A data de 26 de abril marca o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, um alerta importante sobre a doença que se caracteriza pelo aumento sustentado dos níveis de pressão arterial. A hipertensão é o principal fator de risco para problemas cardiovasculares, estando relacionada a 51% das mortes por AVC e 45% das mortes por problemas cardíacos no mundo, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS). Também conhecida como pressão alta, a hipertensão acomete cerca de 35% das pessoas em todos os países, indicador que pula para 60% quando se trata de indivíduos com mais de 60 anos. 

No ano de 2020, um novo ponto de atenção surgiu acerca da hipertensão, em razão da pandemia do novo coronavírus. Há indícios de que hipertensos têm maiores chances de complicações em caso de contágio do Covid-19.  Para esclarecer sobre esta e outras questões que envolvem a hipertensão arterial, conversamos com o cardiologista do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Miguel Gus. Para ele, o alerta da data é importantíssimo: “Se conseguíssemos, em um sonho, que a pressão arterial de todos habitantes da terra fosse 120/80 mmHg, teríamos menos infartos do miocárdio, acidentes vasculares encefálicos e doenças das artérias”.

Causas 

De acordo com o Dr. Miguel, em mais de 95% dos casos não são identificadas, com clareza, as causas associadas à hipertensão. Nessas situações, a doença é chamada de hipertensão arterial sistêmica primária. “Sabe-se que a idade, ganho de peso, abuso na ingestão de sódio ao longo dos anos e abuso de álcool estão associados ao aumento da pressão”, explica o cardiologista. 

Poucas vezes, é possível identificar uma causa específica para o aumento da pressão. Nesses casos, chama-se a doença de hipertensão secundária e, segundo o Dr. Miguel Gus, “as causas mais comuns são doenças renais e algumas doenças do sistema endócrino”. O avanço da idade também pode ser um agravante para o desenvolvimento da pressão alta, visto que a maior ocorrência é em idosos. “Quanto mais velhos são os indivíduos, maior é a chance de ele ser hipertenso”, acrescenta o médico.

Como é feito o diagnóstico de hipertensão?

O diagnóstico de hipertensão é feito medindo-se a pressão. “Hoje dispomos de diferentes métodos de aferição, como o tradicional esfigmomanômetro (que é aquele aparelho utilizado no bíceps do paciente), métodos oscilométricos de aferição (que são aqueles aparelhos automáticos com manguito, igualmente no braço) e métodos ambulatoriais de medida. Estes últimos permitem a aferição da pressão de forma automática fora do ambiente do consultório e mesmo durante a noite”, descreve o Dr. Miguel. 

Apesar de não ser raro algumas pessoas utilizarem em casa aparelhos de pulso para medir a pressão, ele alerta que o método não é recomendado pelas diretrizes médicas. As medições funcionam da seguinte forma: “Considerando-se apenas o método tradicional de aferição, com o esfigmomanômetro, valores pressóricos acima ou iguais a 140/90 mmHg são considerados anormais. O primeiro valor apresentado chama-se de pressão sistólica e o segundo de pressão diastólica. Ambos devem estar controlados. As últimas diretrizes americanas já consideram que valores acima de 130/80 mmHg caracterizariam uma situação de hipertensão arterial sistêmica. Valores abaixo ou iguais a 120/80 são considerados ideais”, explica o médico.

Muitos casos são assintomáticos

Conforme o Dr. Miguel, não devemos nos guiar pela presença ou ausência de sintomas para pensarmos se a pressão está ou não controlada. Isso porque, na imensa maioria dos casos não existem sintomas associados ao aumento da pressão. O médico explica: “Muitas pessoas associam sintomas ao descontrole da pressão, mas geralmente a associação é inversa. Por exemplo, na maioria das vezes a pessoa não tem dor de cabeça porque a pressão aumentou. E, sim, a pressão aumentou porque a pessoa teve dor de cabeça. Diante da dor, o aumento da pressão pode ser uma reação natural e transitória do organismo, não significa necessariamente que o indivíduo seja hipertenso”. 

Tratamentos para hipertensão: farmacológico e não farmacológico

Segundo o Dr. Miguel Gus, os tratamentos para hipertensão podem ser farmacológicos e não farmacológicos, a depender de cada caso, dos níveis pressóricos e do perfil de risco do paciente. A correta indicação deve ser feita por um médico, a partir do diagnóstico. O tratamento poderá mudar ao longo do tempo, porém, uma vez diagnosticada a hipertensão, ela deve ser tratada de maneira definitiva. 

O tratamento farmacológico caracteriza-se pelo uso de medicamentos específicos para diminuir a pressão, os anti-hipertensivos, que podem ser utilizados em associações para haver potencialização de seus efeitos. “Existem várias classes de anti-hipertensivos, que geralmente são usados em uma ou, no máximo, em duas tomadas diárias”, explica o cardiologista. 

O tratamento não farmacológico é feito com outras medidas relacionadas à alimentação e hábitos saudáveis, conforme descreve o médico: “As principais medidas não farmacológicas são a diminuição de peso, realização de atividade física regular, diminuição da ingesta de sal (e consequentemente de sódio) e a prescrição de uma dieta rica em frutas, verduras, laticínios e carnes magras, preferencialmente peixes e aves. Preconiza-se a restrição de ingesta alcoólica, o que significaria ingesta de, no máximo, um cálice de vinho, uma dose de destilado ou uma lata de cerveja diários”. 

Dr. Miguel também ressalta que para o tratamento não farmacológico, deve-se ter cuidado com o uso de algumas medicações como anti-inflamatórios. Para as mulheres, principalmente acima de 35 anos, se houver possibilidade, é recomendado evitar o uso de anticoncepcionais. É preciso, ainda, controlar outros fatores de risco como tabagismo, diabetes e colesterol elevado. 

Através do Ambulatório Digital de Cardiologia do Hospital Moinhos de Vento, os pacientes podem dar continuidade ao cuidado médico à distância. O atendimento é realizado por cardiologistas do Hospital, por videoconferência, em horários pré-agendados de segunda a sexta-feira, saiba mais.

Como prevenir a hipertensão?

A prevenção da pressão alta se assemelha ao tratamento não farmacológico, pois se baseia em cuidados com a alimentação e em hábitos saudáveis. As principais formas de prevenir, de acordo com o Dr. Miguel, são: manter o peso ideal, não abusar do consumo  de sal, manter atividade física regular e não abusar da ingesta alcoólica. 

A medição periódica da pressão também é uma forma de evitar o desenvolvimento da hipertensão ou diagnosticá-la precocemente, tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes. O médico orienta: “Todo adulto acima dos 18 anos deve ter a sua pressão aferida periodicamente, assim como crianças e adolescentes. Crianças com valores pressóricos acima dos desejados para sua idade podem receber recomendações precoces de prevenção e evitar níveis pressóricos e riscos elevados na idade adulta”.

Hipertensão e coronavírus

A pandemia do Covid-19 tem causado apreensão a todos, especialmente em pessoas mais velhas, com problemas respiratórios pré existentes, diabetes e hipertensão. Isso porque, os primeiros estudos realizados na China demonstraram que indivíduos desses grupos tinham maior chance de ter complicações após sofrerem o contágio do coronavírus. 

Porém, de acordo com o Dr. Miguel Gus, “esses estudos não permitiram avaliar com clareza a relação independente entre a presença de hipertensão e risco de complicações causadas pela Covid-19”. Sendo assim, “os cuidados que hipertensos devem tomar são semelhantes aos dos demais indivíduos, como o afastamento social de acordo com as orientações dos órgãos competentes, higienização constante de mãos com água e sabão ou álcool gel e uso de máscara, principalmente em locais públicos”, explica o médico. 

Na presença de sintomas leves de coronavírus, a orientação é manter o isolamento, em caso de febre ou falta de ar, os pacientes devem buscar atendimento médico.

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Prêmios e Certificações

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