Correr na rua, brincar no parquinho, jogar bola. Essas eram algumas das brincadeiras infantis mais populares, especialmente no Dia das Crianças, comemorado no dia 12 de Outubro, antes da era da digitalização e da pandemia da Covid-19. Hoje, os videogames, jogos online e streaming são os principais gostos da garotada.

Mas qual a consequência disso, na prática? Qual o malefício da falta de contato entre as crianças e a interação somente através das telas?

O médico Felipe Kalil, neuropediatra do Hospital Moinhos de Vento, explica que o aprendizado das crianças se dá através do processo de espelhamento, que acontece durante a socialização. “Ir à escola, por exemplo, permite que a criança "imite" o colega, o que incentiva o desenvolvimento da fala, de comportamentos e de outras habilidades, de forma mais interessante do que ver um adulto fazendo”, exemplifica.

Segundo ele, o contato virtual, por mais necessário que esteja sendo neste momento, não substitui a troca presencial, que exige maior atenção e observação sobre o outro. Além disso, quanto mais tempo expostos a telas, maiores são as dificuldades de foco, de concentração e, consequentemente, de novos aprendizados. “Estudos mostram que as crianças e adolescentes em idade escolar estão com seu desenvolvimento atrasado durante a pandemia, tendo dificuldade na fala, no hábito de aprender e até mudanças comportamentais”, confirma o médico.

A justificativa e a consequência desses atrasos dependem da faixa etária da criança. “Para quem está aprendendo a falar, que normalmente são os pequenos de até três anos, o próprio uso da máscara interfere nesse processo, já que as crianças não veem mais o movimento da face e da boca para poderem copiar. Já para os maiores, que estão em idade de aprendizagem, a dificuldade foi superar a falta de equipamentos e se adaptar a uma nova metodologia, que nem sempre foi bem aplicada. Além dessas idades, os próprios adolescentes também estão sofrendo com isso, em que observamos um aumento da ansiedade, depressão e alteração do sono”, explica.

Segundo ele, é preciso tratar esse momento como se fossem duas pandemias paralelas: uma sendo a que todos estão enfrentando e outra relacionada à população pediátrica, que também requer cuidado. A recomendação para os pais é que estejam atentos a possíveis sinais de atrasos no desenvolvimento das crianças e que busquem ajuda médica, se necessário. “O tratamento precoce ainda é a melhor alternativa na recuperação dessas dificuldades”, orienta Dr. Kalil.

Outra indicação é incentivar a retomada gradual dos pequenos à socialização. “Temos que ter bastante cuidado nessa readaptação das crianças ao novo contexto que estamos vivendo. É importante que não seja uma mudança brusca, como foi no início da pandemia, mas que, aos poucos, respeitando os cuidados de prevenção, sejam retomadas as atividades e as relações das crianças e adolescentes”, finaliza.

Fonte: Dr. Felipe Kalil, neuropediatra do Serviço de Pediatria do Hospital Moinhos de Vento.

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