Entramos em uma nova era da medicina personalizada, em que múltiplas estratégias terapêuticas estão sendo combinadas. De acordo com o médico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Bernardo Garicochea, palestrante da edição de outubro do Grand Round, evento realizado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com Johns Hopkins Medicine International, nos últimos anos, com o desenvolvimento dos testes genéticos, os médicos ganharam uma ferramenta importante para identificar pacientes com os genes perigosos. “Hoje quase todo tipo de tumor que pode ter causa genética já está mapeado. Isso quer dizer que o paciente que submeter o seu DNA a teste poderá saber se tem ou não o risco de sofrer de câncer de estômago, tireoide, intestino e pele, por exemplo. Ele cita o caso da atriz Angelina Jolie, que teve uma mutação genética nos genes BRCA 1 e BRCA 2, e passou por uma dupla mastectomia preventiva. “A cirurgia preventiva também não é indicada para todos os pacientes, pelo contrário, ela se sustenta quando o risco é mais alto, geralmente em casos de câncer de mama, ovário e tireoide”, explica. Já no começo de sua explanação, Garicochea, diz que o câncer é complexo, independente e tem uma capacidade de adaptação para a sua própria sobrevivência. “É darwinismo puro” compara o especialista, estabelecendo uma relação com as teorias do naturalista britânico Charles Darwin (seleção natural), que defendia que somente os seres mais adaptados ao ambiente sobreviveriam e perpetuariam as espécies. Segundo o pesquisador, isso se deve, entre outros fatores, a enorme habilidade que as células têm de modificar o ambiente em que vivem, criando vasos sanguíneos para se alimentar (angiogênese); de serem capazes de interferir no sistema imunológico do paciente; de sobreviverem mesmo com quantidade reduzida de oxigênio e de conseguirem se adaptar a condições extremamente adversas. O médico explica que cada vez mais, compreende-se melhor sobre as mutações genéticas envolvidas no processo de surgimento do câncer – já que algumas alterações ocorridas em determinados genes acabam provocando a multiplicação incontrolada de células que, por sua vez, se tornam cancerosas. Justamente sobre essas mutações que as pesquisas relacionadas ao tratamento do câncer têm se debruçado. “O trabalho é separar o joio do trigo”, comenta Garicochea, já que dentre milhares de mutações existentes nas células cancerosas, é preciso identificar um pequeno número delas, que na verdade, são as fundamentais para a sobrevivência do tumor. “Nas últimas décadas, pudemos identificar que essas mutações genéticas ocorrem dentro de certos padrões”, explica. “À medida que esses padrões são descobertos, conseguimos atuar com mais êxito na prevenção e tratamento do tumor”, complementa. Grupos étnicos Pertencer a alguns grupos étnicos também pode aumentar o risco de desenvolver determinados tumores. Conforme o médico, que também é coordenador da unidade de aconselhamento genético do Hospital Sírio-Libânes, descendentes de judeus ashkenazi (da Europa Central ou Oriental), têm maior risco de carregar as mutações no BRCA1 e 2. Ele destaca também que homens negros têm maior probabilidade de desenvolver tumor de próstata e devem ser acompanhados mais de perto quando aparece algum caso na família. Conforme o cientista, a análise dos grupos de risco poderia levar à redução de 20% na mortalidade por câncer nos próximos dez anos, especialmente nos mais prevalente, como próstata, mama, intestino, estômago e pulmão. Para a médica chefe do Serviço de Mastologia e Coordenadora do Núcleo Mama de Porto Alegre do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi, a investigação genética já é uma realidade na rotina da sua equipe. “Vários pacientes após teste genético alterado são encaminhados para acompanhamento clínico”. Medidas preventivas Quando os médicos encontram um caso de risco é possível tomar medidas preventivas conforme a doença que a pessoa tem. “Uma das principais providências é aumentar a frequência de exames periódicos, como colonoscopias, mamografias e testes para tumor de próstata, dependendo da região do corpo que estiver em risco”, ressalta o chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, Sergio Roithmann. Para Garicochea, os testes genéticos vão revolucionar a medicina. “Vamos partir para a individualização do tratamento e passaremos a cuidar de pessoas saudáveis”, garante. O médico acredita que, em breve, esses exames ficarão ainda mais acessíveis.

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Prêmios e Certificações

Entrada 1 - Rua Ramiro Barcelos, 910 - Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS, 90035-000
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