A 1ª Edição do ‘Curso sobre Tratamento Integrado do Câncer de Mama do Hospital Moinhos de Vento’ reuniu especialistas de diversas áreas ligadas ao Núcleo da Mama para apresentar palestras com uma linguagem acessível ao público leigo sobre temas como detecção precoce, investigação e confirmação do diagnóstico do câncer de mama. Segundo a coordenadora do evento e presidente do Instituto da Mama do RS (IMAMA), Dra. Maira Caleffi, embasada em dados do UICC (Union International of Cancer Control), existe uma projeção que em 2020 o câncer será a primeira causa mundial de mortes. O evento, que terá continuidade nos dias 14, 21 e 28 de outubro, pretende mostrar aos pacientes e ao público em geral, um novo jeito de olhar o paciente, que vai além da preocupação com a doença. “O foco é o indivíduo, seu bem-estar físico, psicológico e emocional”, destaca. A médica também é presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA). Na abertura do Curso, o mastologista Luis Antonio Moraes Neto, respondeu algumas dúvidas sobre o motivo pelo qual se rastreia o câncer de mama, quem deve fazer a rotina anual de exames e quais os fatores de risco mais importantes para a doença. O mastologista chamou a atenção em sua palestra para a importância das mulheres com 40 anos ou mais fazerem a mamografia. Ele cita a Lei 11.664 que prevê a realização de exame mamográfico anual a partir dessa idade. O exame clínico de rotina feito por um ginecologista ou mastologista e o autoexame mensal das mamas são outras medidas preventivas. O Dr. Neto explica que os fatores de risco são multifatoriais e cita os mais importantes: menarca precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (mais de 55 anos), nuliparidade, idade do parto (mais de 30 anos), obesidade e terapia de reposição hormonal combinada (estrógeno e progesterona). Além disso, ainda existem os fatores de risco ambientais que geram no organismo um processo inflamatório que acarretam em baixa imunidade, como o estresse, o sedentarismo, a dieta rica em gorduras, a poluição, o alcoolismo e o tabagismo. A descoberta e o tratamento do câncer levam as pacientes a um estado de fragilidade, provocando mudanças físicas, emocionais e na rotina. Para a psicóloga Lucy Bonazzi, membro da equipe do Núcleo Mama, que abordou o tema “A complementariedade entre o tratar e o cuidar”, é preciso entender o que é estar bem durante o tratamento de câncer. Lucy entende que desde o momento que a paciente passa pelos exames de investigação diagnóstica até a sua confirmação ocorre uma cadeia de percepções, alterações e sensação de desamparo, reações que ela considera esperadas para quem vivencia o diagnóstico. A terapeuta lembra que o câncer de mama faz o caminho inverso das doenças, pois na maioria das vezes, o paciente não sente dor, e só descobre que está com um tumor quando recebe o resultado do exame. Ela faz as seguintes considerações: – Ter confiança no médico – Buscar vínculos familiares e sociais onde se pode obter apoio – Identificar se existe necessidade de falar sobre o assunto e porquê falar, – Buscar serviços que ofereçam atendimento integral – Ongs e serviços integrados multiprofissionais, – Entender questionamentos do tipo: Por que eu? Qual a causa? – Voltar energias para si mesmo. A psicóloga salienta a importância de um atendimento global à paciente com câncer de mama, que vá além dos serviços convencionais. Destaca o impacto de equipes multiprofissionais que incluem além de mastologistas oncologistas e radioterapeutas, mas também outros profissionais como psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros entre outros. Por sua vez, a radiologista Dra. Juliana Machado explica a importância de uma equipe de radiologia na etapa de diagnóstico. Ela diz que há uma fase em que a doença se encontra indetectável e onde o trabalho do radiologista começa. “É praticamente o trabalho de um detetive”, ressalta Dra. Juliana. A médica fala sobre o exame de mamografia, que apresenta. Papel fundamental no diagnóstico precoce da doença, com impacto primordial nas taxas de cura da doença. Os radiologistas utilizam como guia uma classificação chamada de Breast Imaging Reporting and Data System (Bi-Rads), que é uma sistematização internacional para a avaliação mamária com o objetivo de interpretação do exame e confecção dos laudos. Esta classificação também é aplicada na ulltrassonografia mamária e ressonância nuclear magnética das mamas, assegurando maior confiabilidade ao exame. “É uma padronização mundialmente adotada e qualquer médico especialista nesta área, seja ele mastologista ou radiologista, entenderia uma classificação BIRADS 5”, explica. O papel da enfermagem também foi abordado, pela enfermeira do Núcleo Mama Rosane Teixeira. Ela lembra do impacto do diagnóstico na vida, não só das pacientes, mas de toda a família. “Uma equipe de enfermagem especializada é capacitada para lidar com essas diferentes situações”, comenta. Segundo a enfermeira, a atuação desses profissionais como parte de uma equipe multidisciplinar faz toda a diferença para a qualidade de vida da paciente. “Se ela tiver esse respaldo, se tornará mais segura, inclusive nos momentos mais críticos”, afirma Rosane. Em sua palestra, a patologista Márcia Graudenz, ressaltou que cabe ao especialista em anatomia patológica, dar o diagnóstico definitivo de câncer da mama em nível celular, avaliando os tecidos individualmente. O patologista pode e deve fornecer uma série de informações ao mastologista, ao analisar casos de carcinoma da mama, que são importantes para a avaliação prognóstica e terapêutica das pacientes. O geneticista Dr. Osvaldo Artigalás fez uma abordagem dos aspectos de hereditariedade e riscos genéticos. “O câncer é sempre uma doença genética, pois está relacionado a alterações no DNA – estrutura composta por 22 mil genes”, diz. Em contrapartida, o câncer de mama nem sempre é hereditário. Artigalás lembra que os principais genes – BRCA1 e BRCA2 – representam dois terços dos casos. Principalmente nessas pacientes é fundamental a realização de uma estratégia diferenciada para o diagnostico precoce, visto que tem uma chance extraordinariamente maior de desenvolver a doença. Porém, ele diz que nem todo mundo tem indicação de fazer o teste genético. É fundamental identificar os casos de mulheres com risco hereditário, pois estas se beneficiam de aconselhamento genético. A ginecologista e especialista em reprodução humana, Helena Corletta, concluiu o ciclo de debates sobre câncer de mama falando da preservação da fertilidade em mulheres que tiveram tumor ou que irão se submeter a sessões de quimioterapia. “A quimioterapia age no ovário da mulher como age a idade porque acelera a degeneração da reserva ovariana e do potencial de gestar, sintetiza. Ao nascer, a mulher possui muitos folículos (que carregam óvulos). Quando a mulher tem 25 anos a quantidade de óvulos diminui e aos 50, ainda existem pouquíssimos óvulos de boa qualidade.” A reprodução assistida possibilita diminuir o impacto da quimioterapia sobre a capacidade de gestar. Segundo a médica, nenhum metodo de reprodução assistida oferece garantia de 100% de gestação, mas é uma forma de resguardar a carga genética da paciente.
Fonte: Dra. Maira Caleffi – Chefe do Serviço do Núcleo Mama Moinhos

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1