Uma doença que atinge milhares de brasileiros anualmente e é responsável pela morte de um em cada quatro pacientes no mundo. Esta é a Trombose, doença que impede a circulação do sangue em veias e artérias, decorrentes da formação de um coágulo ou placa de gordura, conhecido como trombo. A agilidade no diagnóstico e no início do tratamento vai interferir, de forma significativa, na boa evolução da doença, aumentando a chance de sobrevida e reduzindo as sequelas dos pacientes. A trombose pode ser dividida em arterial e venosa.

A obstrução da circulação arterial é um quadro grave, que pode atingir, principalmente, os vasos cerebrais levando ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou as artérias coronárias ocasionando o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). “Nesse caso teremos a morte celular nos órgãos ou tecidos envolvidos, decorrentes da má oxigenação, podendo ocasionar uma parada cardíaca ou levar a danos neurológicos irreversíveis. Outra consequência é que as extremidades podem ser acometidas por oclusão arterial com risco de perda do membro. Esses eventos costumam ocorrer de forma  súbita em que cada minuto poderá fazer a diferença para uma boa evolução”, explica Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular do Hospital Moinhos de Vento e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV),  da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH) e membro do Comitê de Especialistas em Trombose da Federação Brasileira das Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). 

No caso da trombose venosa profunda (TVP), que afeta, mais frequentemente os membros inferiores, o coágulo obstrui alguma veia que faz o retorno do sangue dos tecidos para o coração e para o pulmão. O risco, a partir desse evento, é de que o trombo se desprenda e alcance a circulação pulmonar, resultando no tromboembolismo pulmonar (TEV), que, em sua forma grave, também pode levar à morte.

Apesar de ser uma doença muito conhecida, a trombose gera dúvidas sobre suas causas, que podem ser inúmeras e em diferentes graus. É importante entender a relação da doença com cada fator de risco e como fazer a sua prevenção. Confira abaixo os principais questionamentos:

QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA ARTERIAL?

As placas de gordura que se depositam nas artérias causando a trombose têm como suas principais causas o tabagismo, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes e a elevação dos níveis de gorduras no sangue (dislipidemia).

QUAIS OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA A TROMBOSE VENOSA E EMBOLIA PULMONAR?

Os principais fatores de risco para a TVP e o TEV são a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo, câncer, trauma, cirurgias, infecções, uso de anticoncepcional e reposição hormonal, gestação e puerpério, pacientes acamados e doenças familiares ou adquiridas que predisponham a trombose (trombofilias). 

QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS DE UMA TROMBOSE?

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

A trombose das artérias do coração (coronárias) pode se apresentar com quadro clínico de dor torácica de forte intensidade, em aperto, no peito, que pode se irradiar para o braço esquerdo, ombro, região da mandíbula e até abdome. Essa pode estar associada à falta de ar, sensação de desmaio, palidez, náuseas, sudorese e palpitação.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Quadro de dor intensa na cabeça, convulsão, perda de consciência, confusão, tonturas associadas a náuseas e vômitos, perda de força ou formigamento em um lado do corpo, desvio da boca e dificuldades na fala podem estar associados ao quadro de trombose da circulação cerebral.

EMBOLIA PULMONAR

A obstrução da circulação pulmonar pode se apresentar com dor torácica em pontada ou aperto, falta de ar, palpitação, tosse, febre de baixo grau e cianose (face e extremidades do corpo arroxeadas).

TROMBOSE VENOSA PROFUNDA

A trombose do sistema venoso de um membro pode ocasionar dor intensa, inchaço, enrijecimento muscular e mudança de coloração (avermelhado ou arroxeado). Geralmente acomete apenas uma das pernas ou um dos braços. 

OCLUSÃO ARTERIAL AGUDA DE EXTREMIDADES

A obstrução aguda de uma artéria da perna ou do braço pode levar a dor intensa, palidez, formigamento, resfriamento, dificuldade de movimentação e ausência de pulsação. 

SITUAÇÕES ESPECIAIS:

TROMBOSE RELACIONADA À COVID-19 E SUAS VACINAS:

A COVID-19 é uma doença infecciosa que, além do comprometimento respiratório, também está associada, com frequência, a eventos trombóticos.  Quanto mais grave o estado clínico do paciente, maiores os seus riscos. Estima-se que de 5% a 10% dos pacientes internados possam desenvolver algum evento trombótico durante o tratamento, podendo alcançar 30% nos pacientes internados em UTI. “O vírus SARS-COV-2, causador da Covid, danifica a camada interna da parede dos vasos sanguíneos (endotélio), cuja função é impedir que o sangue coagule, facilitando o desenvolvimento da trombose”, comenta o médico.

Já a trombose decorrente das vacinas contra o Coronavírus é um evento adverso extremamente raro. Costuma comprometer vasos sanguíneos que não são tradicionalmente atingidos como veias do cérebro e dos órgãos abdominais e tem um tratamento diferenciado da trombose habitual. Essa é uma reação imunológica que envolve alterações dos elementos sanguíneos como as plaquetas e os D-Dímeros (produto da degradação dos coágulos), após vacinas com plataforma de vetor viral (Oxford/AstraZeneca e Janssen), numa incidência entre 1:125.000 a 1:1 milhão de vacinados. Essa reação, pouco descrita no Brasil, já tem tratamentos bem estabelecidos e não deve assustar aos pacientes. “O risco de se desenvolver uma trombose secundária à própria infecção por Covid-19 é muito maior do que os eventos relacionados às vacinas”, alerta. 

TROMBOSE NA GRAVIDEZ: O QUE SABER E COMO SE CUIDAR?

A gravidez e o pós-parto são o período de maior risco para o surgimento de um quadro de TEV na vida de uma mulher. Esse número é cerca de quatro vezes maior do que em uma pessoa não gestante da mesma faixa etária. A alta ocorrência de casos entre gestantes se dá por uma tendência de hipercoagulabilidade do sangue como uma resposta adaptativa para proteção da mãe e do bebê a algum sangramento.

Durante a gestação e puerpério, as pacientes que necessitam repouso ao leito por mais de quatro dias, ou tiverem obesidade, cardiopatias, idade superior a 40 anos, transfusão de sangue acima de 1 litro e o nascimento por cesariana elevam o risco de eventos. A prevenção do TEV periparto tem seus pilares no acompanhamento obstétrico regular, controle de peso, prática de atividade física orientada, boa hidratação, uso de meias de compressão e profilaxia medicamentosa em situações específicas. 

Após o nascimento, existe um aumento de risco de trombose que pode ser superior a 30 vezes. É considerado o momento de maior risco de trombose em geral na vida da mulher. Desta forma, as puérperas de alto risco para trombose vão receber, quando necessário, um tratamento preventivo com anticoagulação, ou, quando não for possível, vai ser orientada para o uso de meias elásticas e iniciar movimentação o mais precoce possível após o parto. Este risco de trombose também deve ser avaliado quando a gestante precisa ser internada. A FEBRASGO, publicou neste ano um manual de como prevenir trombose na hospitalização de gestantes e puérperas, que está disponível para todos os ginecologistas. Peça uma avaliação do seu risco de trombose na gravidez e no seu parto para o seu Obstetra!

ANTICONCEPCIONAL E REPOSIÇÃO HORMONAL 

A ingestão de hormônios que contêm estrogênio resulta no aumento de alguns elementos da coagulação e na viscosidade sanguínea, o que eleva os riscos de trombose. O uso da pílula sempre deve ser discutido com o ginecologista, que vai identificar se houver algum fator que possa contraindicar o seu uso.  A alternativa é o uso de outros métodos contraceptivos, como preservativos, Dispositivo Intrauterino (DIU), métodos cirúrgicos definitivos (laqueadura tubária e a vasectomia), entre outros. 

ESPORTE PODE CAUSAR TROMBOSE?

A prática esportiva, apesar de todos os seus benefícios para a saúde, precisa ser feita com cuidado e com responsabilidade. Isso porque a repetição de alguns movimentos ou consequentes traumas, como um choque entre dois atletas, por exemplo, podem gerar lesões musculoesqueléticas, que ocasionam edema, muitas vezes necessitando de cirurgias, imobilização e repouso, podendo causar compressão de veias, levando à trombose.

Outro fator associado ao esporte é o uso de medicamentos e hormônios para aumento de performance. Essas substâncias, a maioria nocivas, também estão associadas à doença, como é o caso dos esteroides androgênicos, derivados de testosterona.

VIAGENS AÉREAS OU RODOVIÁRIAS

Viagens de longa duração, em que há pouca movimentação das pernas, também é um fator de risco para trombose.  “O problema das viagens é ficarmos muito tempo na mesma posição, o que interfere na circulação do sangue. Esse risco se eleva quando a imobilidade ultrapassa 3 horas, principalmente em voos, quando a cabine é pressurizada e a umidade reduzida”, explica. Segundo o médico, o recomendado é que, quando possível, o passageiro use meias de compressão, dê uma caminhada ou movimente as pernas seguidamente, tome bastante líquido e evite excesso de álcool ou sedativos.

PREVINA-SE

Uma dieta balanceada, boa hidratação, a prática de esportes e um peso corporal adequado colaboram para a prevenção da trombose. Manter suas revisões clínicas periódicas em dia também ajudam na prevenção e na redução dos danos que essa doença pode causar.

E lembre-se: a data de 13 de Outubro é o Dia Internacional de Combate à Trombose, uma doença que precisa de atenção e tratamento. Se estiver com algum sintoma, procure ajuda médica.

Fontes: Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia e Dr. Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular do Hospital Moinhos de Vento.

Agradeçemos pela sua inscrição!

Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1