Nos últimos meses, o Rio Grande do Sul tem enfrentado períodos de cheias em várias localidades do estado. Além de terem que lidar com perdas na família, prejuízos materiais e escassez de mantimentos básicos, os atingidos pelos alagamentos ainda enfrentam um problema sério, mas silencioso: a leptospirose. O risco de letalidade pode chegar a 40% nos casos mais graves, conforme o Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico infectologista do Hospital Moinhos de Vento.

 

Como a leptospirose é transmitida?

De acordo com o Ministério da Saúde, a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados pela bactéria “leptospira”, principalmente ratos, mas também guaxinins, gambás e até cachorros e gatos. A contaminação pode ocorrer por meio das mucosas, de lesões na pele, contato por longos períodos ou ingestão de água contaminada.

 

Quais são os sintomas?

O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção até o início das manifestações dos sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e, normalmente, ocorre entre 7 e 14 dias após a exposição a situações de risco. “Nesta fase, geralmente os indivíduos permanecem de forma assintomática ou com sinais pouco expressivos da enfermidade. Nos casos mais graves (que correspondem a 15% do total), cerca de 40% dos pacientes pioram, vindo a óbito. Nestas situações, a pele fica alaranjada e a pessoa pode sofrer de insuficiência renal ou hemorragia pulmonar”, adverte. Entre os sintomas mais comuns, o paciente com leptospirose pode apresentar:

- febre;

- dor de cabeça;

- dor nas articulações e músculos (especialmente na panturrilha);

- falta de apetite;

- náusea;

- vômito;

- tosse;

- vermelhidão nos olhos;

- diarreia;

- aumento do fígado e do baço.

 

Cuidados ao voltar para a casa

Segundo o Ministério da Saúde, as inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. Por este motivo, o Dr. Paulo Gewehr Filho, que também é supervisor do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos, explica o quanto é importante evitar se molhar nestas águas que as enchentes trouxeram e usar luvas e calçados apropriados (como botas emborrachadas e de cano alto) inclusive na hora de limpar a casa para poder retornar. A bactéria pode estar na lama, na terra e também em móveis ou utensílios domésticos.

 

“Também é necessário se manter longe de locais com acúmulo de lixo ou com escombros; onde podem ter roedores contaminados escondidos. E é preciso ter cuidado até nos abrigos, pois os ratos também podem procurar refúgio nos mesmos locais que a comunidade”, observa.

 

Tem cura?

Basicamente, o tratamento precoce diminui as chances de agravamento dos casos, sendo utilizados antibióticos para combater as bactérias do gênero Leptospira, causadoras da leptospirose. Nos casos graves, o paciente pode precisar de tratamento em UTIs, principalmente para as complicações de sangramentos (onde o paciente pode receber transfusões de sangue), insuficiência respiratória (com a necessidade de ventilação mecânica), insuficiência renal (com demanda de hemodiálise), além da monitorização cardíaca e de outras funções.

 

 

Fonte: Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho (CRM 29512) é médico infectologista, supervisor do Núcleo de Vacinas e coordenador médico das Unidades Externas do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1