fumo também devem ser levados em conta quando se fala em fertilidade masculina. Conforme a Dra. Isabel de Almeida, existe uma série de fatores que merecem atenção e que podem ser modificados através de uma alteração no estilo de vida. “A obesidade, por exemplo, é bastante associada a uma diminuição na contagem dos espermatozoides, porque as alterações metabólicas diminuem os níveis de testosterona. Além disso, também causa um aumento da temperatura da bolsa escrotal”, esclarece.

Igualmente, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como a clamídia e outras bactérias, também podem levar à infecção do testículo. As epididimites (infecção do canal que armazena os espermatozoides) e outros processos inflamatórios também podem interferir bastante na qualidade seminal e, por este motivo, precisam ser rastreadas e tratadas.  

Atendimento preventivo

“Portanto, recomendamos que os homens façam exames periódicos e reavaliem fatores de risco para a sua fertilidade, como as mulheres, que se consultam periodicamente com o seu ginecologista”, compara. “Contudo, o atendimento preventivo começa a integrar a linha de cuidados dos pacientes masculinos, principalmente, quando pensam na questão de ter filhos e de otimizar as suas condições de fertilidade natural”, ressalta.

A coordenadora do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento acrescenta que em torno de 40% dos casais que procuram o serviço de reprodução encontram algum fator masculino associado, quando se faz a investigação das causas da infertilidade. A especialista lembra que, durante muito tempo, se atribuiu a causa da infertilidade basicamente à mulher. “Muitas vezes, o homem nem era investigado e o exame de espermograma era pedido raramente ou nem era citado. Hoje, ele já faz parte da avaliação inicial da investigação de infertilidade e o percentual de alteração é bastante alto”, salienta.

Atualmente, se considera que, dentre as causas da infertilidade, 40% são relacionadas ao fator masculino, 40% ao feminino (ligadas ao fator tubário e endometriose) e 20% têm relação a causas menores, como hormonais ou até um mix que une um pouco do fator masculino e um pouco do fator feminino.

Prevenção e saúde global

“Então, sabemos hoje que existe um percentual grande de homens que têm problemas de fertilidade e isso tem que ser levado em consideração, trabalhando a questão preventiva de todos esses fatores ambientais, que, muitas vezes, podem ser modificados e que não vão repercutir só na sua saúde reprodutiva, mas na sua saúde global”, projeta.

Fonte: Dra. Isabel de Almeida (CRM 16091), coordenadora do Centro de Fertilidade do Hospital Moinhos de Vento

 

 

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