Parece incrível, mas o ano já está chegando ao fim. E como aliviar o esgotamento mental, que costuma ficar alto, especialmente, no último bimestre? Para compreender esta fase e vivenciar de forma mais leve este período, o blog Saúde e Você conversou com o Dr. Alexander Welaussen Daudt, oncologista clínico e Liderança Médica do Ambulatório de Medicina de Estilo de Vida (MEV) e Longevidade Saudável do Hospital Moinhos de Vento.

Então, como diminuir este esgotamento mental?

Dr. Alexander Welaussen Daudt - O estresse de final de ano e a experiência de metas incompletas são gatilhos comuns para lapsos em comportamentos de estilo de vida saudável, muitas vezes levando:

- Ao aumento da ingestão de alimentos;

- A redução da atividade física;

- A diminuição da autoeficácia em praticar uma mudança saudável, isto é, baixa confiança na capacidade de mudar por si próprio.

Ou seja, estes períodos são caracterizados por um aumento da lacuna entre intenção e ação, onde os indivíduos possuem o desejo de manter ou melhorar os comportamentos de saúde, mas têm dificuldade em converter as intenções em ação sustentada. 

Como aliviar a “culpa” de não ter conseguido cumprir as metas estipuladas para o ano?

Dr. Alexander Welaussen Daudt - O essencial a ser lembrado corresponde à velha máxima de “nunca desistir” e focar em estratégias fundamentais e baseadas em evidências científicas para promover a mudança de comportamento em saúde como as utilizadas no Centro de Medicina de Estilo de Vida (MEV).

De que forma as orientações vindas da MEV podem contribuir, na prática, com os nossos leitores?

Dr. Alexander Welaussen Daudt - A Medicina de Estilo de Vida (MEV) enfatiza o envolvimento da pessoa, o estabelecimento colaborativo de metas e a responsabilidade, ajudando o indivíduo a esclarecer seus valores, resolver a ambivalência, buscar a resolução de problemas e se comprometer com ações específicas e alcançáveis, com pequenas escolhas, utilizando, por exemplo, metas “SMART”, que significa:

- S de “Specific” (específica);

- M de “Measurable” (mensurável);

- A de “Achievable” (atingível);

- R de “Relevant” (relevante);

- T de “Time-bound” (temporal).

Assim, um plano de ação “SMART” envolve especificar “quando, onde e como” um comportamento será executado, ao mesmo tempo que a pessoa antecipa e se prepara para o enfrentamento de possíveis obstáculos ou tentações. Estas estratégias facilitam a formação de hábitos e resiliência, como demonstrado em intervenções direcionadas à atividade física, onde o planejamento estruturado levou a aumentos significativos na adesão ao exercício e bem-estar.

E quais são as outras dicas que o senhor gostaria de deixar ao nosso público?

Dr. Alexander Welaussen Daudt - Uma outra técnica altamente eficaz e baseada em evidências para preencher a lacuna “intenção-comportamento” são as intenções de implementação. Definidas como planos “se-então”, como, por exemplo:

- “(Se) eu me sentir estressado no trabalho, (então) vou pausar por alguns minutos, lembrando de uma imagem alegre enquanto faço três respirações profundas e lentas”.

Logo, as intenções de implementação são decisões planejadas antecipadamente e funcionam automatizando respostas direcionadas em contextos específicos, reduzindo, assim, a dependência da força de vontade e da deliberação consciente. O mecanismo psicológico envolve vincular uma situação crítica a uma ação predeterminada, o que aumenta a automaticidade comportamental e reduz o impacto de impulsos ou distrações concorrentes.

A eficácia das intenções de implementação foi demonstrada em vários domínios, incluindo gerenciamento do estresse, alimentação, controle de peso e atividade física especialmente quando os planos são personalizados e relevantes (seguindo as metas “SMART”). Sendo que a qualidade do plano - clareza, especificidade e relevância para gatilhos pessoais - influencia, significativamente, os resultados.

Fonte: O Dr. Alexander Welaussen Daudt (CRM 10624) é oncologista clínico, Liderança Médica do Ambulatório de Medicina de Estilo de Vida (MEV) e Longevidade Saudável do Hospital Moinhos de Vento e preceptor da Residência Médica em Oncologia da instituição. Possui Certificação em MEV pelo ACLM (“American College of Lifestyle Medicine”) e pelo Colégio Brasileiro de Medicina Estilo de Vida.

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