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May 23, 2016 |Institucional
Você já ouviu o ditado “Um olhar vale mais do que mil palavras”? Apesar de darmos cada vez mais importância à linguagem visual, nem sempre nos lembramos de cuidar deste sentido fundamental e tão delicado. Como alertam os especialistas, a saúde dos olhos deve ser observada desde o nascimento para que se possa prevenir e tratar, o mais cedo possível, todo o tipo de problema que possa surgir ao longo da vida.
O que é o Glaucoma?
O glaucoma é, basicamente, uma doença crônica que acomete o nervo óptico de maneira progressiva, podendo levar a perda visual importante. Hoje é a principal causa de cegueira irreversível no mundo; uma vez caracterizada a lesão, não há como revertê-la.
Apesar de existirem alguns fatores predisponentes, qualquer indivíduo pode vir a ter glaucoma. Muitas pessoas já são portadoras da doença sem saberem, sem apresentarem sintomas. Um indivíduo pode ter glaucoma, mesmo em graus não tão iniciais, e conseguir, por exemplo, passar em um teste básico de visão, como o realizado para a obtenção da carteira de motorista.
Por isso sempre reforçamos a importância de avaliações completas e regulares realizadas por um oftalmologista capacitado. Atualmente não há cura para o glaucoma, mas se diagnosticada precocemente e tratada adequadamente, há grandes chances de controle da doença.
Causas
Até hoje, a causa exata do glaucoma primário de ângulo aberto, o mais comum, não é conhecida. Não se sabe por que algumas pessoas têm um nervo óptico que passa a se degenerar de forma que compromete seu funcionamento e sua capacidade visual.
Nem todos os glaucomas têm a mesma causa ou apresentação. Por isso, é fundamental que se faça o diagnóstico diferencial desde o início do acompanhamento. Algumas enfermidades, sistêmicas ou oftalmológicas, e também alterações oculares, podem contribuir para o aparecimento do glaucoma.
Vários são os fatores que contribuem para esta patologia, sendo a pressão intraocular um dos mais importantes. O aumento da pressão intraocular se dá quando há um desequilíbrio entre a produção e o escoamento do fluido que preenche o olho. A hipertensão ocular sustentada, em nervos predispostos, pode levar a lesões permanentes.
O nervo óptico é a estrutura que leva a informação visual captada pelo olho até o cérebro. Ele é formado pela junção de mais de um milhão de fibras nervosas. Quando se eleva a pressão no olho, as células nervosas entram em sofrimento e, eventualmente, morrem. Cada uma destas fibras responde pela capacidade visual de uma determinada área do nosso campo de visão; se ocorre a lesão, há perda visual na região correspondente.
Caracteristicamente, as lesões de nervo são irreversíveis, portanto, quanto antes for feito o diagnóstico e instituído um plano de seguimento e tratamento, menores são os riscos para o paciente.
O tratamento tem o objetivo de controlar a doença e, com isso, prevenir ou inibir a progressão de dano ao nervo e de perda visual. Pode ser feito através de colírios, laser, cirurgias ou implantes, dependendo do estágio da doença e das características de cada paciente.
Fatores de risco
Alguns fatores são mais importantes para o desenvolvimento do glaucoma e alertam para que se tenha mais cuidado no acompanhamento e avaliação.
Confira:
– Pressão intraocular elevada;
– Idade acima de 40 anos e quanto mais avançada, maior o risco;
– Histórico familiar de glaucoma, principalmente em parentes de primeiro grau;
– Raça negra;
– Pacientes com alta miopia, usuários crônicos de colírios de corticoide, diabéticos ou com história de trauma ocular ou doenças intraoculares.
Diagnóstico do Glaucoma
O glaucoma só pode ser detectado após exame oftalmológico completo e detalhado. A medida da pressão intraocular, um procedimento simples e indolor, é um dos principais exames realizados durante a consulta que pode levar à suspeição do glaucoma. Genericamente, são medidas normais de pressão intraocular as entre 10 e 21 mmHg. Pressões maiores do que 21 mmHg são consideradas elevadas. Quando a medida é maior do que o padrão, mas a pessoa não mostra sinais de lesão glaucomatosa, acompanhamos o paciente apenas como um hipertenso ocular. A pressão ocular elevada, sozinha, não causa glaucoma, no entanto, é um fator de risco significativo, exigindo exames regulares à procura de sinais que indiquem o aparecimento de lesão do nervo. Salientamos que apesar de identificarmos alguns padrões, cada pessoa tem a sua pressão intraocular ideal, que deve ser definida por seu oftalmologista.
Apesar de muitas doenças poderem afetar o nervo óptico, o dano causado pelo glaucoma tem um aspecto característico que permite ao médico suspeitar da doença. No glaucoma, a alteração no nervo óptico é causada pela degeneração das fibras nervosas que, ao longo do tempo, leva a uma alteração do aspecto usual e ao aparecimento do que chamamos de escavação patológica. Nem todo paciente com um nervo óptico diferente tem a doença; são alguns sinais e modificações que podem ocorrer que fazem aumentar a probabilidade de um nervo ser glaucomatoso.
Como você deve ter percebido, além de silencioso, o glaucoma é um complexo problema multifatorial. São diversos dados e particularidades que devem ser vistos em cada paciente, não há um exame único que possa nos dar a certeza de seu diagnóstico.
Entre os exames mais utilizados para a avaliação, confirmação do diagnóstico e acompanhamento do glaucoma estão os seguintes:
Acuidade visual – Avalia quantitativamente a visão, é medida pela capacidade de ver números ou letras padronizadas em uma tabela ou monitor.
Biomicroscopia – Através de um microscópio, são avaliadas estruturas oculares e possíveis sinais que podem estar associados ao glaucoma.
Fundoscopia – Avalia o interior do olho, fundamental para examinar a papila (porção intraocular visível do nervo óptico).
Tonometria – Afere a pressão intraocular.
Fotografia do nervo óptico (Papilografia) – Documenta a aparência do nervo óptico. Importante meio de monitorar possíveis alterações ao longo do tempo.
Gonioscopia – Avalia o ângulo da câmara anterior. É fundamental para identificarmos qual o tipo de glaucoma de que o paciente pode ser portador.
Paquimetria – É a medida da espessura da córnea. Uma córnea mais grossa ou mais fina pode falsear o resultado da medida da pressão intraocular. Além disso, há evidências que indicam a espessura corneana fina como um fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma.
Campo visual – É um exame que mostra o que o nervo óptico está enviando de informações ao cérebro, é um teste funcional. No glaucoma, há defeitos característicos que devem ser investigados e monitorados ao longo do tempo.
OCT ou tomografia do nervo óptico e das camadas de fibras nervosas – Fornece dados anatômicos importantes da estrutura do nervo óptico e das fibras que o compõem.
A conscientização e informação sobre o glaucoma são fundamentais para que a população em geral e, especialmente, os grupos de maior risco, passem a considerar a possibilidade de serem portadores da doença, motivando a procura por avaliação especializada com oftalmologistas capacitados a diagnosticarem e acompanharem adequadamente esta condição.
Fonte:Dra. Ticiana Granzotto (Registro Profissional 29140) – Médica Oftalmologista Especialista em Glaucoma, Hospital Moinhos de Vento – Unidade Iguatemi