Pela primeira vez, pesquisadores conseguiram demonstrar que o cigarro gera mudanças celulares nos tecidos dos órgãos – estejam eles expostos direta ou indiretamente à fumaça. Cientistas do Instituto Britânico Wellcome Trust Sanger e do Laboratório Los Alamos, nos Estados Unidos, analisaram cinco mil tumores, comparando o câncer de fumantes com o de não fumantes. A análise ofereceu informações relevantes a partir dos traços genéticos encontrados nos tumores dos pacientes fumantes. O estudo, publicado pela revista Science, verificou que o dano genético poderia ser causado por diferentes mecanismos. Os pesquisadores descobriram que determinadas “impressões digitais” moleculares, também conhecidas como “assinaturas”, eram predominantes no DNA dos fumantes. “Apesar de sabidamente reconhecido como causa de câncer, o mecanismo pelo qual o cigarro induz o aparecimento dos tumores ainda não é totalmente compreendido. Este estudo demonstra que o cigarro induz o aparecimento de mutações nas células atingidas. Estas mutações determinam que as células se tornem diferentes das originais, levando a formação, crescimento e proliferação do câncer. Um dado muito interessante é que órgão diretamente expostos à fumaça do cigarro possuem mutações em maior numero e mais agressivas”, comenta o coordenador do Núcleo do Câncer Gastrointestinal do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, Rui Weschenfelder.
As células que entram em contato direto com a fumaça inalada foram as mais prejudicadas pelas substâncias cancerígenas…
Segundo a análise dos pesquisadores, as células que entram em contato direto com a fumaça inalada foram as mais prejudicadas pelas substâncias cancerígenas que diretamente causam a alteração no DNA da célula. Isso se verificou não apenas nos pulmões, mas também na cavidade oral, faringe e esôfago. As marcas genéticas observadas nesses órgãos não estavam presentes em tumores de outras partes do corpo, como o estômago ou o ovário, no caso das mulheres. Contudo, outros órgãos foram afetados. O estudo também revelou que há pelo menos cinco processos diferentes de danos ao DNA devido ao tabagismo. O mais verificado foi um processo que pareceu acelerar o relógio celular, envelhecendo e alterando de forma prematura o material genético.

Histórico genético 

De acordo com os pesquisadores, os tumores contêm pistas genéticas sobre os caminhos que os levam a se tornarem cancerosos. Os cientistas, agora, esperam se aprofundar ainda mais nesse campo. “O genoma de cada câncer provê uma espécie de ‘registro arqueológico’ no próprio código de DNA, das exposições que causaram as mutações que causaram o câncer”, explica o professor Mike Stratton, autor principal do estudo publicado na Science.

Duração das sequelas 

Os pesquisadores descobriram que quem fuma um maço por dia acumula 150 mutações adicionais por célula pulmonar a cada ano. “Até então, tínhamos um grande número de evidências epidemiológicas que ligavam o tabagismo ao câncer, mas agora podemos realmente observar e quantificar as mudanças moleculares no DNA devido ao fumo”, afirma Ludmil Alexandrov, do Laboratório Nacional de Los Alamos, outro autor do estudo. Embora os efeitos do tabagismo sobre os pulmões sejam particularmente acentuados, o alto risco de alterações em outros órgãos é considerado evidente a partir deste estudo. Houve uma média estimada de 97 mutações em cada célula da laringe, 39 mutações para a faringe, 23 mutações para a boca, 18 para a bexiga e seis mutações em cada célula do fígado para cada ano em que o paciente fumou um maço de cigarros por dia.
Fonte: Dr. Rui Weschenfelder (CRM 26372), coordenador do Núcleo do Câncer Gastrointestinal do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento

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