O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma doença já bastante conhecida pela sua gravidade e também pela necessária urgência na identificação dos seus sinais. O que talvez seja novidade para alguns pacientes é que nem todos os hospitais possuem um Centro de AVC adequadamente estruturado e com permissão para esse tipo de atendimento. 

A chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Sheila Martins, explica que a falta de conhecimento em relação a isso pode atrasar o início do tratamento e prejudicar consideravelmente as chances de melhora do paciente. De acordo com uma lista divulgada pela Associação Americana do Coração, organização dos Estados Unidos voltada ao combate de doenças cardiovasculares, aproximadamente 120 milhões de células cerebrais morrem por hora durante um AVC, o que significa um envelhecimento de 3,6 anos, que gerará sequelas ou, em muitos casos, a morte do paciente.

Para evitar situações como essa, é preciso buscar ajuda em centros reconhecidos, como o do Hospital Moinhos de Vento, que recebeu o título de “Centro Avançado” no Programa de Certificação de Centros de AVC na América Latina, sendo um dos primeiros quatro hospitais certificados no Brasil. O reconhecimento, oferecido pela Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization — WSO) e pela Sociedad Iberoamericana de Enfermedad Cerebrovascular (SIECV), vai ao encontro do trabalho que vem sendo executado pelo hospital em buscar as melhores práticas para esse tratamento.

A neurologista Sheila Martins lembra que, além de se enquadrar aos critérios necessários, o Hospital Moinhos de Vento ainda é referência em pesquisa e na luta pela prevenção da doença. “Nossa preocupação é em todo o processo que envolve o AVC, desde a atenção primária para prevenir a doença, até a implementação do tratamento adequado, de forma ágil, e ainda a busca por novas e melhores soluções para contribuir com a ciência”, explica. 

Confira abaixo alguns exemplos disso:

Resilient: Direct TNK e o Resilient Extend IV

O Hospital Moinhos de Vento é o coordenador da segunda etapa do estudo Resilient, conduzido em parceria com o Ministério da Saúde, através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), que irá acompanhar 1.172 pacientes de todo o Brasil.

A primeira etapa do estudo, já publicada na Revista New England em junho de 2020, foi a responsável pela inclusão da trombectomia mecânica, tratamento que retira o coágulo que interrompe a circulação do sangue, antes executado apenas em hospitais privados, também no sistema público de saúde no Brasil, em fevereiro de 2021.

A partir de agora, a segunda etapa se divide em dois novos estudos, o Direct TNK e o Resilient Extend IV, que, segundo Sheila, devem “avaliar novas possibilidades de tratamento, incluindo a avaliação da efetividade da tenecteplase (medicamento trombolítico que dissolve o coágulo que obstrui a artéria) na redução das sequelas do AVC, fornecendo novas alternativas de medicamento”.

A primeira dessas soluções é para os pacientes que tiveram o entupimento de um grande vaso e que chegam ao hospital até 04h30 depois dos primeiros sinais. O objetivo é avaliar se, neste caso, os pacientes devem ir direto para trombectomia ou tomar primeiro uma injeção do trombolítico tenecteplase (TNK), em substituição ao alteplase, pelo seu efeito em desobstruir o vaso, com agilidade e facilidade na administração.

Já o segundo estudo é para avaliar possibilidades de tratamento para pacientes que ultrapassarem essas 04h30 a partir dos primeiros sintomas e que não apresentarem entupimento de um grande vaso. Neste caso, os enfermos não são mais candidatos à trombólise e nem à trombectomia, não recebendo, atualmente, tratamento algum. A alternativa a ser avaliada no estudo é o uso do medicamento tenecteplase, junto com um método avançado de neuroimagem (tomografia com perfusão), que identifica a parte do cérebro que ainda pode ser salva.

Ambas as pesquisas estão já em andamento.

PROMOTE AVC

Uma outra iniciativa do Hospital Moinhos de Vento, também por meio do PROADI-SUS e em parceria com o Ministério da Saúde, é um novo estudo chamado PROMOTE AVC, que acontece em Porto Alegre, junto à Secretaria Municipal de Saúde. O objetivo é avaliar se o uso de uma polipílula, com a combinação de medicamentos para controlar a pressão e o colesterol, isolada ou associada à modificação do estilo de vida do paciente, é capaz de reduzir o número de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a taxa de demência em pessoas de 50 a 75 anos com baixo a moderado risco de doenças cardiovasculares. 

Atualmente, o estudo está em fase de triagem, em que serão avaliados pacientes considerados relativamente saudáveis, mas que tenham pressão arterial levemente aumentada e, pelo menos, um dos quatro fatores de risco de desenvolver a doença, como excesso de peso, dieta desequilibrada, sedentarismo e uso do cigarro. 

Todo esse trabalho e dedicação, segundo Sheila, é para encontrar os melhores tratamentos e atender às necessidades de cada caso afetado pelo AVC. Segundo ela, é preciso estar atento, desde cedo, às informações e aos cuidados em relação ao AVC, já que é papel da comunidade auxiliar na redução desses casos também. “As crianças estão cada vez mais expostas a telas, jogos de videogame, comidas não saudáveis e hábitos ruins, que acabam antecipando o desenvolvimento de doenças, que, costumeiramente, eram para aparecer mais tarde”, explica.

Segundo ela, isso justifica o número de casos de AVC em jovens, que tem aumentado nos últimos anos. Segundo o Datasus, houve um aumento de 64% no número de internações de jovens, entre 15 e 34 anos, no período entre 1998 e 2007, no Brasil. 

Essa realidade, considerando que o AVC é a segunda maior causa de morte e a primeira de incapacidade no Brasil, reforça a necessidade de atenção sobre a doença. Lembrando que a recomendação, ao perceber qualquer sintoma da doença, como perda de força ou dormência, geralmente em uma metade do corpo, dificuldade para falar ou compreender a fala, dificuldade de enxergar com um ou com os dois olhos, tontura associada à falta de equilíbrio, falta de coordenação e dor de cabeça súbita, muito intensa, é chamar imediatamente o SAMU 192 e procurar um hospital preparado (um centro de AVC). No AVC Brasil, aplicativo gratuito que pode ser baixado na Apple Store ou Google play, estão todos os centros de AVC no Brasil, por ordem de distância de quem estiver consultando, e a informação de serem públicos ou privados.

O Dia Mundial do AVC, comemorado em 29 de outubro, está aí para incentivar o rápido reconhecimento dos sinais de AVC e o direcionamento para um centro de AVC. Salve minutos, salve vidas, salve a fala, salve a mobilidade, a independência, as memórias, lembra a importância do #tempoprecioso quando começam os sintomas.

Fonte: Dra. Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1