A alimentação de pacientes com câncer é um assunto muito debatido por médicos e nutricionistas. Certos alimentos ainda levantam opiniões opostas, mas é unanimidade a orientação de que o paciente busque por informações seguras a respeito de sua alimentação nos diferentes momentos da doença.   Considerando que o câncer é uma disfunção cada vez mais presente e que a maioria das pessoas conhece alguém que já passou ou passa por isso, é importante que se fale sobre como tornar a alimentação do paciente com a doença mais segura, leve e sem culpa. “Precisamos pensar na comida de verdade, com arroz e feijão e tudo de maneira simples e sem preocupações exageradas. Dessa forma, a diferença de recomendações para pacientes em tratamento quimio ou radioterápico é algo muito mais delicado e que necessita de cuidado redobrado para evitar restrições excessivas baseadas em informações que, na verdade, podem acabar debilitando um paciente durante o tratamento”, esclarece Etielle Sonaglio, nutricionista do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento.   Confira cinco mitos e verdades da alimentação do paciente com câncer  

1. Existem alimentos milagrosos que podem curar o câncer: Mito.

  Não se pode atribuir um poder de cura para determinados alimentos. A alimentação deve sempre se basear na variedade de frutas, legumes, verduras, leguminosas, cereais integrais entre outros. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), a recomendação é de se consumir, no mínimo, cinco porções por dia de vegetais, sendo duas porções de frutas e três porções de legumes e verduras, ou seja, uma alimentação bastante colorida.  

2. Limão cura o câncer: Mito.

  É verdade que a maior parte dos quimioterápicos surgiu, em algum momento, de substâncias naturais. Entretanto, essas substâncias por si só não tem um poder de eficácia maior que a quimioterapia. Não existem estudos científicos que comprovem o poder de cura do limão, mas ele é uma ótima fonte de vitamina C e minerais. O ácido, não só do limão, como também do abacaxi e da laranja, por exemplo, ajuda a amenizar a náusea durante as sessões de quimioterapia, mas deve ser usado com cautela por quem tem mucosites – lesões na mucosa da boca.  

3. Chá de graviola cura o câncer: Mito.

  A confusão acontece porque o chá de graviola possui um composto chamado acetogenina que possui algumas propriedades antitumorais. Mas não é por isso que se pode dizer que a bebida é capaz de curar a doença. Durante o tratamento, se ingeridas em altas doses substâncias do chá podem, inclusive, ser tóxicas para os rins e o fígado comprometendo a absorção e a eficácia dos quimioterápicos.  

4. Benefícios da ingestão de frutas, legumes e verduras na prevenção do câncer superam malefícios dos resíduos de agrotóxicos: Verdade.

  Existem evidências científicas que comprovam que os benefícios da ingestão de frutas, legumes e verduras na prevenção do câncer superam os malefícios do consumo desses alimentos, mesmo com resíduos de agrotóxicos. Inclusive, nos vegetais são encontradas vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos que auxiliam a prevenir diversos tipos de câncer. Optar por orgânicos é sempre o ideal, pois são mais saudáveis. Entretanto, caso não seja possível obtê-los, não se pode abrir mão desses alimentos protetores, já que a redução no seu consumo pode contribuir para o surgimento de novos casos de câncer. “Só em Porto Alegre já encontramos mais de 20 feiras orgânicas, até mesmo em shoppings, o que facilita nosso acesso aos alimentos orgânicos”, lembra a nutricionista.  

5. O açúcar é um vilão durante o tratamento do câncer: Mito.

  A ideia de que o açúcar pode “alimentar” diretamente o crescimento das células cancerosas pode levar algumas pessoas com a doença a evitar todos os tipos de açúcares como, por exemplo, o das frutas. Para quem luta para manter seu peso ao lidar com os efeitos colaterais do tratamento de câncer, a eliminação de certos alimentos provavelmente não será benéfica. Cortar todo tipo de açúcar pode gerar estresse e causar um aumento na produção de alguns hormônios, levando ao aumento nos níveis de açúcar no sangue, além de outras reações emocionais igualmente prejudiciais à saúde. “Restringir drasticamente as fontes de carboidratos para um paciente em tratamento pode ser catastrófico, já que a perda de peso excessiva pode inviabilizar a continuidade da quimioterapia”, salienta a profissional.   Grande parte das pesquisas feitas sobre carboidratos e câncer utilizam modelos animais, o que exige cautela em transferir estes dados para humanos. “É importante ressaltar que excesso de carboidratos simples – açúcares -, não são benéficos para ninguém, pois estão envolvidos na causa de outras doenças como diabetes e obesidade. Manter um peso saudável é protetor para saúde de modo geral, portanto também importante para prevenção do câncer”, adverte a nutricionista.  

Etielle Sonaglio (CRN: 9049D), nutricionista do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. (LINK: https://www.hospitalmoinhos.org.br/servico-medico/oncologia/)