Recentemente, a agência de saúde das Nações Unidas divulgou um relatório com dados preocupantes. Entre eles, o de que, se não ocorrerem mudanças, os casos globais de câncer no mundo aumentariam em 60% até 2040. Para os países de baixa e média renda, a previsão é de uma taxa ainda maior, na casa dos 81%. No entanto, há, também, dados que demonstram os resultados positivos que determinados países, como Itália e Estados Unidos têm conquistado. Avanços na medicina, como os de técnicas de rastreamento e detecção precoce de tumores e os da imunoterapia, também estão ajudando a mudar esse quadro. Confira, a seguir, mais informações sobre esse panorama e veja a avaliação do Dr. Pedro Isaacsson Velho, médico do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, sobre a situação no Brasil.

Quadro de queda nos casos de câncer nos Estados Unidos

Dados divulgados recentemente em um relatório da American Cancer Society demonstraram que o número de óbitos por câncer nos Estados Unidos atingiu um marco histórico de queda, apresentando níveis 29% menores ao longo dos últimos 26 anos. O que incentivou esse resultado, principalmente, foi que as mortes ocasionadas por câncer de pulmão caírem 50% desde o começo da década de 1990. E isso foi possível, em grande medida, graças à diminuição dos índices gerais de tabagismo e aos avanços em termos de diagnóstico e prevenção do problema. Outros índices que apresentaram queda foram os de câncer de próstata (cuja letalidade caiu mais de 50% entre 1993 e 2016), de câncer de mama (com queda da taxa de fatalidade em mais de 40% entre 1989 e 2016) e de câncer colorretal (com declínio no índice de mortalidade de 53% entre 1980 e 2017, entre os homens, e de 57% entre 1969 e 2017, entre as mulheres). Entretanto, há alguns tipos de câncer que continuam crescendo entre a população americana, tais como câncer de rim, pâncreas, fígado e melanoma da pele, o que faz com que o câncer seja a segunda maior causa de morte no país conforme o recente relatório da American Cancer Society.

Europa: câncer é segunda maior causadora de mortes

Conforme dados do Regional Office for Europe da World Health Organization, de modo geral, na Europa, o câncer representa a segunda causa mais recorrente de mortes. A Europa abrange 9% da população mundial, mas possui uma parcela de 25% da taxa global de câncer. Lá, o tabaco é o fator de risco mais importante para o câncer. Um estudo recente demonstrou que a Itália apresenta as maiores taxas de sobrevivência de câncer da Europa. Os motivos para isso incluem uma série de políticas para restrição ao fumo e, também, a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos.

Brasil: taxas elevadas, porém com avanços nas opções de tratamento

No Brasil, infelizmente, as taxas gerais de mortalidade por câncer se elevam desde o final dos anos 1970, momento no qual o Inca (Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva) iniciou o monitoramento anual desse dado. Aqui, o câncer de pele não melanoma é o de maior prevalência, seguido por câncer de mama e próstata. A previsão do instituto é de que 625 mil novos casos surjam ainda em 2020. Entre as justificativas para essa tendência de crescimento, estão fatores como o crescimento e o envelhecimento populacional, o que é lembrado pelo Dr. Pedro Isaacsson Velho. “No Brasil, os dados do Inca ainda não mostram diminuição na maior parte do país. Devido ao envelhecimento populacional do Brasil, há a tendência de que o número de casos aumente nos próximos anos”, avalia o especialista. Entretanto, o médico também reforça os avanços registrados no país e que têm ajudado muitas pessoas a lidarem com o problema. “Devido à melhora nos tratamentos, cada vez mais, vários tipos de câncer estão sendo controlados mais facilmente, o que melhora o prognóstico. Além do mais, com o advento da imunoterapia, vários cânceres que eram incuráveis agora podem ser curados, com destaque especial para o melanoma, câncer de pulmão, câncer de rim e câncer de bexiga. O maior desenvolvimento de pesquisa clínica em nosso país é o caminho para que possamos ajudar mais os nossos pacientes”, pondera. Para continuar se atualizando sobre o assunto, confira também o artigo que preparamos sobre a radioterapia como aliada das pacientes com câncer de mama.