Os óculos de sol há muito deixaram de ser um simples acessório, para revelar a personalidade e o estilo de quem os utiliza. Lentes coloridas e armações redondas, como as da cantora Rita Lee, ou modelos totalmente pretos e clássicos, como os da atriz Audrey Hepburn, ditam tendências e marcam épocas. Entretanto, muito mais do que compor looks, os óculos escuros são uma boa tática para proteger os olhos nos dias de verão, de acordo com a Dra. Caroline Fabris, médica Oftalmologista do Hospital Moinhos de Vento. Veja, abaixo, outras dicas da especialista para proteger os olhos nestes dias quentes e ensolarados:

1. Pense no equilíbrio

É importante escolher óculos que tenham um bom equilíbrio com a face da pessoa, respeitando a sua anatomia e tendo uma cobertura abrangente entre a sobrancelha e a maçã do rosto. Uma dica é não deixá-lo muito afastado entre o rosto e a parte de baixo da lente, não podendo exceder a 1 cm de distância.

2. Bloqueie as luzes UV

Hoje, encontramos no mercado vários filtros solares, com diferentes graduações quanto à tonalidade e às luzes ultravioletas (UV). O ideal é bloquear 100% da iluminação UV, mas é importante conferir se as lentes estão fazendo esse bloqueio na hora da compra, na ótica. A tonalidade também dá um conforto e contribui para diminuir a fotofobia (desconforto com a luminosidade). As lentes polarizadas (que diminuem o brilho e a luz excessiva) também geram um conforto muito grande, pois elas organizam o impulso luminoso e a imagem não fica tão difratada, gerando menos fotofobia e mais nitidez. 

3. Não olhe para a luz

Jamais olhe diretamente para o sol, o que pode gerar uma queimadura térmica e/ou eletroquímica (no centro da retina). Isto pode causar um dano irreversível do campo visual.

4. Caiu areia?

Entrar areia nos olhos é um acidente muito comum, especialmente nesta época do ano. Normalmente, não é grave, mas pode ser o início de uma complicação grande, caso aconteça uma entrada exagerada de areia dentro dos olhos. Neste caso, é indicado ter uma pequena garrafa de soro fisiológico que é barato, fácil e leve de levar dentro de uma bolsa de praia. Em um primeiro atendimento, é importante derramar bastante soro fisiológico nos olhos, enquanto a pessoa atingida pisca, na tentativa de fazer uma limpeza total. 

Caso não tenha o soro fisiológico, outra opção é comprar uma garrafinha d'água e fazer o mesmo procedimento. A ideia é lavar abundantemente o olho, até o paciente ficar realmente livre da sensação de corpo estranho. Não é indicado colocar a água da torneira, por ser muito clorada e gerar ardência, e nem coçar os olhos.

5. Caiu filtro solar ou água da piscina?

No caso da entrada de outros produtos nos olhos, como filtro solar ou água da piscina, a recomendação é a mesma. Lavar abundantemente a área com soro fisiológico. Na sequência, também pode ser usado um colírio lubrificante (sem vasoconstritor), que não necessita de receita médica.

6. Não melhorou? Procure um oftalmologista

Um tempo após a aplicação do colírio lubrificante nos olhos, é importante observar se há edema (inchaço) de pálpebras, olhos vermelhos, dor, ardência, secreção purulenta ou piora e embaçamento da visão. Caso haja, é importante procurar por atendimento médico especializado, com um oftalmologista. Apenas em um consultório oftalmológico bem equipado poderá ser feita a inspeção necessária, com microscópio.

7. Não fique tanto tempo na frente das telas

O excesso de exposição a telas digitais é uma grande preocupação da nossa geração, especialmente pós-pandemia, onde as pessoas começaram a fazer trabalhos e estudos de forma remota. Mas, no período de férias, é recomendado que se utilize o mínimo possível as telas. É importante aproveitar, pegar bastante sol e fazer vitamina D para reforçar a imunidade para o posterior surgimento do outono e inverno.

Mas, para quem fica muito tempo na frente das telas, é necessário fazer intervalos regulares a cada vinte ou trinta minutos. O ideal é não ficar o tempo todo na frente de uma tela, que gera sedentarismo e uma série de outras complicações em termos de organismo e de saúde geral. Utilizar um lubrificante é outra medida para quem realmente é obrigado a ficar diante de uma tela, trabalhando. Uma dica é usar os que têm ácido hialurônico, que são medicamentos puros e não contêm preservantes. Eles não precisam de prescrição médica e podem ser utilizados em qualquer dosagem, conforme a sensibilidade da pessoa. Ou seja, pode ser indicado para o uso a cada hora, ou de três em três horas ou de seis em seis horas. Mas o melhor, mesmo, é não ficar tanto tempo na frente das telas.

8. Prefira livros tradicionais

É interessante, mas o livro tradicional (e não o digital) não gera tanto ressecamento, porque a pessoa está em um estado de leitura que, apesar da atenção, ela tem um piscar natural e não tem uma tela luminosa com pixel piscando (que leva a um estímulo de descarga de neuroreguladores diferenciados). Para não ter incômodo, é necessário evitar uma fonte luminosa com muito calor e lugares com vento, porque o olho aberto, exposto, pode dar lacrimejamento. Mas o ato de ler um livro físico, normalmente não gera tanto desconforto ocular quanto à exposição a uma tela digital.

9. Conjuntivite

Como no verão são frequentes os surtos de conjuntivite, alguns cuidados básicos de higiene ajudam na prevenção. Caso alguém da família esteja com conjuntivite, evite esfregar os olhos, lave as mãos com frequência e enxugue com toalha de papel ou toalha separada.

10. Redobre os cuidados

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a cada 10 graus de elevação de temperatura, o número de pacientes afetados por bactérias pode aumentar em até 17%. E a incidência de doenças causadas por vírus e bactérias pode ser 46% maior no verão do que nas outras três estações do ano. Portanto, fique atento!

Fonte: A Dra. Caroline Fabris (CRM RS 25713/RQE 16657) é médica Oftalmologista do Hospital Moinhos de Vento.