Nesta terça, dia 13, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Multivacinação. O objetivo é mobilizar os pais ou responsáveis a levarem seus filhos para atualizar o cartão de vacinação. Pela primeira vez, a campanha incluirá todas as vacinas disponíveis pelo SUS para crianças de até 5 anos e para crianças e adolescentes entre 9 e 15 anos incompletos, incluindo a imunização contra HPV para meninas. Ao todo serão atualizadas 14 vacinas nesses públicos. A campanha começará na próxima segunda-feira (19) e vai até o dia 30 de setembro. O coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento Iguatemi, Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho, esclarece algumas dúvidas que surgem sobre as vacinas de um modo em geral.  

1. A vacinação é um mecanismo de proteção com foco infantil?

A vacinação é uma ferramenta de proteção da saúde individual e coletiva através da prevenção das doenças imunopreveníveis. Antes que o indivíduo tenha contato com o agente infeccioso de uma doença, o sistema imunológico já terá as informações necessárias através da vacinação para combatê-la através da produção de anticorpos, impedindo que vírus e bactérias causem a doença. Embora as vacinas tenham um papel importante na redução da mortalidade infantil nas últimas décadas, o foco está na prevenção de doenças infecciosas em todas as fases da vida. Pessoas que, por algum motivo, não receberam determinadas vacinas na infância, por exemplo, deverão atualizar o calendário vacinal e recebê-las o quanto antes, não importando a idade. Aquelas que estão com as vacinas em dia precisam estar atentas aos reforços periódicos e também às novas vacinas disponíveis.

2. Uma vez imunizado, o indivíduo está protegido por toda a vida contra a doença para a qual a vacina se propõe?

A duração da proteção varia conforme cada vacina, sendo que algumas oferecem proteção durante toda a vida e outras necessitam de reforços periodicamente. Fatores importantes que influenciam na imunogenicidade (capacidade de provocar uma resposta imunológica protetora) e na duração da mesma estão relacionados ao tipo de vacina, componentes e tecnologia utilizados na sua fabricação, assim como a idade, o funcionamento do sistema imunológico e características genéticas individuais. Como outras áreas da medicina, o conhecimento sobre as vacinas é dinâmico recebendo constantemente contribuições de estudos científicos realizados em vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo, trazendo novas informações sobre a efetividade e a duração da proteção em diferentes grupos, atualizando constantemente as indicações de uso das vacinas.

3. É importante continuar se vacinando na vida adulta (cite algumas vacinas)? Por quê?

Ao longo da vida, estamos sujeitos a doenças causadas por vários tipos de agentes infecciosos imunopreveníveis, como vírus e bactérias, apresentando diferenças importantes entre eles na forma de causar doenças como a frequência, quadro clínico e gravidade conforme a idade e comorbidades. Na fase adulta, duas vacinas atuam na proteção contra DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), HPV e hepatite B, que se não tratadas podem evoluir para lesões pré-malignas e câncer de colo uterino / vagina / vulva / pênis / orofaringe, e câncer de fígado respectivamente. Importante lembrar que algumas pessoas podem ser portadoras assintomáticas de vírus e bactérias, não apresentando sinais ou sintomas, mas podendo transmiti-las para outras. Duas vacinas são importantes para os adultos e idosos atuando na prevenção da pneumonia e do herpes zoster. A vacina contra a pneumomia causada pela bactéria Streptococcus pneumoniae, conhecida como pneumococo, é uma importante causa de internação hospitalar e mortalidade nesta faixa etária, principalmente quando o indivíduo apresenta outras doenças como cardiopatias por exemplo. Já a vacina contra o herpes zoster atua na prevenção tanto do primeiro episódio como no risco de reativação do vírus herpes zoster em episódios subsequentes, diminuindo também a intensidade e duração dos sintomas e o risco de evoluir com a sequela de dor crônica. Outras vacinas importantes na fase adulta atuando na prevenção de várias doenças como HPV, Influenza (gripe), hepatites A e B, a dTpa (difteria, tétano e coqueluche), varicela, febre amarela, pneumonia, herpes zoster, meningite ACWY e B, tríplice viral (sarampo, rubéola, caxumba), febre tifóide, Haemophilus influenzae b, sempre levando em conta a avaliação do histórico vacinal, os reforços e as situações de risco individuais em diferentes momentos da vida.

4. Em alguns casos, os pais ou cuidadores são os principais agentes transmissores de doenças aos filhos? Quais são as medidas que devem ser tomadas?

Muitas doenças imunopreveníveis através da vacinação são transmitidas de pessoa para pessoa através do contato direto ou indireto. Esta informação nos ajuda a entender a importância da vacinação dos contatos mais próximos como familiares e colegas de trabalho, impedindo que eles transmitam os agentes para os filhos e outras pessoas. Um exemplo importante de proteção indireta, também chamada de proteção de rebanho, é através da vacina contra a coqueluche. Embora na maioria dos casos se apresente de forma mais branda no adulto e no idoso, estes desempenham um papel importante na transmissão desta bactéria para crianças e outros indivíduos mais vulneráveis que apresentaram a doença na sua forma mais grave. Assim, quando um grupo está imunizado o risco de circulação e transmissão de um agente infeccioso diminui consideravelmente. Outras vacinas como a da influenza, tríplice viral e varicela também possuem grande relevância através da proteção indireta.

5. As vacinas podem ter efeitos adversos?

Todas as vacinas podem apresentar eventos adversos que, na grande maioria dos casos, se limitam ao local da aplicação como dor, vermelhidão e inchaço, e com menor frequência, cefaleia, náusea, vômito, inapetência, febre, dores musculares, cansaço, sonolência e mal-estar. Sendo as vacinas diferentes entre si, cada uma apresenta um perfil de feitos adversos diferente das demais, conforme a faixa etária e a situação de uso. Em casos muito raros, o indivíduo pode apresentar quadros de alergia, convulsões e doenças causadas pela própria vacina quando esta contiver agentes vivos.

6. Qualquer pessoa pode se vacinar contra a gripe, sem restrições?

A indicação de prevenção através da vacinação contra a gripe é universal, abrangendo todas as faixas etárias que podem receber a vacina, principalmente os grupos mais vulneráveis (crianças menores de 05 anos, gestantes, puérperas, idosos a partir de 60 anos, doentes crônicos, populações indígenas e outros) devido ao maior risco de complicações graves da gripe. As contraindicações para a vacinação contra gripe são alergia grave (choque anafilático) ao ovo ou outro componente da vacina. Em casos de doenças agudas febris, recomenda-se avaliar a causa e adiar a vacinação para que seus sinais e sintomas não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis eventos adversos das vacinas.
Fonte: Dr. Paulo Ernesto Gewehr Filho (CRM 29512), coordenador do Núcleo de Vacinas do Hospital Moinhos de Vento Iguatemi.

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Prêmios e Certificações

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