A maioria das doenças renais não apresenta sintomas nos estágios iniciais, o que acaba dificultando o trabalho de identificação destas patologias. As mais frequentes costumam ser secundárias a outras doenças mais conhecidas, como hipertensão, obesidade e diabetes. Nestes casos, os de grupo de risco, é previsível e mais fácil diagnosticá-las através do acompanhamento adequado.

Na busca pelo corpo ideal, a procura por métodos rápidos para atingir este objetivo pode comprometer os rins.

Mas e quando a patologia pode estar próxima de pessoas fora do grupo de risco e estar relacionada ao consumo de anabolizantes ou ao uso excessivo de suplementos proteicos? Na busca pelo corpo ideal, a procura por métodos rápidos para atingir este objetivo pode comprometer os rins. É o que explica o Dr. Renato Eick, coordenador do Serviço de Nefrologia do Hospital Moinhos de Vento: “é fato conhecido que a ingesta de proteínas aumenta a filtração glomerular, isto é, o “trabalho do rim” para filtrar o sangue. Porém, não há estudos de longo prazo que demonstrem que pessoas normais ou atletas que ingerem uma quantidade de proteínas acima do normal tenham maior incidência de insuficiência renal ou requeiram hemodiálise exclusivamente devido à dieta rica em proteínas. Já o uso de anabolizantes tem associação com doenças renais, podendo, inclusive, ser causa de insuficiência renal crônica terminal, levando à necessidade de hemodiálise”.  

Sintomas e sinais

Assintomáticas até nos estágios mais avançados, a maior parte das doenças renais não mostra sinais. “Náuseas, perda do apetite, emagrecimento, edema podem ocorrer somente quando os rins filtram menos de 20, 30% do normal”, detalha o nefrologista. Segundo ele, a solicitação da creatinina no sangue, um exame simples e realizado de rotina, pode detectar precocemente a perda da função renal de modo que a investigação e o tratamento para a doença sejam iniciados o mais breve possível, reduzindo o risco de descobrir a doença somente em estágios avançados nos quais a possibilidade de tratamento e reversão do quadro são menores. “Devemos estar atentos também para a presença de proteínas na urina (urina com espuma) ou hematúria (sangue na urina) que, na maioria das vezes, são alterações não perceptíveis a olho nu, mas facilmente observadas no exame qualitativo de urina (EQU). Mais um fator que revela a importância de manter check-ups e realizar exames de rotina para a detecção precoce”, ressalta.  

A água nossa de cada dia

Uma das dúvidas mais frequentes é se a quantidade de urina está adequada. “Os rins têm a capacidade para urinar muito (>10L/dia) ou pouco (<0.5L/dia) dependendo do nosso grau de hidratação (ou desidratação) e da quantidade de líquidos que ingerimos diariamente, de forma que urinar um volume grande ou pequeno por dia pode ser adequado”. O nefrologista também salienta que o volume de urina reflete a ingesta diária, menos as perdas insensíveis (suor + respiração). Somente quando há ganho de peso significativo de um dia para o outro, somado a presença de edema (inchaço) no corpo ou nas pernas é que podemos interpretar um volume “pequeno” de urina como um alteração significativa que merece investigação. “Embora haja muitas recomendações de que devemos ingerir grandes quantidades de água por dia – o que está correto em alguns casos específicos tais como em pacientes formadores de cálculos renais (pedras nos rins) ou repetidas infecções urinarias -, em geral, a sede regula a nossa necessidade de ingesta de líquidos, não havendo necessidade de ingerir mais que 1,5 a 2 litros de líquidos por dia, exceto para atletas ou em dias de muito calor quando as perdas através do suor ou pela respiração são muito elevadas”, esclarece.  

Fonte: Dr. Renato Eick (CRM: 21039), coordenador do Serviço de Nefrologia do Hospital Moinhos de Vento