A cada dia, a ciência prova que não há limites para a inovação. Recentemente foi divulgado um estudo internacional, no qual cientistas chineses, norte-americanos e coreanos conseguiram criar células semelhantes a óvulos a partir do DNA de células da pele. Mas, na prática, como isso foi feito? Será que foi realmente possível fertilizar um óvulo? Para esclarecer o tema, o blog Saúde e Você entrevistou a Dra. Isabel de Almeida, coordenadora técnica do Centro de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital Moinhos de Vento.

 

De forma resumida, o que os pesquisadores fizeram?

Dra. Isabel de Almeida - Os pesquisadores transferiram o núcleo de uma célula da pele, com todo o DNA presente nela, para o interior de um óvulo doado, do qual foi retirado o seu núcleo.

Por meio deste estudo foi possível fertilizar o óvulo?

Dra. Isabel de Almeida - Como os gametas (óvulos e espermatozoides) têm somente 23 cromossomos e as demais células do corpo têm 46, os cientistas tiveram de remover 23 cromossomos para possibilitar que o óvulo fosse fertilizado. A partir daí, foram produzidos 82 óvulos para fertilização. Somente 9% deles evoluíram para embrião até o sexto dia de observação.

 

O que estes resultados preliminares indicam?

Dra. Isabel de Almeida - Embora esta taxa de formação embrionária tenha tido um resultado baixo, foi a primeira vez que cientistas conseguiram introduzir o DNA de células comuns do corpo dentro de um óvulo e fertilizá-lo com sucesso. 

 

É possível que esta técnica vire realidade, imediatamente?

Dra. Isabel de Almeida - Não. A aplicação clínica desta técnica ainda vai requerer anos de pesquisa e aprimoramento. Além disso, ainda existem muitas questões éticas envolvidas que devem ser abordadas e analisadas. 

 

Este ensaio pode trazer esperança para quem não consegue engravidar?

Dra. Isabel de Almeida - Sim. Este estudo pioneiro abre uma janela de oportunidades futuras para mulheres que não têm mais óvulos próprios e desejam gestar, podendo manter o seu material genético no processo de fertilização. 

Fonte: A Dra. Isabel de Almeida (CRM 16091) é coordenadora técnica do Centro de Fertilidade e Reprodução Assistida e coordena o projeto “Valorize a sua Fertilidade”.

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