Discutir aspectos da importância do sono na saúde do indivíduo, seja física ou mental. Este foi um dos objetivos do I Simpósio Internacional de Medicina do Sono, promovido pelo Hospital Moinhos de Vento, de 28 a 29 de março.  De acordo com a Dra. Carisi Polanczyk, chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento e uma das palestrantes do evento, existem várias evidências na literatura que comprovam que a qualidade e a quantidade do sono podem influenciar, significativamente, no risco de doenças cardiovasculares. 

Hoje, muitas pesquisas apontam para a gravidade da Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). “A condição tem várias causas, mas também tem múltiplas consequências do ponto de vista cardiometabólico. É um momento em que a pessoa deveria estar dormindo e, por questões mecânicas ou centrais, tem uma redução da oxigenação cerebral”, relata a médica cardiologista. Isto faz com que aconteça uma ativação do sistema neuroinflamatório ou neuromodulador, que leva a um aumento da pressão arterial e a um maior risco de arritmias (como fibrilação atrial) e, em consequência, ampliam as chances de problemas, como:

- Insuficiência cardíaca;

- Doença arterial coronariana;

- Acidente Vascular Cerebral (AVC);

- Aumento da mortalidade cardiovascular.

Sintomas

Conforme a Dra. Carisi Polanczyk, o indivíduo e/ou seu familiar, eventualmente, podem perceber que:

- Existem alterações do padrão do sono;

- A pessoa dorme de forma conturbada, acordando frequentemente;

- Ronca muito e alto;

- Tem inquietude durante a noite;

- Acorda sobressaltada;

- Tem sonolência no dia seguinte (a chamada sonolência diurna).

Sono e AVC

Análises recentes têm demonstrado que a qualidade do sono tem uma estreita relação com a incidência de Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCh) e de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi), sendo o segundo mais frequente em aproximadamente 80% dos casos. Então, já se sabe que a qualidade do sono e o cronotipo dos pacientes podem afetar o grau de severidade destas doenças e ainda servirem de prognóstico na recuperação neurológica destes pacientes.

Assim, o Dr. João Arthur Ehlers, responsável pelo Núcleo de Neurofisiologia do Hospital Moinhos de Vento e palestrante do Simpósio, argumenta que a gestão eficaz dos fatores de risco é crucial para reduzir a incidência de AVCs. Citando um estudo publicado no “Journal of Medical and Biosciences Research”, Dr. Ehlers salienta que, recentemente, os distúrbios do sono, especialmente a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), foram reconhecidos como significativos para o desenvolvimento de AVCs. 

“A AOS, caracterizada por obstruções repetidas das vias aéreas superiores durante o sono, leva à hipóxia (falta de oxigênio) intermitente e fragmentação do repouso, resultando em consequências adversas para a saúde cardiovascular e cerebral. Além do uso do equipamento CPAP (“Continuous Positive Airway Pressure”), que ajuda a manter as vias aéreas abertas durante o adormecimento, intervenções no estilo de vida, como perda de peso e cessação do tabagismo, também são eficazes na redução da gravidade da Apneia Obstrutiva do Sono e do risco de AVC. Assim, nota-se que a identificação precoce e o tratamento eficaz da AOS são cruciais para a prevenção do AVC e a melhoria da saúde cardiovascular”, ressalta, com base nas conclusões do artigo.

Sono saudável

Dessa forma, o Dr. João Arthur Ehlers pondera que o sono saudável é essencial para a saúde física e mental, além do bem-estar social. No entanto, isto é continuamente negligenciado. “O sono deve ser visto como algo essencial em relação à saúde, equivalente à nutrição e atividade física”, garante.

Por sua vez, a chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital Moinhos esclarece que várias pesquisas demonstram que um padrão de sono saudável seria aquele cronotipo chamado de matutino. “Ou seja, as pessoas vão dormir no final do dia e têm um sono que dura sete ou oito horas. Não têm insônia, não têm apneia do sono e não apresentam sonolência no dia seguinte. Este padrão, considerado um sono saudável, está relacionado a um menor risco de problemas cardíacos, especialmente doença coronariana e Acidente Vascular Cerebral (AVC)”, confirma.

“Trata-se de um sono tranquilo, em que não há nenhuma ressaca, nenhum efeito, no dia seguinte. Isto está relacionado a menos problemas cardíacos crônicos e menos associação a doenças renais crônicas. Já em idosos, também há uma redução do risco de fraturas e quedas, porque, com um descanso mais conturbado, podem ficar mais frágeis no dia seguinte”, adverte.

Higiene do sono

A Dra. Carisi Polanczyk observa que, para promover um adormecer saudável, existem várias recomendações. A principal delas é a chamada higiene do sono. Ela consiste em adotar práticas que realmente fazem com que o paciente tenha a oportunidade de dormir de uma maneira mais tranquila. Então, é preciso:

- Evitar substâncias, como cafeína e álcool, antes de deitar, pois são estimulantes;

- Criar um ambiente de sono confortável, com menos telas, menos músicas e menos estímulos;

- Manter uma prática de exercícios regulares (não necessariamente antes do descanso), que está relacionada a um melhor padrão do sono.

Fontes: Dra. Carisi Anne Polanczyk (Cremers 19229) é chefe do Serviço de Cardiologia do Moinhos de Vento. Já o Dr. João Arthur Ehlers (CRM 14334) é responsável pelo Núcleo de Neurofisiologia do Hospital.

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90560-032
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. Padre Cacique, 2893 - Cristal, Porto Alegre - RS, 90810-240
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre