Graças à vacinação, a pólio (ou poliomielite) foi eliminada das Américas em 1991, sendo a primeira região do mundo a alcançar esse resultado. Entretanto, essa grande conquista corre o risco de ser perdida se o índice de cobertura vacinal continuar tão baixo quanto está hoje, em 69%, muito longe do ideal, de 95% ou mais. Justamente por este motivo, o Brasil é um dos países com maior risco de reintrodução dessa doença. A boa notícia é que temos a solução para melhorar esse cenário: a vacina, que é a única medida de prevenção contra a pólio.

A doença é altamente contagiosa, causada pelo poliovírus selvagem, e pode acometer crianças, adultos e idosos. Geralmente, é assintomática ou semelhante a uma gripe. Mas, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), de 1 a 200 casos o vírus destrói parte do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Também pode atacar uma área do cérebro que contribui para a respiração, levando a óbito. 

Paralisia infantil?

O infectologista Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, supervisor do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento, observa que são múltiplos os fatores que fizeram com que a população brasileira deixasse de se vacinar, como deveria. “As pessoas entendem que a poliomielite não é mais perigosa, até em razão dos baixos índices da doença. Além disso, a geração atual não vivenciou a realidade da pólio, que já causou tantas mortes e casos de paralisia infantil”, avalia.

“A própria pandemia de COVID-19 fez com que a vacinação para outras enfermidades fosse adiada pela população. Muitos deixaram de sair e se vacinar até para não se contaminarem com o SARS-CoV-2, que era a prioridade da rede de saúde”, analisa o Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho.

Importação do poliovírus selvagem

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil não há circulação de poliovírus selvagem desde 1990. Todavia, o médico alerta para o risco de importação de casos de países onde ainda há circulação endêmica do poliovírus selvagem (Paquistão e Afeganistão) ou onde há baixa cobertura vacinal. “Por isso, os pais têm essa responsabilidade de levá-las aos Postos de Saúde para fazer a vacina contra a pólio. Isso é fundamental para prevenir a doença se ela retornar ao nosso país”. 

Esquema de vacinação

Vale lembrar que, a imunização contra a poliomielite deve ser iniciada a partir dos 2 meses de vida, com mais duas doses aos 4 e 6 meses, além dos reforços entre 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) explica como é o esquema vacinal:

  • VIP (intramuscular): na rotina de vacinação infantil deve ser dada aos 2, 4 e 6 meses, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade. Na rede pública, as doses a partir de um ano de idade são feitas com VOP;
  • VOP (oral): na rotina de vacinação infantil nas Unidades Básicas de Saúde, é aplicada nas doses de reforço dos 15 meses e dos 4 anos de idade e em campanhas de vacinação para crianças de 1 a 4 anos. As campanhas de vacinação em massa, com a VOP, motivada pelo personagem “Zé Gotinha”, contribuíram para o controle da doença no Brasil.

Causas e sequelas 

O Ministério da Saúde (MS) adverte que a transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar, tossir ou espirrar).

O infectologista Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho esclarece que a pólio pode ser transmitida pela secreção da boca (como saliva, tosse ou espirro) ou no contato com a água contaminada por fezes de alguém portador da doença, pois o vírus pode ir para o esgoto. Por isso, a importância de sempre lavar as mãos com água e sabão e beber água tratada.

O MS ainda elucida que as sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente correspondem a sequelas motoras e não têm cura. Entre elas, as principais são: os problemas e dores nas articulações; o pé torto (em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão); o crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa manque e incline-se para um lado, causando escoliose; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta; dificuldade de falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

Recomendações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS):

  • A poliomielite afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade.
  • Uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.
  • Os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% nos últimos anos: dos 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018.
  • Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite. Se a doença não for erradicada, podem ocorrer até 200 mil novos casos no mundo, a cada ano, dentro do período de uma década.
  • Na maioria dos países, os esforços mundiais ampliaram as capacidades para combater outras doenças infecciosas, construindo sistemas eficazes de vigilância e imunização.
  • O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e  fazer vigilância constante, entre outras medidas.

É preciso vacinar 

O Ministério da Saúde preconiza: todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. É preciso vacinar os pequenos, para que não sofram com sequelas graves de doenças que podem ser facilmente evitadas.

Gostou do conteúdo ou ficou com alguma dúvida? Se deixou de levar o seu filho para vacinar ou você mesmo não sabe se tomou todas as doses contra a pólio, fale com os especialistas do Hospital Moinhos de Vento, no Núcleo de Vacinas, e mantenha a sua saúde e da sua família em dia.

Fonte: Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho (CRM 29512) é médico infectologista, supervisor do Núcleo de Vacinas e coordenador médico das Unidades Externas do Hospital Moinhos de Vento

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