O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, ainda sem cura definitiva. Entretanto, a liberação de novos tratamentos, aprovados por órgãos reguladores internacionais e nacionais, está permitindo construir um cenário promissor para pacientes e cuidadores. O Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia, neurologista do Hospital Moinhos de Vento, explica quais são essas inovações. O especialista ainda esclarece se existe, mesmo, alguma relação entre o Alzheimer e a COVID-19. E, finaliza, alertando a população sobre a importância de desmitificar o envelhecimento e dando algumas dicas de como manter a saúde cognitiva.  

Quais as causas do Alzheimer?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: Com relação às causas da Doença de Alzheimer, a hipótese amilóide permanece sendo a mais aceita. Segundo ela, o acúmulo de uma parte desta proteína (fração beta-amiloide) desencadearia um processo inflamatório que leva à progressiva destruição neuronal. Neste sentido, uma das linhas de pesquisa para o desenvolvimento de novos medicamentos para a doença é, justamente, a procura de drogas que reduzam a presença desta proteína no cérebro. Um exemplo é a molécula ADUCANUMAB, aprovada em 2021, pelo FDA (“Food and Drug Administration”).

Quais as novidades em relação ao tratamento?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: Em relação às novidades no tratamento “sintomático” da doença, podemos citar a aprovação feita pela ANVISA, em abril deste ano, para a importação do composto “Cannabidiol Active Pharmaceutical” (de 20 mg/ml). Até então, a aquisição do medicamento era feita somente por importação individual, com a autorização do órgão. Há cerca de dois anos, temos usado esta substância no controle da  agitação psicomotora intensa em quadros demenciais, refratária aos tratamentos convencionais. A aprovação da venda normal nas farmácias comerciais em nosso meio - efetivada há apenas 3 meses - facilitou muito o acesso dos pacientes ao “cannabidiol”, com excelentes resultados na maior parte dos casos.  

Qual é a relação entre COVID-19 e Alzheimer? O que foi comprovado?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: Realmente, estudos recentes parecem demonstrar que a infecção pelo SARS-CoV-2 eleva o risco de surgimento do Alzheimer de forma significativa. Este processo parece ocorrer também em outras doenças degenerativas, como o Parkinson. Existem ainda muitas dúvidas nesta questão e uma das hipóteses é de que o processo inflamatório sistêmico, gerado pela COVID-19, possa agir como um acelerador da doença degenerativa que já estava presente. De qualquer forma, são indícios que alertam para a importância do reforço nas medidas de prevenção para os idosos, principalmente no que diz respeito à completa imunização.  

A informação ainda é a melhor maneira de lidar com o Alzheimer?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: É importante lembrar que a doença de Alzheimer não tem cura, mas tem tratamento. A organização do ambiente para o cuidado dos doentes, o descanso dos cuidadores e a ocupação estimulante dos pacientes faz toda a diferença para retardar as perdas cognitivas e minimizar a queda na qualidade de vida. A orientação de uma terapeuta ocupacional, já no início da doença, tem um papel essencial. É fundamental, também, que os familiares dos pacientes busquem informações qualificadas, visando o conhecimento e o entendimento da doença. Bem como, sobre as melhores formas de lidar com os desafios frequentes que surgem no dia a dia da família, após o diagnóstico.  

Além disto, a participação em grupos de familiares é de muita valia, pois a troca de experiências com outras pessoas que já passaram por quadros semelhantes permite compreender que é possível prestar um excelente cuidado aos acometidos pela doença, preservando a qualidade de vida e – principalmente – a saúde dos cuidadores.

Neste sentido, qual é a mensagem para jovens e adultos?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: O Brasil vive um momento de elevação na expectativa de vida, o que gera o aumento no número de idosos em nosso país. Em consequência, cresce também a prevalência de patologias típicas desta faixa etária e, dentre elas, a doença de Alzheimer e demais demências. Este é um problema de TODA a sociedade e aprender a lidar com as situações que afetam os idosos é importante para pessoas de TODAS as idades. Neste sentido, um dos primeiros passos é desmitificar a idéia de que o envelhecimento é sinônimo de “demenciar”, compreendendo que a demência é sempre o evento MENOS provável: a prevalência de demências de qualquer tipo aos 60 anos é de 1% e, mesmo aos 85 anos, é ao redor de 25-30%, ou seja, sempre a MENOR PARTE de pessoas acometidas são idosos. E, além disto, elas, hoje em dia, são encaradas como preveníveis.

E como "prevenir" o Alzheimer?

Dr. Alberto Luiz Grigoli e Maia: Muitos estudos têm demonstrado que a prevenção do Alzheimer é possível e está intimamente ligada ao estilo de vida. A prática de atividades físicas regulares, de socialização e também intelectuais, em geral, principalmente a leitura, produzem as condições ideais para a manutenção da saúde cognitiva. Além disto, o controle dos fatores de risco para as doenças ateroscleróticas (hipertensão arterial, diabete, tabagismo, obesidade, etc...) tem um papel fundamental na profilaxia (ou prevenção) das demências.

 

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
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Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1