Os sintomas mais conhecidos da Covid-19 são febre, tosse e cansaço. Atualmente, já se sabe que a doença pode levar também a sintomas dermatológicos, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Um estudo publicado no British Journal of Dermatology aconselha que as erupções cutâneas devem ser consideradas no diagnóstico de Covid‐19. Os pesquisadores observaram que 17% dos entrevistados que testaram positivo relataram erupção na pele como o primeiro sintoma da doença e 21% disseram que as lesões foram o único sintoma.
A médica dermatologista do Hospital Moinhos de Vento Mariele Bevilaqua destaca que, além de ser uma doença infecciosa, a Covid-19 é também muito inflamatória e produz reações em todo o organismo através do dano à parede dos vasos sanguíneos, que estão também localizados na pele. Ela explica que há pelo menos cinco tipos de lesões cutâneas já descritas relacionadas à doença:
Essas manifestações na pele podem ocorrer mesmo em indivíduos assintomáticos: “Os sintomas podem aparecer durante o curso da multiplicação viral ou durante o agravamento da fase inflamatória - quando há lesão em órgãos-alvo e tromboses; e, também após a recuperação do doente, com a persistência de lesões que podem demorar mais tempo para se resolver”, salienta.
O tratamento das lesões de pele é composto por suporte para a doença de acordo com a sua fase e também para o manejo dos sintomas, como por exemplo, o prurido (coceira). Por isso, o paciente deve sempre consultar um médico para o correto diagnóstico e possível tratamento e, principalmente, não se automedicar.
As lesões em extremidades, quando decorrentes de tromboses, podem ser sinais de gravidade da doença: “A pele costuma dar sinais do que ocorre internamente, portanto uma trombose em um dedo pode ser um alerta para uma trombose cardíaca, por exemplo. O exame físico dermatológico de todo o paciente com Covid-19 é essencial”, afirma.
Doença também pode causar queda de cabelo
Segundo informações da Sociedade Brasileira de Dermatologia, um a cada quatro pacientes que têm Covid-19 e são sintomáticos costumam apresentar queixa de queda capilar após o evento. Mariele explica que a Covid-19 pode causar o eflúvio telógeno – uma queda capilar além do normal, que pode ocorrer cerca de três meses após o evento desencadeante, como uma infecção, por exemplo. “Porém, o que temos visto na Covid-19 em relação à queda de cabelo, é que ela costuma ser mais intensa do que em outras situações, podendo deixar o paciente com o volume capilar realmente muito diminuído, com aquela sensação de ‘cabelo ralo’ ”,alerta a médica. Isso pode ocorrer pelo fato de haver um impacto emocional significativo, além de toda a alteração inflamatória no organismo produzida pela Covid-19.
A boa notícia é que a reversão do quadro acontece com o passar do tempo, quando ocorre a mudança do ciclo do fio* e nenhum tratamento específico se faz necessário. “Existem alguns tratamentos para estimular a vinda de fios novos de forma mais rápida, além de melhorar a ancoragem e a força dos mesmos”, conta a médica.
Portanto, quem achar que está com queda além do habitual - o normal é de até 150 fios ao dia - a orientação é procurar um médico dermatologista para uma avaliação mais minuciosa da pele, cabelos e unhas.
*Entenda o ciclo capilar
Segundo a médica, o ciclo capilar envolve três fases:
1. Anágena: fase de crescimento
2. Catágena: fase de degradação
3. Telógena: fase de repouso. Na fase telógena, o organismo deixa em repouso os fios para gastar a energia com o evento estressor - uma infecção ( incluindo a Covid-19), uma cirurgia, um abalo emocional ou um pós parto, por exemplo. Depois de encerrado o evento, os fios então finalizam essa fase e se desprendem do couro cabeludo.