Conforme a Organização Mundial de Saúde, a asma acomete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, e mais de 20 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Só no Brasil, a doença pulmonar é a 4ª maior causa de hospitalização, sendo responsável por cerca de 350 mil internações por ano no país. Sensível a este assunto, a Organização Mundial de Saúde criou um programa chamado Iniciativa Global da Asma (GINA), com o objetivo de promover a colaboração internacional em pesquisas e estudos sobre a asma, encorajando a disseminação e adoção de práticas no que diz respeito às intervenções efetivas na prevenção e controle da doença. O papel do GINA é, além de procurar por tratamentos mais efetivos para a doença, levar informação e esclarecimento ao asmático e seus familiares sobre tratamentos e medidas a serem adotados para controlar o quadro asmático. Para esclarecer um pouco mais sobre as questões que permeiam o debate acerca da asma, conversamos com o Dr. Paulo Pitrez, pneumologista pediátrico e Coordenação Institucional de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, e membro do Comitê Científico da GINA. Apesar de ser uma doença tratável, segundo ele, “é essencial lembrar as pessoas, gestores em saúde e médicos em geral de que a asma é uma doença crônica, muito prevalente em várias partes do mundo, com grande prejuízo para a qualidade de vida dos doentes e familiares, alto custo para o paciente e sistemas de saúde, e que mata (morrem de asma cerca de 5 a 7 brasileiros por dia no Brasil)”. O coordenador afirma também que é necessário que o debate sobre a asma seja fomentado em forma de campanhas e dias de conscientização, com o objetivo de educar sobre a doença e derrubar mitos.

Uma doença vulnerável a aspectos ambientais na vida do indivíduo

Mais comum em crianças e adolescentes, a asma de origem alérgica é o tipo de asma com as apresentações mais graves e começa nos primeiros anos de vida. Os desencadeantes mais frequentes das crises de asma são as infecções respiratórias virais. No entanto, sintomas crônicos são causados, principalmente, por alérgenos aos quais o paciente é sensível, como poeira doméstica, animais, mofo, perfumes, produtos de limpeza, cigarro, etc. Já os outros tipos de asma, que são de origem não alérgica, ainda não são bem compreendidos pela comunidade médica e podem estar mais presentes em algumas populações específicas, e de início na idade adulta.

A asma tem sintomas bem característicos, que limitam muito a qualidade de vida

A principal característica da asma são as vias aéreas inferiores (brônquios) inflamadas, hiper-reativas e obstruídas, que limitam a passagem de ar através de broncoconstrição, produzindo muco e aumento da inflamação. Os sintomas mais comuns são: chiado, falta de ar, tosse seca, aperto no peito, falta de ar e dificuldades em realizar atividades rotineiras pela dificuldade de respirar, apresentando uma respiração “cansada”. Esses sintomas são crônicos ou recorrentes, resultando em limitação para atividade física, despertares noturnos, crises fortes com idas a sala de emergência, hospitalizações, e até quadros de depressão e ansiedade. É bastante comum a confusão entre os termos “asma” e “bronquite”. A maioria das pessoas acha que asma é uma doença mais grave e bronquite é algo mais leve. No entanto, o Dr. Paulo afirma que a asma é uma forma de bronquite. Na verdade, asma, bronquite alérgica e bronquite asmática são a mesma coisa, mas asma é o termo médico correto para ser usado (ex: é como pressão alta e hipertensão arterial). Para evitar o diagnóstico errôneo e identificar a asma, é realizado um diagnósticos clínico que compete o histórico do paciente, exame físico e exames de função pulmonar (espirometria), geralmente, a partir dos 6 anos de idade.

Asma é uma doença tratável e todo paciente deve procurar tratamento adequado para ter uma vida normal

O tratamento profilático (diário) é indicado para aqueles pacientes com sintomas frequentes, ou com crises de asma que necessitam uso de corticóide oral, visitas à emergência ou hospitalização. O tratamento para controlar a doença é feito com medicamentos inalatórios contínuos (corticoide inalatório, com ou sem broncodilatadores associados), da mesma forma que se trata diabetes e hipertensão arterial. Possivelmente, muitos pacientes precisarão fazer esse tratamento toda a vida. Mas os medicamentos disponíveis hoje são muito seguros, e para os casos muito graves, existem hoje medicamentos imunobiológicos também. Em todos os casos, é preciso reduzir a exposição do paciente aos fatores desencadeantes/agravantes da asma.

É possível controlar a asma?

Sim! Segundo o pneumologista pediátrico Paulo Pitrez, é possível manter o paciente saudável a partir do tratamento disponível. O objetivo do controle da asma é diminuir/acabar com o sofrimento do paciente, fazendo com que ele não tenha sintomas. Os principais indicativos de controle da doença são a ausência de sintomas no paciente como, tosse, falta de ar ou chiado no peito recorrente, despertar noturno por sintomas ou sintomas a exercícios físicos. A presença de sintomas na vida do paciente significa não controle da doença. O não controle da doença prejudica muito a qualidade, aumentando o risco de apresentar crises, hospitalização e perda progressiva da função pulmonar. É muito importante alertar a sociedade que a asma é uma doença crônica e sem cura (como hipertensão arterial ou diabetes), e que, em casos graves, ela costuma ser persistente por toda a vida do paciente.

A asma e o Covid-19

Toda doença respiratória crônica é mais suscetível a apresentar quadros graves por vírus respiratório, que inclui agora o Covid-19. Por essa razão, um quadro de coronavírus pode ser mais grave em uma pessoa asmática. Ainda não há nenhuma estratégia efetiva de prevenção primária da doença. O único fator bem evidente que aumenta o risco de expressão da doença é a mãe do paciente ter fumado na gestação. No entanto, as medidas de prevenção em meio à pandemia se dão, principalmente, através de duas orientações: 1) manter todos os cuidados de higiene e distanciamento pessoal preconizados mundialmente e 2) manter rigorosamente seu tratamento preventivo inalatório ou imunobiológico prescrito para asma pelo seu médico. Além disso, os cuidados com fatores ambientais dentro de casa devem ser considerados. A casa de uma pessoa asmática deve conter o mínimo de alérgenos possível. Sendo assim, é conveniente reduzir a quantidade de poeira doméstica e, também, repensar a presença de animais domésticos no ambiente – o que geralmente não é indicado. O ideal é evitar carpetes, cortinas de tecido e animais de pelúcia em excesso e manter atenção redobrada à presença de fungos! É importante destacar que o maior vilão ambiental a um paciente com asma é o contato com tabaco que, portanto, deve ser erradicado da vida deste. Para finalizar, o pneumologista Paulo Pitrez alerta para os mitos existentes acerca dos tratamentos disponíveis para a doença: as bombinhas (spray) não engordam ou fazem mal à saúde. Broncodilatadores e os corticoides, quando utilizados em doses adequadas e por profissionais capacitados, não oferecem nenhum risco ou efeito adverso relevante à saúde dos pacientes. Os broncodilatadores não fazem mal para o coração, não viciam, e os corticoides inalados não engordam e não retardam o crescimento, quando utilizados de forma adequada. Além disso, ele também chama atenção para fatores emocionais como estresse, ansiedade e depressão, que estão associados ao surgimento da doença, apesar de seus mecanismos ainda não serem bem compreendidos. Fontes:
6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos sofrem com asma
https://sbpt.org.br/portal/espaco-saude-respiratoria-asma/
Global Initiative for Asthma

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
Entrada 2 - Rua Tiradentes, 333
Av. João Wallig, 1800 - 3º andar - Shopping Iguatemi Porto Alegre
Avenida Cristóvão Colombo, 545 - Espaço Comercial P5-1