Segundo uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos, existe um aumento na prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma em cada 44 crianças aos oito anos de idade é diagnosticada com TEA. O aumento foi de 22% em relação à pesquisa anterior (elaborada em 2020), cuja proporção era de 1 para 54. Caso esses números sejam similares no Brasil, ( não há dados oficiais), seriam cerca de 4,84 milhões de pessoas com autismo no nosso país.
Esse crescimento da prevalência do TEA pode estar associado a três fatores principais. “Primeiro, pelo aumento do acesso aos serviços de diagnóstico, por maior esclarecimento da população, menos estigma e maior disponibilidade de serviços. Segundo, o diagnóstico dos casos mais leves, que antes não eram identificados. Terceiro, um crescimento real do número de casos até o momento já associado com maiores idades materna e paterna e uso de algumas substâncias durante a gestação, como por exemplo o ácido valpróico”, aponta a médica psiquiatra da infância e adolescência do Hospital Moinhos de Vento, Ana Soledade Graeff-Martins.
Mitos das vacinas e terapias sem comprovação
Um estudo publicado em 1998, posteriormente reconhecido como uma fraude (levou inclusive à cassação da licença médica de seu principal autor), apresentou uma possível relação da vacina MMR (sarampo, rubéola e caxumba) com casos de autismo. “Teve efeito devastador nas taxas de vacinação, inicialmente na Inglaterra, e, até hoje, causa um temor infundado. As vacinas não causam TEA, e já existem inúmeros estudos que reafirmam isso.”, alerta a médica.
Já as terapias não comprovadas podem limitar o tempo para que crianças com TEA recebam um tratamento eficaz para. As intervenções adequadas devem ser iniciadas preferencialmente antes dos cinco anos de idade. “Após este momento, a neuroplasticidade (capacidade do cérebro se modificar) diminui bastante e as terapias tornam-se menos eficazes. As terapias não validadas cientificamente podem trazer pouco ou nenhum resultado e fazem com que um tempo muito valioso seja perdido”, enfatiza.
Diagnóstico e tratamentos adequados
No autismo, o diagnóstico é realizado a partir da avaliação clínica. É baseado em relatos dos pais ou cuidadores e na observação da criança com o transtorno. Segundo a psiquiatra, alguns instrumentos (entrevistas) podem auxiliar nessa apuração, mas nenhum exame é necessário para definir o diagnóstico
Em relação aos tratamentos adequados para o autismo, os mais indicados são aqueles baseados em análise do comportamento aplicada (ABA). “Preferencialmente, com protocolo estruturado e avaliações frequentes com relação à evolução da criança”, indica. “Quanto mais os pais e cuidadores estiverem familiarizados com o funcionamento das terapias para que possam reproduzi-lo no dia-a-dia da criança, maior será o benefício para o paciente e sua família”, reforça.
Por meio de uma equipe multiprofissional especializada em autismo, o Hospital Moinhos de Vento disponibiliza o que há de mais atual em relação a diagnóstico e tratamento do TEA. “São psiquiatras da infância e adolescência, pediatria do desenvolvimento, neuropediatras, neuropsicóloga, psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional, trabalhando de forma coesa numa equipe multiprofissional. Esse grupo está altamente capacitado para fornecer a melhor investigação e orientação para as famílias, bem como elaborar um planejamento adequado e individualizado de intervenção”, enfatiza.
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Fonte: Ana Soledade Graeff-Martins, médica psiquiatra do Hospital Moinhos de Vento.