Nunca se falou tanto em harmonização orofacial, um procedimento que corrige a assimetria e melhora as proporções faciais. Muitas pessoas têm se preocupado com estes cuidados estéticos e investido no uso de toxinas botulínicas, preenchedores e estimuladores de colágeno. Entretanto, o rosto e os lábios exigem atenção especial, além da aparência física. 

A região pode desenvolver tumores graves, caso os sintomas iniciais sejam negligenciados, motivo pelo qual foi criado o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho. Aliás, o mês inteiro passou a ser chamado de “Julho Verde”, para contribuir com a conscientização e detecção da doença. 

Funções vitais e sociais

“Além de ser a nossa identidade, a região da face e do pescoço também apresentam diversas funções vitais e sociais, como fala, alimentação, respiração, audição, visão e controle metabólico”, recorda o Dr. Daniel Sperb, cirurgião do Núcleo de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. 

O médico ressalta que o diagnóstico precoce destes tumores permite tratamentos curativos, com mínimas sequelas funcionais e estéticas. “Infelizmente, grande parte é detectada em estágios avançados, gerando importantes sequelas e com chances reduzidas de cura”, adverte.

Palavra da cirurgiã-dentista

Como o cirurgião-dentista é quem, na maioria das vezes, diagnostica precocemente um câncer de boca, o blog Saúde e Você conversou com profissionais da área Bucomaxilofacial, do Moinhos. Portanto, esclareça suas dúvidas e conheça todos os sinais de alerta.

“Devemos estar atentos às leucoplasias (placas brancas) e às eritroplasias (manchas vermelhas); ambas de diagnóstico clínico. Outra lesão que requer atenção é a úlcera que, muitas vezes, os pacientes chamam de ‘afta’, mas que pode ser um câncer em estágio inicial”, adverte a Dra. Renata Stifelman Camilotti, cirurgiã-dentista Bucomaxilofacial do Corpo Clínico do Hospital Moinhos. 

“Mas é bom ressaltar que a afta é uma ferida que dói, o câncer em estágio inicial não. De qualquer forma, se você estiver com algum tipo de lesão como estas, e elas não desaparecerem dentro de 21 dias, procure um estomatologista ou bucomaxilofacial”, alerta a Dra. Renata.

Diagnóstico precoce

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço a estimativa para este ano de 2023 é de que surjam 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço, incluídos nesse total os tumores de boca (cavidade oral), laringe e tireoide. Segundo a entidade, as ações de conscientização a respeito da detecção precoce são importantes, pois a doença pode alcançar até 90% de cura, se tratada com brevidade. Ou seja, com um diagnóstico rápido o paciente se aproxima muito da cura, tendo, posteriormente, mínimas sequelas funcionais e estéticas. 

 

Por isso, a Dra. Renata Camilotti enfatiza a necessidade da procura por um profissional que tenha experiência na área, caso contrário, o paciente deve procurar por um estomatologista ou bucomaxilofacial. “Esse encaminhamento é imprescindível, mas não significa que o seu dentista clínico será substituído. Você apenas irá recorrer a mais um especialista para cuidar da sua saúde bucal”, observa.

Diferentes papéis 

Vale lembrar que o estomatologista ou bucomaxilofacial são aptos a realizarem uma biópsia da lesão. Muitas vezes, eles conseguem diagnosticar um câncer de boca em estágio inicial. Isso favorece o tratamento, que, posteriormente, será realizado por um médico cirurgião de Cabeça e Pescoço e uma equipe multidisciplinar. 

“O dentista não trata o câncer de boca, mas é um grande aliado, pois pode ser o primeiro a identificar um tumor. Assim, o paciente precisa manter suas revisões periódicas, solicitando que realize a avaliação de suas mucosas. Caso não seja possível, precisa pedir para ser encaminhado. Deve, ainda, ser orientado de como pode fazer o autoexame em casa, com maior frequência. Isso é crucial para conhecermos a nossa anatomia e conseguirmos identificar quando algo não está normal”, garante a cirurgiã-dentista.

Como vai funcionar o Ambulatório de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Moinhos?

Por sua vez, a Dra Carolina Medaglia, cirurgiã bucomaxilofacial e estomatologista do Moinhos de Vento, explica como será o Ambulatório de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital. “No espaço, teremos uma equipe capacitada a estabelecer diagnósticos e realizar todo o tipo de tratamentos do âmbito da especialidade, que envolve dentes inclusos, patologias maxilofaciais, fraturas ósseas maxilofaciais, cirurgias ortognáticas, disfunção de ATM, enxertos ósseos e implantes”, adianta.

“Todavia, neste ‘Julho Verde’, gostaria de dar especial destaque à atuação do cirurgião bucomaxilofacial no diagnóstico do câncer de boca. Esperamos ser uma referência não só aos pacientes que buscam tratamentos cirúrgicos, mas também àqueles que desejam realizar consultas periódicas preventivas e, principalmente, aos que identificam alterações incipientes (ou iniciais) nas estruturas da sua cavidade oral e buscam por uma investigação. Na prática clínica dos nossos consultórios, percebemos o quanto é comum estes indivíduos passarem por diversos profissionais e tratamentos, antes de conseguirem obter um resultado conclusivo. E, quando falamos em câncer, o diagnóstico precoce é, muitas vezes, decisivo no prognóstico da doença", ressalta Dra Carolina Medaglia.

 

Quais são os tumores mais frequentes na região da cabeça e do pescoço?

- de lábio e pele, que são relacionados à exposição solar excessiva;

- da faringe e laringe, que têm relação com o tabagismo, excesso de consumo de bebida alcoólica, má higiene oral e, mais recentemente, ao vírus HPV (Papilomavírus Humano);

- das glândulas salivares, que são mais raros e contam com tratamentos mais complexos;

- no sistema linfático e hematológicos, que podem ser metástases, linfomas ou leucemias, que se apresentam como nódulos no pescoço e também podem ter algum tipo de manifestação na região oral;

- da glândula tireoide, que estão apresentando aumento de incidência em todo o mundo;

 - da cavidade oral, que acomete a região dos lábios, gengiva, bochechas, céu da boca (palato), língua (principalmente as bordas) e assoalho da boca (região embaixo da língua).

 

Quais são os principais sinais que devem ser observados?

  • lesões (feridas) na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam por mais de 15 a 21 dias, que podem apresentar sangramentos ou estejam crescendo;
  • manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas;
  • nódulos (caroços ou inchaços) no pescoço;
  • rouquidão persistente.

 

O que se observa nos casos mais avançados?

  • dificuldade de mastigar ou engolir;
  • dificuldade na fala;
  • sensação de que há algo preso na garganta;
  • dificuldade para movimentar a língua.

 

Fontes:

 Dra. Renata Stifelman Camilotti é cirurgiã-dentista Bucomaxilofacial do Corpo Clínico do Hospital Moinhos de Vento. Já a Dra. Carolina Medaglia é cirurgiã bucomaxilofacial e estomatologista do Moinhos. E o Dr. Daniel Sperb (CRM 23988) é cirurgião do Núcleo de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Oncologia do Hospital.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1