Quase todo mundo já sofreu de dor de cabeça em algum momento na sua vida. Esses casos são tão corriqueiros que a maioria dos brasileiros busca resolver esse problema sem se submeter a uma consulta devida. E esse número é grande. Uma pesquisa divulgada pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN) constatou que 81% da população brasileira se automedica em casos de cefaleia. Estes dados foram publicados como parte de uma série de atividades desenvolvidas pela ABN em alusão ao Dia Nacional de Combate à Cefaleia, ocorrida no dia 19 de maio. Segundo o Ministério da Saúde, a cefaleia pode ser classificada em dois grupos: a primária, quando é o problema em si e onde se encontram os casos mais comuns e a secundária, na qual estas dores decorrem de alguma doença, muitas vezes grave. Para o Dr. Fernando Kowacs, neurologista do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, são vários os motivos que fazem com que a prática de se automedicar nesses casos seja tão comum. “As dores de cabeça primárias geralmente não são consideradas doenças graves. No entanto, elas podem prejudicar de forma intensa a rotina, muitas vezes acompanhadas por sintomas como sensibilidade excessiva à luz e aos ruídos, náusea, e até mesmo vômitos, como no caso da enxaqueca”.
Usar analgésicos em mais de 10 dias por mês, por três meses ou mais, leva a um círculo vicioso no qual o paciente toma mais analgésicos e isso acarreta a ocorrência de mais crises
Segundo a mesma pesquisa, 50% dos entrevistados reconheceram que aceitam indicação de remédios por não profissionais. O médico afirma que isso deve ao fato de as pessoas não sentirem necessidade de procurar um especialista para tratar suas crises, tentando resolver o problema sozinhas. “Estimulados pelas propagandas de analgésicos, terminam buscando a solução no balcão da farmácia, passando a utilizar analgésicos simples ou combinados com uma frequência muito alta”. O neurologista adverte que a má utilização desses medicamentos por pacientes com cefaleias primárias pode levar a um aumento acentuado da frequência das crises. “Usar analgésicos em mais de 10 dias por mês, por três meses ou mais, leva a um círculo vicioso no qual o paciente toma mais analgésicos e isso acarreta a ocorrência de mais crises”. Apesar de a cefaleia na maioria das vezes ser um sintoma benigno, em alguns casos ela pode ser sinal de alguma doença neurológica grave. “É importante estar alerta para situações como o início de dores de cabeça persistentes em pacientes com diagnóstico de câncer ou HIV, indivíduos com mais de 50 anos que não apresentavam dor de cabeça previamente, dor de cabeça iniciada após um traumatismo craniano ou dores que atingem o pico de intensidade rapidamente, em menos de um minuto”, explica.  

Antigos e novos tratamentos

Dr. Kowacs confirma que existem diversos medicamentos que podem ser utilizados regularmente para diminuir o número e a intensidade das crises de enxaqueca, a cefaleia primária mais comum e que traz mais prejuízo à qualidade de vida. “Esse tipo de tratamento geralmente é iniciado quando o paciente tem mais que duas a quatro crises por mês, e deve ser mantido por um período longo”. Tratamentos mais novos também estão sendo utilizados para tratar casos mais prejudiciais. “Recentemente foi comprovada a eficácia de um protocolo específico de aplicação de Botox para aqueles pacientes com crises de enxaqueca crônica, quando a frequência chega a 15 ou mais crises por mês. Há ainda, também, um dispositivo portátil que aplica estímulos elétricos na região da testa do paciente, em sessões diárias, com um efeito semelhante ao dos remédios preventivos”. O especialista ainda confirma que novos tratamentos podem ser lançados no mercado nos próximos anos. Segundo ele, os resultados têm sido positivos. “Quatro anticorpos monoclonais (medicamentos biológicos) específicos para o tratamento preventivo da enxaqueca estão em fase final de estudo”.
O uso indiscriminado de analgésicos deve ser evitado a todo custo, pois pode perpetuar as dores ao invés de realmente combatê-las
Atitudes relacionadas ao estilo de vida são importantes para reduzir os gatilhos que podem desencadear crises de cefaleia. “Algumas medidas são a adoção de hábitos regulares em relação aos horários de sono e de alimentação, além do controle do estresse. A atividade aeróbica regular e a acupuntura também podem ajudar no tratamento preventivo da enxaqueca”. O neurologista finaliza afirmando que a ênfase para o tratamento das cefaleias primárias deve ser a prevenção. “O uso indiscriminado de analgésicos deve ser evitado a todo custo, pois pode perpetuar as dores ao invés de realmente combatê-las”.
Fonte: Dr. Fernando Kowacs, é coordenador do Núcleo de Cefaleia e neurologista do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento.

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Prêmios e Certificações

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