Você já ouviu falar em sífilis? Trata-se de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria “Treponema pallidum”. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios, que são: sífilis primária, secundária, latente e terciária. Sendo que, nas fases primária e secundária, a sua possibilidade de transmissão é maior. 

E como é o contágio? A sífilis pode ser transmitida em uma relação sexual com uma pessoa infectada, em que não seja usado um preservativo interno ou externo (como a camisinha). Também pode ser repassada à criança, durante a gestação ou no parto.

 

Pandemia Silenciosa

A doença é pouco falada, mas virou uma verdadeira “pandemia silenciosa” no Brasil. Para se ter uma ideia, no período de 2011 a 2021, foram notificados no país 1.035.942 casos de sífilis adquirida, 466.584 casos de sífilis em gestantes, 221.600 casos de sífilis congênita e 2.064 óbitos por sífilis congênita. Os dados constam no Boletim Epidemiológico, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do MS, publicado em outubro de 2022. E a tendência é de que o número de casos siga em plena expansão. Para compreender sobre a patologia, o blog Saúde e Você entrevistou a epidemiologista do Moinhos de Vento, Dra. Eliana Wendland, pesquisadora principal do estudo Atitude, desenvolvido pelo Hospital.

 

Transmissão Vertical

Segundo ela, o grande problema da sífilis é a transmissão vertical, ou seja, da mãe (com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada) para a criança durante a gestação. Por este motivo, o MS alerta para a importância de fazer o teste para detectar a doença ainda durante o pré-natal, para que o casal possa fazer o tratamento adequado, evitando que seja transmitida ao filho. “No bebê, a doença pode causar uma série de problemas, que incluem cegueira, convulsões e até levar à morte”, adverte a médica. 

 

Quais são os sintomas da sífilis congênita?

Dra. Eliana Wendland explica que os sinais precoces são: lesão de pele característica, linfadenopatia (em que os nódulos linfáticos ficam com tamanho, consistência ou número anormal, gerando inchaço), hepatoesplenomegalia (aumento do tamanho do fígado e do baço), má evolução ponderal (ou baixo peso e desenvolvimento), secreção nasal sanguinolenta, fissura perioral, meningite, coroidite (inflamação nos olhos), hidrocefalia, convulsões, retardo mental, osteocondrite (inflamação de osso e cartilagem) e pseudoparalisia (atrofia de Parrot do recém-nascido). 

Já os sinais tardios são úlcera gomosa, lesões periostais, paresias (ou fraqueza muscular), tabes (degeneração dos neurônios), atrofia óptica, queratite intersticial, surdez sensorineural e deformidades dentárias.

E como a sífilis se manifesta em adultos?

“Nos adultos, quando não tratada, a sífilis pode levar a lesões na pele até sintomas cardiovasculares (como aneurisma e insuficiência valvular ou estenose coronariana). Também pode ocasionar a neurosífilis, levando a sintomas de demência”, esclarece.

O que o Atitude revelou sobre a sífilis?

O estudo Atitude, desenvolvido pelo Hospital Moinhos de Vento, realizou exames laboratoriais em 8.006 voluntários. Deste total, a mostra detectou 558 pacientes com sífilis, 81 casos de HIV, 56 de hepatite C e 26 com hepatite B. 

Entre as curiosidades relacionadas à doença, a Dra. Eliana Wendland observa que cerca de 40% dos participantes não sabiam que a sífilis é tratável e 32% não tinham conhecimento de que a enfermidade pode ser transmitida de mãe para filho. “Além disso, uma particularidade importante é que, ao contrário do senso comum, todas as idades são igualmente afetadas por esta IST, incluindo idosos maiores de 60 anos”, ressalta. 

O Atitude acontece desde 2020, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) e em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES). O estudo mapeou o comportamento, as práticas e as atitudes da população em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), em 56 municípios de todas as macrorregiões do Rio Grande do Sul, selecionados via sorteio. Foram aplicados questionários e feita a coleta de sangue dos participantes, sendo que este foi o primeiro levantamento que incluiu o teste de sorologia no Brasil. 

 

Teste Rápido e Tratamento

Vale lembrar que o Ministério da Saúde indica a realização do teste rápido para sífilis. É prático, de fácil execução e é ofertado gratuitamente nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). O resultado sai em, no máximo, 30 minutos. O principal tratamento é feito com penicilina, com prescrição médica e orientação do profissional de Saúde.

 

Fonte: Pesquisadora principal do estudo Atitude e epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Eliana Wendland (CRM 22321).

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Prêmios e Certificações

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