A conscientização sobre o câncer de boca é fomentada durante o Maio Vermelho – e o dia 31 de maio marca o Dia Mundial sem Tabaco. Dois assuntos que se relacionam entre causa e efeito. As constantes campanhas antifumo ainda são necessárias, uma vez que 10% da população adulta brasileira ainda fuma.
Por mais que não esteja entre as neoplasias mais faladas, o câncer de boca está entre os 10 tipos mais comuns no Brasil. A doença afeta lábios, gengivas, bochechas e céu da boca, língua e a região abaixo da língua. Em torno de 15 mil pessoas recebem o diagnóstico todos os anos, segundo a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O médico Daniel Sperb, coordenador do Núcleo de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, explica que esses tumores são facilmente detectados quando a pessoa faz consultas regulares com médicos especializados, cirurgiões-dentistas ou cirurgiões bucomaxilofacial. “Os tumores descobertos no início tem possibilidade de tratamentos simples e com taxas de cura em torno de 90%”, destaca.
No entanto, alerta o especialista, mais da metade dos tumores de boca são diagnosticados em fases tardias, momento em que os tratamentos necessitam ser muito agressivos, resultando em importantes sequelas. “Por isso é muito necessário falarmos na prevenção e diagnóstico precoce”, orienta.
A principal causa do câncer de boca é o tabagismo – e o risco aumenta quando associado ao consumo de bebidas alcoólicas. Existem outros fatores de risco, como exposição excessiva ao sol, por exemplo, que aumentam as chances de a doença afetar o lábio.
A boa notícia é que há um tipo de câncer de boca que pode ser evitado com vacina. É cada vez mais comum que tumores na boca estejam relacionados ao vírus do papiloma humano (HPV), afetando homens e mulheres – independentemente da orientação sexual. “Por isso, os cirurgiões-dentistas e médicos precisam estar atentos para essas possibilidades quando examinam seus pacientes”, alerta Sperb.
Como toda a doença, não há condicionantes exatos – pessoas que nunca fumaram ou beberam também não estão livres de desenvolver a patologia. Por isso, é importante estar atento aos sinais do corpo para o aparecimento de possíveis sintomas.
Prevenção
As consultas preventivas com cirurgiões-dentistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e médicos especializados são grandes aliadas na descoberta precoce e na luta por um melhor prognóstico.. Alguns dos sintomas só aparecem de forma acentuada quando a doença já está em estágio mais avançado. Por isso, previna-se.
Atitudes que fazem a diferença
Diagnóstico
O mais importante passo para diagnóstico e tratamento correto é o exame clínico feito por especialista. Exames complementares de imagem, laboratório e anátomo patológico são realizados conforme cada situação. Pessoas com qualquer tipo de imunodeficiência precisam prestar mais atenção aos sinais e sintomas pela possibilidade de avanço mais rápido da doença.
Sinais e sintomas precoces que devem ser observados
Sintomas mais tardios que indicam consulta com urgência
O cirurgiões bucomaxilofaciais João Julio da Cunha Filho, coordenador do Núcleo de Odontologia do Hospital Moinhos de Vento, explica que o cirurgião-dentista, especialmente o estomatologista, é um especialista importante tanto para a prevenção como para o diagnóstico. “Esses profissionais realizarão a biópsia que resultará no diagnóstico. Logo após, o paciente é encaminhado ao cirurgião de cabeça e pescoço para início do tratamento”, esclareceu.
Devido a esses fatores, o tratamento é multidisciplinar. Fazem parte da equipe cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas, radioterapeutas, fisioterapeutas, nutricionistas e cirurgiões-dentistas. O diagnóstico precoce e a conduta do cirurgião-dentista é fundamental para o desfecho, pois fornece o suporte necessário para minimizar possíveis efeitos adversos do tratamento.
Tratamento
Os tratamentos do câncer de boca devem ser realizados por uma equipe integrada e de especialidades diversas. Normalmente, esse paciente irá necessitar de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia – isoladas ou associadas, dependendo do caso. Pessoas que apresentam sintomas não devem se automedicar. “Vemos muitos pacientes com cânceres extremamente agravados porque usam, por muito tempo, pomadas à base de corticóide sobre suas lesões”, relata Daniel Sperb.
A equipe do Núcleo de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Oncologia do Hospital Moinhos de Vento é composta por cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas clínicos, radioterapeutas, endocrinologistas, radiologistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogo, psiquiatra, patologistas, clínicos internistas, neurocirurgiões, médico nuclear, cirurgiões torácicos, cirurgiões cranio-maxilo-faciais e cirurgiões plásticos. Além disso, o Núcleo de Odontologia do Hospital tem equipes preparadas para realizar o diagnóstico precoce dos tumores e dar todo o suporte de prevenção e tratamento dos paraefeitos dos tratamentos oncológicos.
São realizadas reuniões multidisciplinares regulares. Todos os médicos trabalham em conjunto em prol do melhor resultado para o paciente.
Tratamento inovadores
Além dos tratamentos clássicos, é importante ressaltar que o Hospital Moinhos de Vento disponibiliza novos tratamentos, como cirurgias endoscópicas e robóticas, que permitem tratamentos com menores sequelas, e novos aparelhos de radioterapia, que permitem tratamento com as menores taxas de radiação nas áreas de tumor, prevenindo radiação em regiões nobres. Os oncologistas têm hoje à disposição tratamentos imunoterápicos e com alvos moleculares específicos.
Fontes:
Daniel Sperb Cremers 23988 Coordenador do Núcleo de Cabeça e Pescoço do Hospital Moinhos de Vento.
João Julio da Cunha Filho – Coordenador do Núcleo de Odontologia do Hospital Moinhos de Vento