Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS), trouxe um alerta sério para um problema silencioso: 99% da população global respira um ar sem a qualidade recomendada; com altas concentrações de poluentes. Para se ter uma ideia, a mortalidade causada pela poluição do ar é equivalente à decorrente do uso de produtos de tabaco e superior aos casos associados à ingestão excessiva de sal.

Segundo a OMS, este é um fator de risco crítico para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), causando cerca de 24% das mortes por doenças cardíacas, 25% por acidentes vasculares cerebrais, 43% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 29% por câncer de pulmão. Para entender a gravidade deste cenário, o blog Saúde e Você conversou com o Dr. Guilherme Geib, médico oncologista do Hospital Moinhos de Vento e membro do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia.

1) Qual é a relação entre a poluição ambiental e o câncer de pulmão?

Dr. Guilherme Geib - Os estudos têm deixado cada vez mais claro o papel da poluição ambiental como fator causador do câncer de pulmão. Os poluentes do ar, sobretudo as pequenas partículas contendo substâncias tóxicas, induzem mudanças inflamatórias no tecido pulmonar ao longo do tempo. Isso pode, em alguns casos, permitir a expansão de clones celulares com mutações pré-existentes, levando a ocorrência da doença. Pesquisas em diferentes países do mundo demonstraram uma importante correlação entre níveis de poluição ambiental e a ocorrência de câncer de pulmão.

  

Câncer de Pulmão em Números

Segundo estimativas atuais do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a neoplasia é a terceira mais comum em homens (18.020 casos novos) e a quarta em mulheres (14.540), no Brasil; sem contar o câncer de pele não melanoma.

 

No mundo, o câncer de pulmão é considerado o primeiro em incidência e mortalidade junto ao público masculino. Já para o feminino, é o terceiro em número de casos e o segundo em mortes. Em 2020, foram 2,2 milhões de novos diagnósticos da doença, sendo que 1,4 milhão acometeram homens e 770 mil, mulheres.

 

2) Como evitar problemas respiratórios graves causados pela poluição?

Dr. Guilherme Geib - Aqui reside um dos grandes desafios, pois, diferentemente do cigarro, em que o indivíduo pode controlar a sua exposição (deixando de fumar ou reduzindo a quantidade), o mesmo não é possível em relação à exposição ao ambiente, o que acontece lentamente, no decorrer de muitos anos.

3) Quais são os conselhos que o senhor daria aos seus pacientes, neste sentido?

Dr. Guilherme Geib - Meu conselho é entender o problema e a sua importância para a saúde. É através da conscientização da população que esperamos buscar uma mudança neste cenário.

 Conforme uma publicação do INCA (específica sobre o assunto), os sintomas da poluição do ar podem ser:

- inespecíficos: como mal-estar, dor de cabeça, irritação nos olhos e garganta;

- respiratórios: incluindo resfriados, gripes, amigdalites, faringites, otites, sinusites e agravando doenças já instaladas, como pneumonias e tuberculose;

- prejudiciais ao funcionamento do organismo: com o aumento de problemas cardíacos (como hipertensão arterial, arritmias, angina e infarto do miocárdio), além de propiciarem casos de derrame cerebral, diabetes tipo 2 e câncer de bexiga.

 

Fonte: Dr. Guilherme Geib (CREMERS 28583) é médico oncologista do Hospital Moinhos de Vento e membro do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia.

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