Com a troca das estações e a mudanças climáticas muitas pessoas apresentam complicações no trato respiratório. A asma é uma inflamação que ocorre nas vias aéreas. O Chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Basso Gazzana, responde as principais dúvidas sobre essa patologia:  

O que é asma? Existem diferentes graus?

Asma é uma doença comum das vias aéreas ou brônquios e bronquíolos (tubos que levam o ar para dentro dos pulmões) causada por inflamação destas estruturas. Isto provoca o estreitamento dos mesmos, dificultando a passagem do ar. O diagnóstico é estabelecido por avaliação médica, através do relato do paciente e do exame físico – além de exames de função pulmonar (espirometria). A gravidade da asma é muito variável, havendo casos leves até muito graves que podem causar a morte do paciente. Pode haver ao longo do tempo, inclusive, crises leves até graves no mesmo paciente.  

Quais são os principais sintomas?

Os sintomas da asma são falta de ar, tosse, chiado e aperto no peito, que ocorrem em crises. Normalmente são desencadeados por poeira, cheiros fortes, mudanças climáticas, pelos de animais de estimação, dentre outros fatores.  

É possível se prevenir dessa doença ou se nasce com ela?

A causa da asma não é completamente conhecida. Há um forte componente genético, sendo comum ter alguém na família com história de alergia (também com asma, rinite alérgica ou alergia de pele). Nos casos de asma que começam na idade adulta, sobretudo após os 50 anos, o componente genético é menor, sendo relevantes lesões por poluição, cigarro ou infecções respiratórias de repetição.  

A incidência é maior em quais regiões do País?

A asma é mais comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.  

Quais são os tipos de tratamento mais efetivos?

O principal tratamento da asma é feito com corticoides por via inalatória. Esta é uma medicação anti-inflamatória e antialérgica, que deve ser administrada regularmente para evitar as crises, mesmo que o paciente não apresente os sintomas naquele momento. Além disto, o uso de broncodilatadores podem ser utilizados no momento da crise para aliviar a falta de ar. A melhor forma de valer-se destes medicamentos é pela via inalatória, que minimiza os efeitos colaterais em comparação aos comprimidos e aos injetáveis. As formas disponíveis são os sprays (“bombinhas”), inaladores de pó seco ou as nebulizações.  

A atividade física pode auxiliar na redução das crises?

Se a asma não está controlada, a atividade física pode desencadear uma crise. O indivíduo asmático deve fazer exercício para se manter saudável, contanto que faça acompanhamento médico adequado. Vários esportistas conhecidos são asmáticos, como o nadador Gustavo Borges e o jogador de futebol David Beckham. O descondicionamento físico, muitas vezes, pode ser confundido com a asma não controlada.  

Quais fatores podem desencadear as crises de asma?

Os principais desencadeantes são ácaro, pelos, urina e saliva de animais de estimação, ambientes com infestação de baratas, exposição a fumaça do cigarro, inclusive o fumante passivo, alterações climáticas, principalmente o frio, ambientes com fungos, infecções virais como os causadores de resfriado e gripe, pólen, e poluição.  

São conhecidas estatísticas sobre casos de asma no Brasil e no mundo?

A asma é uma das doenças crônicas que acomete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo. Estima-se que no Brasil existe, aproximadamente, 20 milhões de asmáticos, sendo uma causa importante de faltas escolares e no trabalho. Segundo o DATASUS, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, ocorrem no Brasil, em média, 350.000 internações anualmente. A asma é a quarta causa de hospitalizações pelo SUS (2,3% do total).  

Fontes: – Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – Global Iniciative for Asthma (GINA).

Validação: Dr. Marcelo Basso Gazzana (CRM 21082) chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento