O Ministério da Saúde anunciou esta semana a ampliação na oferta de vacina contra HPV para meninos de 11 a 15 anos incompletos (até 14 anos, 11 meses e 29 dias). A medida tem o objetivo de aumentar a cobertura da vacina em adolescentes do sexo masculino. Atualmente, a vacina contra a doença já é disponibilizada em meninos de 12 e 13 anos desde janeiro deste ano. Também poderão receber a vacina homens e mulheres transplantados e oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia. O que é o vírus, a relação com o câncer do colo do útero, proteção indireta, faixa etária, calendário de vacinação, reações adversas. São algumas das muitas questões. O Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, médico Infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas da Unidade Iguatemi do Hospital Moinhos de Vento, responde a algumas delas.  

1) Qual a importância da vacina HPV para os meninos e por que eles devem receber?

A vacina previne que o vírus do papiloma humano (HPV) se instale no organismo e, como ele é o principal agente causador do câncer de ânus, reto, pênis e orofaringe, espera-se que a vacina também possa prevenir estes tipos de câncer nos meninos. Um dos grandes benefícios proporcionados pela vacinação deles é, não só a proteção individual, como também a coletiva, ou seja, proteção indireta ou de rebanho, pois o vírus é sexualmente transmissível, pelo sexo anal, vaginal e oral. A quebra da cadeia de transmissão sem dúvida impactará nos casos de câncer do colo uterino para mulheres, já que 90% de todos os tumores do colo do útero são decorrentes do HPV. Ao todo existe cerca de 200 tipos de HPV, sendo que 40 infectam o trato anogenital. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 90% de todos os casos de câncer do colo do útero nas mulheres; 70% dos casos de câncer anal e genital em ambos os sexos e até 72% dos casos de câncer de orofaringe. Já os subtipos 6 e 11 são responsáveis por 90% das verrugas anogenitais. Atualmente, a infecção por HPV é uma das principais causas de infecções sexualmente transmissível (ISTs) no Brasil e no mundo, sendo a manifestação mais frequente a verruga genital e o câncer de colo do útero, entre outros. Quanto ao câncer de colo do útero, é a quarta causa de morte de mulheres no Brasil, atrás apenas de AVC, infarto e câncer de mama.  

2) Há mais de um tipo de vacina, qual a diferença entre elas?

Sim. Existem duas vacinas contra o HPV disponíveis no Brasil: Gardasil e Cervarix. A Gardasil, disponível na rede pública e produzida pelo laboratório Merck (MSD), oferece proteção contra 4 tipos de HPV: 6, 11, 16 e 18.  Atualmente, está sendo aplicada no esquema de 2 doses com intervalo de 6 meses para meninas de 9 a 13 anos. A partir de 2017, estará disponível para meninos de 12 a 13 anos, com o mesmo intervalo, e para meninos e homens de 9 à 26 anos com HIV num esquema de 03 doses, igual ao indicado atualmente para as meninas e mulheres com HIV da mesma faixa etária. Na rede privada, a Gardasil também está disponível para meninas e mulheres de 9 a 45 anos e para meninos e homens de 9 a 26 anos, no esquema sugerido de 3 doses. A Cervarix produzida pelo laboratório GlaxoSmithKline (GSK) está disponível somente na rede privada e oferece proteção contra os tipos 16 e 18, causadores do câncer de colo do útero, sendo indicada somente para mulheres a partir de 9 anos sem limite de idade, no esquema sugerido de 3 doses.  

3) Quem já iniciou a vida sexual pode tomar a vacina?

O melhor momento para receber a vacina é antes do início da vida sexual. Após o início das relações, a chance de entrar em contato com vários tipos de vírus HPV aumenta progressivamente devido ao número de relações e parceiros. Quanto ao uso do preservativo, este diminui o risco de transmissão do HPV na relação sexual, mas não evita totalmente o contágio, que é feito pelo contato de pele com pele, pele com mucosas (revestimento úmido e interno de cavidades, por exemplo, vagina e canal anal) e entre mucosas. Ainda assim, a vacina tem um papel importante oferecendo proteção contra os tipos de HPV que a pessoa ainda não teve contato.  

4) A afirmação de que a resposta imunológica à vacina é melhor quando aplicada até os 15 anos de idade procede?

Sim. Estudos mostram que dos 9 aos 15 anos é a melhor época para receber a vacina, pois, nesta fase, o sistema imunológico aprende as informações necessárias para combater o HPV, produzindo uma grande quantidade de anticorpos específicos contra ele. Associado a isso está o fato da grande maioria dos adolescentes não terem tido contato com o vírus HPV, pois ainda não iniciaram a vida sexual. Mesmo assim, vale lembrar que a vacina também é eficaz na prevenção contra o HPV em outras faixas etárias.  

5) Quem já teve HPV pode tomar a vacina?

Sim. As vacinas oferecem proteção contra os tipos 6, 11, 16 e 18, sendo que, se a pessoa teve contato com um tipo previamente, ela irá se beneficiar da proteção para os demais vírus contidos na vacina.  

6) Se tiver iniciado a vacinação na rede pública, pode completá-la na rede privada? Vale para a vacina em meninas e mulheres também?

Sim. A vacina utilizada na rede pública é a Gardasil, que protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18, também disponível na rede privada.  

7) Quais são os efeitos colaterais desta vacina?

A vacina apresenta principalmente reações adversas no local da aplicação como dor, inchaço, vermelhidão e calor, que desaparecem após algumas horas. Mais raro, podem ocorrer mal-estar e dor de cabeça leves, e febre baixa, que também desaparecem após algumas horas. Desmaios e tonturas podem acontecer com qualquer vacina devido à ansiedade, principalmente em adolescentes, que tem medo de agulhas utilizadas em outras situações, como coleta de exames de sangue ou uso de medicamentos injetáveis.  

8) Qual o esquema da vacinação contra o HPV disponível no Núcleo de Vacinas Iguatemi? E desde quando a unidade disponibiliza a vacina?

Conforme as orientações da Sociedade Brasileira de Imunizações e a Sociedade Brasileira de Pediatria, a vacina é indicada para homens e mulheres, conforme a faixa etária de cada vacina, num esquema de 3 doses. O Núcleo de Vacinas iniciou a aplicação em 2006, ano da aprovação e comercialização da Gardasil no Brasil.
Fonte: Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho (CRM 29512) médico Infectologista e coordenador do Núcleo de Vacinas da Unidade Iguatemi do Hospital Moinhos de Vento
 

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