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April 3, 2018 |Institucional
A Infecção no Trato Urinário (ITU) é uma das doenças causadas por bactérias mais comuns de acontecer no ser humano. Conforme a Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Urologia ela é a segunda mais frequente na população mundial, ficando atrás apenas dos problemas respiratórios. Entretanto, o público mais atingido pela ITU é o feminino.
Estudos apontam que, no período infantil, as meninas têm entre 10 a 20 vezes mais chance de contrair a ITU que os meninos. Quando atingem a maturidade, a incidência da infecção aumenta a ponto de predominar os casos em mulheres. “Com picos de maior acometimento no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa, de forma que até 48% das mulheres apresentarão pelo menos um episódio de ITU ao longo da vida”, comenta o Dr. Milton Kalil, nefrologista do Serviço de Nefrologia do Hospital Moinhos de Vento.
De acordo com Dr. Milton, a explicação para essa maior disposição à infecção urinária está na anatomia do sistema urinário feminino. “A susceptibilidade à ITU nas mulheres se deve à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra. Enquanto que no homem há um maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano existente na próstata protege contra as infecções”.
Cistite da Lua de Mel
Já os fatores que podem causar à infecção urinária são vários, desde descuidos diários até uma vida sexual ativa. Historicamente conhecida como “cistite da lua de mel”, a cistite aguda pode ocorrer após a atividade sexual, em decorrência da bacteriúria pós-coito.
O uso de alguns métodos contraceptivos (diafragma e geleia espermicida) também trazem alguns riscos para a saúde do órgão reprodutor feminino. “A geléia espermicida leva a alterações do pH e da flora vaginal (perda dos lactobacilos que mantém a acidez do pH) que pode favorecer a ascendência de germes no trato urinário. Não deixem de usar preservativos, apenas evitem utilizar aqueles que contém espermicidas”.
Outros motivadores da Infecção no Trato Urinário incluem a idade avançada, a menopausa, a gravidez e as predisposições pós-cirúrgicas, como na cateterização urinária (instalação de sonda na bexiga) e no transplante renal (pode acontecer até três meses após o procedimento).
Os quatro tipos de ITU
É importante destacar que existem diferentes tipos de infecções urinárias, sendo a mais comum a Cistite Bacteriana (ou Infecção do Trato Urinário “baixo”) e ocorre por intermédio da aderência da bactéria à bexiga. Entre os sintomas estão a ardência ao urinar, aumento do número das micções, dor ou desconforto ou sensação de peso na pelve.
Se não tratada, a Cistite pode evoluir para uma pielonefrite (ou Infecção do Trato Urinário “alto”). Os sintomas dessa infecção também são mais severos, acompanhados de febre (geralmente superior a 38°), calafrios e dor lombar, uni ou bilateral. O quadro é decorrente de um processo inflamatório intenso e que acomete os rins e suas proximidades. Existem dois tipos Pielonefrite Aguda, causada por uma infecção bacteriana; e Pielonefrite Crónica, infecções bacterianas repetidas, associadas a um sistema imunitário debilitado.
“A Cistite não afeta os rins, mas a Pielonefrite pode deixar cicatrizes e levar a diminuição da função renal, especialmente em crianças. A Pielonefrite Aguda, se não tratada, pode evoluir para uma infecção generalizada ou septicemia (quando as bactérias infectam a corrente sanguínea) com risco de óbito”, pondera Dr. Milton.
As outras duas infecções são a bacteriuria assintomática, que ocorre quando as bactérias estão presentes na urina, mas não causam nenhum sintoma; e a bacteriúria sintomática ou Uretrite, que apresenta um quadro de disúria (dor durante a micção) e frequência urinária muito maiores que as demais, além da presença de pus (leucócitos) na urina.
Mudança de hábitos
Além da ingestão de líquidos, o Dr. Milton fez algumas recomendações não medicamentosas que podem auxiliar tanto nos casos mais recorrentes como na prevenção da infecção urinária:
Urinar em intervalos de 2 a 3 horas;
Urinar sempre antes de deitar ou após a relação sexual; evitar o uso de diafragma ou preservativos associados a espermicida (para não alterar o pH vaginal);
Evitar banhos de espuma ou aditivos químicos na água do banho (para não modificar a flora vaginal);
Aplicação vaginal de estrógeno em mulheres pós-menopausas;
Outras medidas não medicamentosas que também têm sido sugeridas para redução de recorrência em ITU são acidificantes urinários associados ou não à vitamina C e ingestão de suco de “cranberry” (vaccinium macrocarpon)